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Novo Jetta ataca o trio de sedãs mais vendidos
Comparativo

Novo Jetta ataca o trio de sedãs mais vendidos

Novo VW Jetta já chega desafiando Corolla, Civic e Cruze, os três sedãs médios mais vendidos do País

Rafaela Borges

10 de out, 2018 · 19 minutos de leitura.

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sedãs médios Corolla, Cruze, Jetta e Civic
Crédito: André Lucas/Estadão
Crédito:

Quando o assunto é carro com preço acima de R$ 80 mil, as páginas do Jornal do Carro vêm sendo dominadas por notícias, avaliações e comparativos de utilitários-esportivos. O motivo é a escassez de lançamentos de outros segmentos. Uma das raras exceções surge com a sétima geração do Jetta, que acaba de chegar às concessionárias Volkswagen do País. Neste comparativo, o modelo feito no México desafia os sedãs nacionais Toyota Corolla e Honda Civic e o argentino Chevrolet Cruze.

Os três são os sedãs médios mais relevantes do mercado brasileiro. Portanto, é no público desse trio que o Jetta tem de mirar para sobreviver em um segmento cujas vendas não param de cair justamente por causa do apocalipse provocado pela invasão de SUVs.

No confronto entre versões de topo, com preços em torno dos R$ 120 mil – dependendo dos opcionais –, o Jetta R-Line, a R$ 119.990, deu um importante passo no caminho do sucesso ao vencer os três ótimos rivais. O Volkswagen inova ao trazer ao segmento itens como painel 100% virtual e controlador de velocidade adaptativo com frenagem de emergência.

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O Civic, único do quarteto com suspensões independentes nos dois eixos, sistema mais eficiente que os dos demais, garantiu a segunda posição sem dificuldade. O principal senão do Honda feito em Sumaré (SP) é a tabela da versão Touring, a partir de R$ 126.600.

Ágil, bom de guiar e bem equipado, o Cruze fabricado na Argentina peca no acabamento interno. Por R$ 109.790 na opção LTZ, o Chevrolet é o carro mais em conta do quarteto. Porém, para se equiparar em equipamentos com Jetta e Civic, é preciso incluir um pacote de R$ 8.600, o que faz o preço saltar para R$ 118.390. Ficou em terceiro.

Feito em Indaiatuba (SP), o Corolla foi o “lanterna”, apesar de ser o líder de vendas do segmento. A R$ 118.990 na versão Altis, o Toyota é o menos equipado e único com motor aspirado dos quatro. Seu 2.0 fica devendo muito em termos de modernidade e tecnologia aos dos rivais, que têm turbo e injeção direta de combustível.


Acabamento e visual

O acabamento interno é o ponto fraco do Cruze. Em relação aos rivais, os materiais são simples e há muito plástico duro. O couro sintético nos bancos e volante, que também está nos concorrentes, melhora um pouco o aspecto.

Na contramão do Chevrolet, o Civic é o que tem o acabamento mais bem-feito, com materiais de qualidade e superfícies emborrachadas. O Jetta fica um pouco atrás. Apesar de simples, a cabine é bem acabada. O que destoa é a simplicidade do painel das portas de trás, que tem plástico duro e nenhum tecido.

O Corolla traz elementos com Black Piano (material brilhante muito presente também no Jetta) para tentar dar um pouco de modernidade à cabine. Apesar de ser bem acabado, o interior do líder de vendas é o mais “careta” do quarteto. Até o desenho da guia do câmbio, com trilho irregular, é antiquado.


No visual, o Civic tem as linhas mais modernas, mesmo tendo sido lançado há dois anos. O Cruze chama a atenção, mas seu desenho é menos ousado que o do Honda, enquanto o Corolla aposta em linhas conservadoras.

Apesar dos belos faróis full-LEDs, nesse quesito o Jetta perde meio ponto para o Chevrolet e o Honda por causa da traseira. Essa parte do sedã é parecida demais com a do “irmão” Virtus, modelo de segmento inferior.

