O dilema é sempre o mesmo: o cliente quer o melhor carro pelo menor preço possível. Por sua vez, as montadoras vivem procurando formas de cortar custos, para não encarecer demais o preço final. Nesse processo, às vezes o acabamento é sacrificado.
O acabamento é como se fosse a roupa do veículo. É a parte aparente, visível. E ninguém quer pagar caro num traje ruim.
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Algumas dicas simples possibilitam avaliar a qualidade do material empregado no revestimento interno.
Primeiramente, é preciso observar se as peças têm bom encaixe. A engenharia moderna é precisa o bastante para permitir folgas mínimas entre as peças, seja de lataria, seja de plásticos internos.
No passado, muitos carros tinham vãos excessivos entre as portas e as colunas. Era o caso, por exemplo, do primeiro Fiat Uno. Não raramente, era possível achar modelos com folga superior a 1 cm entre a tampa do porta-malas e a carroceria. Felizmente, isso é passado, mas ainda há muito o que melhorar.
Se o encaixe é bom entre os componentes, passe para o próximo tópico: há parafusos aparentes? Não é um bom sinal.
Aparência e qualidade devem andar juntas
Se a montadora economizou numa simples (e barata) capa plástica que disfarce um parafuso à mostra, o que ela não fez numa área onde os olhos não alcançam?
Parafusos aparentes denunciam descaso, e podem ser encontrados em alguns revestimentos internos de portas, por exemplo.
Outro ponto importante é a qualidade do material interno. Carros mais sofisticados normalmente trazem painel e laterais de porta com superfície macia, emborrachada. Isso causa boa impressão não apenas visual como tátil. O tato é um sentido muito importante na avaliação. Exemplo: um volante revestido de couro causa impressão muito melhor que um de material plástico.
Para segurar os custos, diversos modelos têm revestimento interno de plástico rígido. Algumas fabricantes ainda disfarçam a simplicidade caprichando um pouco mais na textura do material, mas outras não têm esse cuidado. Com isso, sacrificam-se o aspecto e o tato.
Há também os casos de veículos que perderam qualidade ao longo do tempo. Um exemplo: no Honda Civic de oitava geração (lançado em 2006), o porta-objetos localizado entre os bancos tinha revestimento macio, mas que se tornou rígido na geração seguinte (2012).
Bancos também são um bom indicador de cuidado (ou não) com o acabamento. Estrutura metálica à mostra não é bom sinal.
Por fim, deve-se prestar atenção até em partes nem sempre visíveis, caso do porta-malas. Alguns modelos têm revestimento em todo o compartimento, enquanto outros deixam partes “na lata”, o que evidencia descuido.