O BMW X1 2023, de terceira geração, amadureceu. A tecnologia é o destaque e o utilitário de luxo enfim se assume como um SUV. O Jornal do Carro acelerou o novo X1 e traz a seguir as primeiras impressões do modelo, que está à venda no Brasil com preços entre R$ 296.950 e R$ 349.950. De início, chega importado de Regensburg, na Alemanha.
Mas, tal como ocorreu com a geração anterior, este novo X1 terá produção local a partir do segundo trimestre deste ano. Segundo os executivos da BMW, a fábrica de Araquari (SC) e seus fornecedores estão recebendo os últimos ajustes para o início da produção nacional. Entretanto, por ser conectado à internet 5G e ter atualização automática de conteúdo e até dos modos de condução, o novo BMW X1 terá só 40% de peças nacionalizadas.
Mesmo motor, maior eficiência
O início do teste teve cerca de 200 quilômetros ao volante do X1 com motor 2.0 TwinPower Turbo de quatro cilindros disponível. Este gera 204 cv e 30,6 mkgf de torque máximo combinado ao câmbio DCT de dupla embreagem e 7 marchas, e está disponível nas versões sDrive20i X-Line (R$ 328.950) e sDrive20i M Sport (R$ 349.950).
Trata-se da mesma família de motores da geração anterior do X1, mas com mudanças na central elétrica, no turbo e no sistema de injeção de gasolina. Assim, a BMW anuncia aceleração de zero a 100 km/h em 7,6 segundos e velocidade máxima de 236 km/h. A performance não é o objetivo, porém o motor ficou mais prazeroso com os ajustes feitos nesta terceira geração do SUV. As trocas do câmbio Steptronic, por exemplo, estão mais dinâmicas e agradáveis.
Só que a meta é ter maior eficiência. Segundo a aferição do Inmetro, este novo X1 faz até 10,7 km/l na cidade e 13 km/l na estrada. De fato, não é uma autonomia desprezível para um SUV que acelera de 0-100 km/h em pouco mais de 7,5 segundos. Ou que tem máxima de 236 km/h.
Mas e o motor flex? De acordo com a BMW, mesmo com a nacionalização do X1, não há plano no momento de adotar no SUV o sistema bicombustível presente no sedã Série 3. Seja como for, a quem interessar, há ainda o X1 sDrive18i GP (R$ 296.950). A versão de entrada usa o motor 1.5 TwinPower Turbo de três cilindros, que desenvolve 156 cv e 23,4 mkgf. Este também bebe apenas gasolina – e de preferência, alguma opção premium.
X1 cresce e se assume como SUV
A sensação neste novo BMW X1 é de que o modelo finalmente se assume como um SUV. Ou seja, há espaço para até cinco adultos e bagagens com conforto. Sucesso desde o seu lançamento em 2009, o SUV compacto sempre teve suas limitações no tamanho. A primeira geração tinha características de perua e isso “punia” quem viajava atrás.
A segunda geração adotou o estilo crossover, mas sem resolver a questão do espaço para adultos e bagagens. Ainda assim, com a adoção da tração dianteira, o que eliminou o túnel do eixo cardã e liberou espaço para as pernas, havia uma sensação de aperto no banco traseiro. Pois a evolução de plataforma fez o X1 crescer em todas as dimensões. São 7 centímetros a mais no comprimento, que tem 4,50 metros, e 2 cm a mais de entre-eixos, com 2,69 m.
Ao olhar para largura, encontrará 2 cm extras, com 1,84 m. Já a altura ganhou 4 cm e alcança 1,64 m. Isso dá folga para cotovelos e ombros de todos a bordo. Da mesma forma, cresceu o porta-malas, que passa a ter capacidade de 476 litros e chega a 1.527 l com os bancos traseiros rebatidos.