Detalhes da cabine

O Jetta tem a cabine mais moderna entre os carros deste comparativo. Seus maiores méritos são o painel virtual 100% configurável e a moderna e intuitiva central multimídia. A tela sensível ao toque “desperta” com a aproximação das mãos do usuário – nesse momento, já projeta alguns itens do menu.


O painel do Civic é dividido em três partes. A do meio é virtual, mas com poucas opções de configuração. Não é possível, como no Jetta, ocupar todo o quadro com o mapa do GPS, ou substituir conta-giros e velocímetro por dados sobre consumo, entre outros parâmetros.

Corolla e Cruze têm painel convencional, com telas de TFT no centro – que projetam dados do computador de bordo. O do Chevrolet é mais bonito e fácil de ler. Ele também tem ótima central multimídia, bem mais intuitiva e responsiva que a do Civic, mas ainda inferior à do Jetta.

No Toyota, há muitos botões e é preciso pressionar a tela com força, ou diversas vezes, para acioná-la. Além disso, só o Corolla não é compatível com o Android Auto e o Apple CarPlay.


Desempenho

Dos quatro modelos deste comparativo, só o Corolla não tem motor turbinado. O Toyota traz o bom e velho 2.0 que gera até 154 cv com etanol. O Civic é o único apenas a gasolina. Em compensação, seu 1.5 turbo, com 173 cv, é o mais potente. Os dois têm câmbio CVT.

Apesar de o do Honda ter conversor de torque, o que deixa as trocas de marcha mais rápidas, o câmbio do Corolla se mostra superior, com mudanças mais suaves, privilegiando o conforto. O Civic contra-ataca entregando o torque máximo a apenas 1.700 rpm, ante as 4.800 do Toyota.

Na prática, o Honda é bastante ágil, apesar de “engasgar” um pouco nas acelerações mais fortes. O Corolla é inferior ao rival em todos os quesitos de desempenho.


O mais rápido do quarteto é o Cruze. Assim como o Jetta, o Chevrolet tem câmbio automático de seis velocidades e motor 1.4 turbo flexível. A potência é de 153 cv com etanol. O do VW gera 150 cv independentemente do combustível.

O Cruze tem câmbio um pouco mais lento e torque entregue em rotação mais alta que a do Jetta. Mas se saiu melhor porque o 1.4 do VW apresenta turbo lag (queda na rotação).

Isso ocorre no início das acelerações, quando se pisa forte no pedal da direita, o que acaba comprometendo as retomadas de velocidade. Depois, o Jetta deslancha e vai muito bem.


Apenas o VW traz três opções de modos de condução, do econômico do esportivo. O sistema muda as respostas de câmbio, suspensão e motor. Nos demais sedãs do comparativo só é possível alterar o comportamento da transmissão.

Suspensão

A suspensão do Civic é a que oferece melhor equilíbrio entre estabilidade e conforto. Isso porque é a única independente nos dois eixos.

O Jetta utilizava esse tipo de sistema na geração anterior, mas o perdeu na atual. Agora, assim como Cruze e Corolla, o VW usa eixo de torção atrás.


O con junto do Honda absorve melhor que os concorrentes os impactos com o solo. Nesse aspecto, os passageiros do Cruze são os que mais sofrem, pois o Chevrolet tem o ajuste de suspensão mais duro. Em compensação, é muito bom de curva, embora com pequena desvantagem para Civic e Jetta.

Isso porque as respostas de direção do Honda são as mais diretas. O Jetta, além de ir muito bem nesse aspecto, conta com bloqueio de diferencial, recurso que direciona mais força às rodas que perderam aderência – reforçando a ação dos sistemas de estabilidade e tração, que estão disponíveis nos quatro sedãs médios.

O Corolla é o mais anestesiado do trio. Sua suspensão é totalmente voltada ao conforto. Aliás, o Toyota é excelente nessa proposta, tornando a vida a bordo muito agradável. Não é um carro indicado para quem gosta de esportividade.


Equipamentos

Deste quarteto, apenas o Jetta traz controlador de velocidade adaptativo (segue o carro da frente, aumentando e diminuindo a velocidade) e frenagem automática. Mas não há leitor de faixas da pista, item de série no Civic e opcional no Cruze.

