Eles são grandes, espaçosos e caros, mas entregam bastante em relação ao que custam. Mercedes-Benz GLE e BMW X5 são concorrentes desde que foram lançados e agora se enfrentam nas versões de entrada com motor V6 a diesel de suas mais recentes gerações.
O GLE é a nova encarnação do conhecido ML, que ganhou nome novo após uma sutil reestilização, e custa R$ 405.900 na versão 350D Sport. O X5 xDrive30d começa em R$ 399.950, mas chega a R$ 408.950 quando recebe sistema de entretenimento traseiro, item de série no rival.
Mas, mesmo sendo mais caro, o X5 venceu este duelo com relativa folga. O GLE é excelente, mas a dirigibilidade superior e os preços substancialmente menores das peças de reposição conferiram uma boa vantagem ao modelo da BMW.
Os dois jipões vêm da Alemanha com motores V6 de 3 litros e 258 cv (veja como eles andam na próxima página). A equivalência continua na lista de itens de série, que inclui ar-condicionado de quatro zonas, telas para os ocupantes de trás e teto solar (panorâmico no X5).
O BMW vem com sistema multimídia muito mais simples de usar que o Mercedes. Mesmo sem ter tela sensível ao toque, é fácil entender as funções e realizar tarefas como parear o celular pelo Bluetooth e inserir endereços no GPS. O dispositivo do GLE tem as mesmas funcionalidades, mas é bem mais complexo de operar.
Por outro lado, o Mercedes dá um banho no X5 no quesito luxo, por trazer materiais de melhor qualidade na cabine. Além do aspecto mais pobre, o visual do painel do BMW não difere muito do de outros modelos mais baratos da marca.
Pouco se ouve o motor do GLE trabalhar. Isso é perceptível logo ao dar a partida e também com o jipão em movimento.
Desempenho e luxo. Com a mesma potência e mais torque no motor V6, o desempenho do GLE é bem mais contido que o do X5. O Mercedes está longe de ser lento, mas parece ser mais pesado, com alguma reticência para ganhar velocidade, além de ser menos ágil principalmente no tráfego urbano.
Nesse cenário, o câmbio de oito marchas ajuda muito o BMW – o do Mercedes tem nove velocidades. E, apesar de ser mais barulhento, o X5 tem maior agilidade e roda de forma mais vigorosa, apesar das duas toneladas de peso e quase cinco metros de comprimento. A direção com relação mais direta também faz diferença na hora de “navegar” o grandalhão da BMW no trânsito urbano. As arrancadas são decididas e o X5 devora quilômetros de asfalto sem esforço aparente.
O GLE oferece opção de modo esportivo, que deixa suas reações ligeiramente mais prontas e libera o V6 para mostrar sua força. Mas o Mercedes revela melhores qualidades quando é guiado com parcimônia.
O BMW mostra mais firmeza ao contornar curvas rápidas, graças aos ajustes da suspensão, que controla bem a movimentação da carroceria. O GLE também não dará sustos no motorista, mas balança mais em alta velocidade e pede ritmos menos animados em estrada sinuosa, por exemplo.
Em contrapartida, o Mercedes oferece rodar extremamente suave. A suspensão a ar isola perfeitamente a cabine das irregularidades do asfalto e contribui para a sensação de maior conforto a bordo. Há até opções de regulagens que deixam o GLE mais firme ou alto para encarar terrenos difíceis.
Ambos são espaçosos e levam cinco ocupantes com conforto. Das versões à venda no País, apenas o BMW pode acomodar sete pessoas, mas essa opção acrescenta R$ 9 mil à tabela.
Opinião. Quase todo mundo tem um amigo alto, grandão, com coração enorme e que, quando sorri, todos devolvem o sorriso. Essa foi a imagem que o GLE me passou logo nos primeiros quilômetros. O Mercedes não é dos carros mais rápidos e precisos, mas seu jeitão relaxado e o ar de “tanque de guerra”, pesado e massivo quando se desloca, acaba tranquilizando quem está ao volante. Ele passa sensação de segurança e que pode passar por cima do que vier à frente, tal qual o amigo quando se zanga. Mas só simpatia e bravura não fazem um bom veículo e o X5 mostrou que tem um conjunto mais completo. Além de não ficar muito atrás do rival no que se refere à pompa que é rodar com um jipão de mais de R$ 400 mil, o BMW é mais esperto e gostoso de guiar em uma gama maior de situações, inclusive em algumas nas quais o GLE parece se sentir algo desconfortável.