Grade gigante faz sentido nesta carroceria
O novo BMW X1 muda também o visual, que está mais encorpado para acompanhar o porte extra do SUV. A grade frontal cresceu e tem aletas móveis na versão M Sport, para melhorar refrigeração do motor no cofre. A opção também adiciona rodas de liga leve de 20 polegadas. Assim, melhora a imagem do X1, que também tem novos faróis adaptativos de LEDs, com semicírculos de luz que realçam a parte superior do conjunto.
Por outro lado, traseira traz lanternas como as do Série 3, horizontais e com desenho 3D. Outra mudança são as saídas de escape, que agora ficam escondidas sob o para-choque de estilo esportivo. No geral, o SUV tem estilo claramente mais moderno.
Tecnologia é principal novidade
Mas nada será mais chamativo que a cabine do novo X1, com inovações herdadas do SUV elétrico iX. É o caso do novo sistema operacional, BMW 8.0, que vai além das novas telas. De acordo com a BMW, a “pesada” carga de software tem atualização automática remota frequente de funções e especificações. Tudo via internet 5G, sem que cliente precise ir até uma concessionária. Assim são novos os equipamentos, que incluem duas telas grandes de 10″ e 10,7″, que ficam unidas em peça única e curva no topo do painel.
Sendo assim, a interface dá adeus ao seletor rotativo. Tudo é via comando de voz (Amazon Alexa, Apple Siri, Google Assistant ou o padrão da BMW), além de funções touch ou pelo app BMW. Mas esse tipo de recurso não funciona bem em testes rápidos, já que demanda longo período de calibração. Resta ter fé na tecnologia, já que, durante o primeiro contato com o carro, sequer foi possível mudar a temperatura da cabine usando a fala.
Poucos botões
Como some o trambulador, que dá lugar a um botão seletor do câmbio, as trocas manuais são feitas pelas borboletas no volante, mas apenas na versão M Sport. Nas demais configurações do SUV, não há esta opção. As aletas, aliás, incluem uma divertida função “boost”: quer ultrapassar alguém na estrada sem muito esforço? Aperte a haste esquerda por dois segundos e o X1 entra temporariamente no modo Sport.
Ao acionar o recurso, surge uma tela vermelha com o conta-giros em destaque. Em seguida, o câmbio reduz uma marcha, joga as rotações para o alto e garante torque extra para uma aceleração mais forte. Após isso, o SUV volta ao modo normal. Inclusive, há poucos botões (27) e teclas sensíveis (7) na cabine. A maior parte das funções usa a tela central (ou a voz). É assim com ACC e avisos de faixa de rodagem e ponto cego, frenagem emergencial e assistente de tráfego cruzado.
Estes recursos integram a “espinha dorsal” do sistema Adas, que reúne os assistentes semiautônomos. Assim, o que não está sempre ativo se liga com no máximo dois toques no console ou na tela. Mas mimos como ar-condicionado digital de três zonas, carregador de smartphone sem fio (que prende o celular com um clipe para evitar que saia da posição e deixe de carregar) e teto solar panorâmico estão em todas as configurações.
Poucos deslizes
Com tamanha evolução e tecnologia, fica difícil enxergar falhas nesta nova geração do BMW X1 2023, mas existem algumas derrapagens. Apesar do acerto de motor e câmbio, bem como do maior espaço interno, o X1 2023 traz outra sensação comum a SUVs: suspensão anestesiada. De fato, a carga está mais para o conforto, suavizando bastante as coisas a bordo da cabine. E não há problema nisso, pelo contrário.
Mas o X1 poderia herdar o lado visceral dos irmãos X5 e X6, pelo menos em alguma configuração de condução da versão M Sport. Por outro lado, a divisão de versões não faz muito sentido: a X-Line não tem atrativo do preço da GP, nem tecnologia da M Sport.
Ainda assim, fica óbvio que o X1 2023 tem os predicados para seguir como líder entre SUVs de luxo, como faz há quatro anos. Em 2022, o BMW emplacou 3.479 unidades, praticamente o dobro do volume de rivais como Volvo XC40, Audi Q3 e Land Rover Discovery.