O teto solar, também de fábrica no Honda, é o único extra no VW e não está disponível nem no Chevrolet nem no Toyota.

O Cruze traz um pacote único de opcionais, a R$ 8.600. Além dos itens citados, o kit inclui alerta de colisão frontal, farol alto adaptativo e assistente de estacionamento (coloca o carro em vagas com interferência mínima do motorista).


O Chevrolet é o único com ar-condicionado com apenas uma zona de temperatura. Os demais têm duas.

O Corolla traz como exclusividade o sétimo air bag (para joelho), ante seis dos concorrentes. Em contrapartida, não há sensores de obstáculos como os instalados na traseira e dianteira de Civic, Cruze e Jetta.

Nos quatro há câmera atrás, chave presencial, partida por botão, direção elétrica e rodas de 17”. Civic e Jetta têm freio de estacionamento elétrico.


Vida a bordo

Este pode ser chamado de o comparativo dos 2,7 metros de entre-eixos. Civic, Cruze e Corolla têm a mesma medida entre os eixos da frente e de trás. No Jetta, que cresceu na comparação com o da geração anterior, são 2,69 metros. Mas esse 1 cm não prejudica o VW.

Atrás, o espaço dos três é semelhante. Dois adultos têm boa acomodação para pernas e cabeça. Isso mesmo no Civic, que tem a coluna “C” levemente rebaixada. Para compensar esse detalhe estético, a Honda reduziu a altura dos bancos e acabou tendo de deixar o túnel central alto, diferentemente do sedã da geração anterior.

Mas isso não prejudicou o Civic no comparativo, já que essa característica é comum aos três rivais. O Honda e o Jetta têm os maiores porta-malas do quarteto. Corolla e Cruze perdem dos concorrentes nesse importante quesito.


Os quatro trazem porta-copos bem localizados e grandes porta-objetos no console central. O maior é o do Jetta, no qual dá para acomodar até um tablet. O do Cruze tem, opcionalmente, carregador sem fio para telefones celulares.

Uma das maiores desvantagens do Jetta é ser o único a não ter ajustes elétricos para o banco do motorista (no Cruze, o recurso é opcional). Isso lhe tirou um ponto em ergonomia.

Mesmo tendo posição de guiar fácil de encontrar e comandos mais à mão que os rivais, o VW empatou com Cruze e Corolla nesse quesito. O Civic foi um pouco pior porque a entrada USB, escondida na frente do console, é mal posicionada.


 

Opinião: Ganhou, mas também perdeu

O novo Jetta tem boas armas para brigar com Civic, Corolla e Cruze. O Volkswagen evoluiu em pontos aparentes, como tecnologia embarcada. Nenhum rival traz alguns dos recursos que o mexicano passou a oferecer, como controlador de velocidade adaptativo e painel virtual totalmente personalizável.


Porém, o Jetta também perdeu muito. Nesta sétima geração a suspensão não é mais independente nas quatro rodas. E o bom câmbio automatizado do modelo anterior deu lugar ao automático convencional.

Outra “perda” é no motor. A versão 2.0, que empolgou entusiastas por anos, não veio. A boa notícia é que ela ainda pode vir. O novo Jetta não tem ainda essa opção em produção, mas ela será lançada mundialmente em janeiro.

Depõe contra o VW o preço da versão de entrada, de R$ 109.990. A de topo tem bom custo-benefício ante os rivais. A mais simples é cara na comparação com a concorrência, que tem opções equivalentes por cerca de R$ 100 mil.


Prós e contras

VW JETTA

Prós: TECNOLOGIA. Sedã é o único do segmento com frenagem de emergência, controlador de velocidade adaptativo e painel virtual configurável. As três primeiras revisões são grátis.


Contras: COMODIDADE. Do quarteto, é o único que não tem banco do motorista com ajustes elétricos. Além disso, traseira é muito parecida com a do Virtus.

HONDA CIVIC

Prós: SUSPENSÃO. Apenas o Honda traz sistema independente nas quatro rodas. Na prática, isso melhora o equilíbrio entre estabilidade e conforto.


