LUÍS FELIPE FIGUEIREDO
A Ford deixou claro no lançamento do novo Fiesta, que chega ao País importado do México com motor 1.6 16V flexível de até 115 cv: seu rival é o Honda City. Com base no sedã feito em Sumaré (SP), foram definidos os itens de série dos três catálogos disponíveis – há apenas uma versão, a SE. Aqui, colocamos frente a frente as opções que mais se aproximam em preço (já que as demais características são bem semelhantes). O Fiesta de topo, tabelado a R$ 54.900, enfrenta o City LX com câmbio manual, a R$ 57.420.
O Fiesta foi o vencedor, valendo-se principalmente de suas qualidades dinâmicas e da lista de equipamentos. No catálogo superior ele traz sete air bags, freios ABS, ar-condicionado e conjunto elétrico, entre outros itens. O preço é uma vantagem menos expressiva, pois pagam-se entre R$ 977 e R$ 1.211 pelas cores da carroceria no Fiesta (sólida só há branca). No Honda não há esse acréscimo.
O City, que tem motor 1.5 16V de até 116 cv, é bem equipado desde a versão de entrada e, apesar do preço (alto) que impressiona frente ao da concorrência, divide meio a meio as vendas com o Civic. De janeiro a agosto, emplacou 21.655 unidades, segundo a Fenabrave, que reúne as associações de autorizadas (ante 20.155 do “irmão”).
O Fiesta é um carro para entusiastas. Em relação ao rival, tem direção de reações mais rápidas e motor com boas respostas em qualquer faixa de rotação que gosta de girar alto. O câmbio é bem escalonado, com diferencial mais longo. Bom para a estrada. O City, por sua vez, é comportado, um perfeito familiar urbano. Para seguir esse rumo o Honda abriu mão do entusiasmo. Sua agilidade é garantida mais pelo câmbio com diferencial curto do que pela elasticidade do motor.
Na estrada, seu propulsor gira em rotação mais alta do que o do Fiesta à mesma velocidade. A 120 km/h o conta-giros do Ford marca saudáveis 3.200 rpm, enquanto o do Honda indica cerca de 4 mil rpm. Há mais ruído a bordo e maior consumo de combustível. Se o tanque do Fiesta é pequeno, com 47 litros, o do City é ainda menor, com 42 litros. Isso limita ainda mais sua autonomia. O acerto de suspensão do Honda é mais manso. O do Fiesta é sensível e filtra menos as irregularidades do piso (mas sem incomodar). Isso permite melhor estabilidade em curvas, o que reverte em maior prazer de guiar.
PECADO NO ACABAMENTO
O Fiesta poderia ter acabamento mais caprichado. Além da qualidade inferior dos plásticos do painel e da forração das portas, há detalhes negativos como a regulagem do encosto dos bancos dianteiros. O sistema, que usa alavanca, é difícil de acessar e operar. A do Honda é milimétrica (de girar), bem melhor de usar. Outro ponto ruim do mexicano: o estepe é de uso temporário (daqueles finos, que só podem rodar por alguns quilômetros e a até 80 km/h). Essa solução pode complicar a vida de quem tiver um pneu furado longe da borracharia. O City traz roda (de liga leve) e pneu normal.
O espaço traseiro é pior no Ford, restrito para ocupantes mais altos. Resultado do entre-eixos de 2,49 metros, o mesmo da geração anterior. O City, com seus 2,55 metros, acomoda bem dois adultos e tem encosto do banco mais reclinado. Nas cotações de seguro o Honda City leva vantagem, com valores um pouco mais em conta. Mas a Ford lançou, no início do mês, plano promocional que não exige perfil de consumidor e tem vantagens como carro reserva por dez dias e indenização pela tabela do zero-km. Os valores para a capital variam de acordo com a região. Para o Jardim Paulista (zona sul), por exemplo, são R$ 1.998; para a Lapa (oeste), R$ 2.205. Já na manutenção o Fiesta dá o troco, cobrando quase R$ 300 a menos pelo mesmo pacote de peças.