Q5 e XC60 estão entre os carros mais vendidos no mundo por suas respectivas fabricantes, Audi e Volvo. No Brasil, são modelos de luxo trazidos em configurações muito equivalentes. Aqui, Q5 Ambition e XC60 Inscription se enfrentam numa disputa bem acirrada. No entanto, o Volvo levou a melhor, ainda que por apenas um ponto.
Embora o Audi tenha melhor comportamento dinâmico e um pacote mais esportivo, a marca alemã cobra caro demais. Enquanto o Volvo é tabelado a R$ 259.950, o Q5 parte de R$ 292.990, antes da adição de alguns itens opcionais que são de série no Volvo no XC60. Completo, o modelo da marca alemã, que é fabricado no México sai por R$ 312.090.
Com acerto de suspensão mais macio, o XC60 (produzido na Suécia) é mais confortável e silencioso que o Q5. A cabine do Volvo é mais agradável, com couro macio dos bancos e uma atmosfera que traz requinte superior ao do Audi.
O Q5, no entanto, está longe de ser um carro simples. O acabamento é, inclusive, melhor, com materiais superiores mesmo em locais mais escondidos da cabine. O XC60 tem alguns plásticos de qualidade incompatível com sua faixa de preço, ainda que a montagem seja boa.
O contra-ataque do Volvo vem na oferta de equipamentos. O XC60 tem um sofisticado controlador de velocidade de cruzeiro adaptativo de série. Semiautônomo, o modelo pode rodar sem que o motorista precise segurar o volante a até 130 km/h. O Q5 até traz, como opcional, um sistema semelhante, mas que só funciona em congestionamentos. Vale lembrar que nenhum dos dois pode ser usado no Brasil. Por lei, o motorista deve manter sempre as duas mãos no volante.
A central multimídia do XC60 também é superior à do Audi, com uma enorme tela sensível ao toque (de 9”) e integração com Android Auto e CarPlay. O sistema do Audi não suporta essas plataformas e é operado por botões no console.
Volvo é voltado ao conforto
Os dois utilitários usam motores com números semelhantes. Ambos têm valentes 2.0 turbo – o do XC60 com 254 cv e o do Audi, com 252 cv –, tração integral e entregam desempenho muito satisfatório. As diferenças, no entanto, aparecem na forma como cada um se comporta.
O Volvo é mais voltado ao conforto, com respostas plácidas e uma sutileza própria dos carros da marca. A cabine é silenciosa e mal se percebe o funcionamento do câmbio, automático de oito marchas. Porém, o modelo está longe de ser um carro lento. Basta pisar fundo no pedal do acelerador que ele dispara à frente, mas sem esforço aparente.
O conjunto do Q5 entrega reações mais voltadas à esportividade. A transmissão é automatizada de dupla embreagem, com trocas mais rápidas e que dão ao modelo mexicano mais agilidade. A suspensão do Q5 também é mais firme e garante a ele comportamento melhor em curvas (sem o tornar propriamente desconfortável), enquanto a direção bem direta deixa o modelo bastante divertido de guiar.
Opinião
Escolas diferentes para públicos semelhantes
O rumo que a Volvo tem tomado com seus carros não poderia ser mais sedutor. Um dos motes da marca é o “luxo pela simplicidade”, o que tem sido traduzido quase ao pé da letra nos mais recentes lançamentos. No entanto, não confunda a simplicidade sueca com pobreza. Os Volvo atuais são como aquelas mesas de jantar que se multiplicam de tamanho milagrosamente com o deslizar de uma peça de madeira. Você não necessariamente vê o sofisticado (e superengenhoso) trabalho para fazer aquilo funcionar, mas percebe o resultado, e usufrui dele. A marca deixa bem claro, por exemplo, que seu foco é no conforto e propõe seus carros como um modo de “desestressar” o motorista. De fato, consegue. O XC60 repete a receita do formidável irmão maior, o XC90, e te faz se sentir numa sala de estar das mais requintadas. Só que o modelo também deixa transparecer que algumas concessões a esse lema do conforto absoluto precisaram ser feitas. Isso porque o utilitário concorre num segmento muito mais disputado, recheado de rivais como o Q5, que trazem propostas muito coerentes e válidas, ainda que bem diferentes da Volvo.