Contras: PREÇO. Versão de topo é muito mais cara que a dos concorrentes. Entrada USB, na parte de trás do console central, é mal posicionada.

CHEVROLET CRUZE

Prós: DESEMPENHO. Cruze é o sedã mais ágil deste comparativo. Embora seja menos potente que o Civic, seu câmbio é mais rápido que o do Honda.


Contras: ACABAMENTO. Sedã é o que tem os materiais mais simples. Aspecto do interior lembra o de modelos de entrada da marca, como Onix e Prisma.

TOYOTA COROLLA

Prós: AIR BAGS. Além das duas frontais, duas laterais e duas do tipo cortina, como nos rivais, Toyota é o único com bolsa para o joelho do motorista.


Contras: EQUIPAMENTOS. Lista de mimos muito reduzida não traz nem sensor de obstáculos na traseira. Sua central multimídia tem tela pouco responsiva.

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Jornal do Carro
Oficina Mobilidade

Sistemas de assistência do carro podem apresentar falhas

Autodiagnóstico geralmente ajuda a solucionar um problema, mas condutor precisa estar atento

22 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Os veículos modernos mais caros estão repletos de facilidades para a vida do motorista e, dependendo do nível, podem até ser considerados semiautônomos. Câmeras, sensores, radares e softwares avançados permitem que eles executem uma série de funções sem a intervenção do condutor.

As tecnologias incluem controlador de velocidade que monitora o carro à frente e mantém a velocidade, assistente para deixar o veículo entre as faixas de rolagem, detectores de pontos cegos e até sistemas que estacionam o automóvel, calculando o tamanho da vaga e movimentando volante, freio e acelerador para uma baliza perfeita.

Tais sistemas são chamados de Adas, sigla em inglês de sistemas avançados de assistência ao motorista. São vários níveis de funcionamento presentes em boa parte dos veículos premium disponíveis no mercado. Esses recursos, no entanto, não estão livres de falhas e podem custar caro para o proprietário se o carro estiver fora da garantia.

“Os defeitos mais comuns dos sistemas de assistência ao motorista estão relacionados ao funcionamento dos sensores e às limitações do sistema ao interpretar o ambiente”, explica André Mendes, professor de Engenharia Mecânica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

Recalibragem necessária

O professor explica que o motorista precisa manter sempre os sensores limpos e calibrados. “O software embarcado deve estar atualizado, e a manutenção mecânica e elétrica, ser realizada conforme recomendações do fabricante”, recomenda.

Alguns sistemas conseguem fazer um autodiagnóstico assim que o carro é ligado, ou seja, eventuais avarias são avisadas ao motorista por meio de mensagens no painel. As oficinas especializadas e as concessionárias também podem encontrar falhas ao escanear o veículo. Como esses sistemas são todos interligados, os defeitos serão informados pela central eletrônica.

A recalibragem é necessária sempre que houver a troca de um desses dispositivos, como sensores e radares. Vale também ficar atento ao uso de peças por razões estéticas, como a das rodas originais por outras de aro maior. É prudente levar o carro a uma oficina especializada para fazer a checagem.

Condução atenta

A forma de dirigir também pode piorar o funcionamento dos sensores, causando acidentes. É muito comum, por exemplo, o motorista ligar o piloto automático adaptativo e se distrair ao volante. Caso a frenagem automática não funcione por qualquer motivo, ele precisará agir rapidamente para evitar uma batida ou atropelamento.

Então, é fundamental usar o equipamento com responsabilidade, mantendo sempre os olhos na via, prestando atenção à ação dos outros motoristas. A maioria dos carros possui sensores no volante e desabilita o Adas se “perceber” que o condutor não está segurando a direção.

A desativação ocorre em quase todos os modelos se o assistente de faixa de rolagem precisar agir continuamente, sinal de que o motorista está distraído. Alguns carros, ao “perceber” a ausência do condutor, param no acostamento e acionam o sistema de emergência. “O usuário deve conhecer os limites do sistema e guiar o veículo de forma cautelosa, dentro desses limites”, diz Mendes.