Saveiro e Strada são rivais desde o nascimento. E a briga entre as duas picapinhas ficou mais acirrada com a renovação da Volkswagen, que ganhou visual diferente do Gol, além de mais tecnologia. Para manter a liderança do segmento, a Strada, que não recebe atualizações há tempos, acaba de incorporar à versão de topo, Adventure, um pacote opcional batizado de Extreme, que agrega basicamente a central multimídia e a câmera traseira. Foi esta configuração a desafiada pela Saveiro Cross, que ocupa a posição mais alta da gama e, por ser melhor de guiar, mais moderna, econômica e barata, venceu o comparativo com alguma folga.
Pelo preço que cobram, essas picapes estão longe ser uma barganha. Saveiro Cross parte de R$ 69.250, mas a unidade das fotos desta página, repleta de opcionais, sai por R$ 75.220. A Strada Adventure tem tabela a partir de R$ 69.940 e pode chegar a espantosos R$ 84.528 com todos os itens disponíveis. Mesmo nesse quesito a VW se saiu melhor, por ter equipamentos mais interessantes que a Fiat.
De série, as duas trazem ar- condicionado, trio elétrico e som. Só a Saveiro tem, de série, controle de estabilidade e descida, assistente de partida em rampa e modo para uso no fora de estrada, além de kit multimídia com Mirror Link, que permite espelhar o conteúdo de alguns aplicativos de celular.
A Strada contra-ataca com o Locker, opcional que serve para bloquear o diferencial de modo a encarar trechos off-road. Só ela tem a prática terceira porta, que ajuda muito no acesso ao banco traseiro da picape.
O problema é que não há muito espaço disponível nessa área. Atrás há apenas dois cintos de segurança e, se o motorista tiver mais de 1,7 metro de altura, será praticamente impossível que qualquer pessoa (seja adulto ou criança) viaje sentado imediatamente atrás dele.
A VW é mais bem resolvida e oferece maior espaço utilizável, ainda que os dois carros sofram com o encosto do banco traseiro demasiadamente vertical.
O utilitário derivado do Gol traz novo painel, com ares bem mais modernos que o da rival. A central multimídia tem destaque na peça, que contrasta com a cabine antiga do modelo da Fiat. Nem mesmo o sistema de entretenimento (que lê DVDs) consegue disfarçar o que o peso dos anos fez com a Strada.
Ao volante. Mesmo sendo até 12 cv menos potente que o 1.8 da Strada, o motor 1.6 da Saveiro é valente e não deixa a desejar. De funcionamento suave, entrega força de modo bastante linear, mesmo com o torque máximo disponível só a 4 mil giros.
O desempenho da picape VW é bom, as arrancadas são vigorosas, assim como as retomadas. O câmbio de cinco marchas curtas tem engates precisos.
A Strada, por outro lado, dispõe de mais torque que a concorrente. Mas essa força só aparece em regimes altos de giro, situação na qual o modelo da Fiat mostra mais disposição.
Na cidade, rodando constante em giros baixos, o 1.8 vacila e custa a acordar, tornando a condução cansativa. Além disso, a Strada é sedenta, independentemente de estar abastecida com etanol ou gasolina.
A Saveiro, ao contrário, consegue ser bem frugal. Seu consumo médio superou os 15 km por litro de gasolina na estrada, segundo o computador de bordo. A Strada mal passou dos 11 km/l com o combustível mineral.
Em curvas, a picape da VW tem comportamento similar ao de hatches e sedãs compactos, enquanto a Fiat balança muito e passa menos sensação de segurança. Sua suspensão traseira, com feixes de mola, é boa para cargas, mas faz a picape sacolejar bastante em piso irregular.