Bastou a Fiat anunciar que seu próximo lançamento no Brasil se chamará Argo para o assunto ganhar repercussão imediata nas redes sociais – e de forma nada positiva. Pouca gente fez associação à nau argo, que, segundo a mitologia grega, levou uma tripulação (os argonautas) em busca do Velo de Ouro. Tampouco houve referências à constelação de mesmo nome. O que ganhou espaço foram os trocadilhos e as piadas. Muitos disseram que “argo” deu errado no momento do batismo do carro. O modelo, a propósito, é um hatch médio que será lançado neste mês para substituir ao mesmo tempo o Punto e o Bravo.
Dar nome a um carro não é tarefa simples, e por isso normalmente a função fica a cargo de uma equipe. No caso do Argo, o grupo responsável pela escolha era formado por cerca de 12 pessoas de várias áreas, e não apenas funcionários da montadora. Mesmo dentro da equipe, não houve consenso em torno do nome escolhido, diz a especialista de pesquisa de mercado da Fiat Cely Cordeiro.
Ela conta que o trabalho começa com uma explicação sobre as características do produto. De posse das informações, a equipe entra em uma fase chamada de “imersão”, quando começam a surgir as primeiras ideias. Cely diz que cada sugestão deve ser acompanhada de uma “defesa” que a sustente.
No fim do processo, surgem cerca de dez opções. A pesquisadora não revela quais foram os outros nove nomes porque, segundo ela, eles podem ser utilizados para batizar futuros veículos ou versões.
Ela cita como exemplo os nomes Mobi, Drive e Easy. Todos ficaram entre os finalistas para batizar o subcompacto lançado há um ano. Dois dos que que não foram escolhidos tornaram-se nomes de versões.
Segundo informações da Fiat, há algumas regras que devem ser seguidas. O nome deve ser simples e soar bem (pelo menos nos países onde o produto será vendido).
No entanto, apesar desses cuidados, as coisas podem sair errado. No passado, a Mazda teve um carro chamado Laputa e nos Estados Unidos houve um Ford batizado de Pinto. Por motivos óbvios, nenhum dos dois poderia ser vendido no Brasil.
Às vezes as marcas rebatizam seus carros para adequá-los ao idioma local. Como nos países de língua espanhola o termo Pajero é uma gíria com conotação sexual, o utilitário-esportivo da Mitsubishi foi renomeado como Montero.
Há até caso de marca rebatizada. No Brasil, a chinesa Chana chegou em 2006, mas em 2011 seu nome mudou para Changang, para afastar a conotação pejorativa.
Já a van Kia Besta sobreviveu às chacotas. Originalmente, o modelo se chamava “Best A”, algo que deveria significar “a melhor”, em adaptação livre. Uma fonte ligada à marca informa que foram feitas clínicas para definir se seria o caso de rebatizar o carro, mas o nome foi mantido pelo seu significado relacionado a trabalho (característica da van sul-coreana).
Tirando os casos extremos, o nome não interfere no êxito comercial de um automóvel. Etios e Sandero estão aí para comprovar isso.
No período pós-lançamento, o Toyota vendia mal por causa de problemas relacionados a estilo e acabamento. A partir das mudanças feitas em 2016, os emplacamentos do compacto começaram a reagir.
O mesmo ocorreu com o Renault, atualmente o modelo mais vendido da marca e o quarto veículo mais emplacado em abril, atrás apenas de Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Ford Ka.
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