Após 27 anos como líder de vendas no País, o Gol perdeu a posição para o Palio em 2014. Ciente da iminência da derrota, a Volkswagen demorou a tomar uma atitude concreta contra o avanço do rival e apenas em outubro relançou a versão Special 1.0, a mais despojada e barata (a partir de R$ 29.890), de seu hatch, mas era tarde. Para saber qual é melhor, comparamos a configuração de entrada do modelo paulista com a opção Fire 1.0 do novo campeão de emplacamentos, que parte de R$ 27.560 e representa 55% do mix do modelo produzido em Minas Gerais.
O Gol Special nada mais é que uma variante “depenada” do Trendline, opção que chegou ao mercado no meio do ano passado com a missão de ser o modelo de entrada da marca. Já o Palio Fire passou a ocupar o posto de carro mais barato da Fiat após o fim da produção do Mille Economy, em dezembro de 2013.
Simplicidade.Com motores 1.0 flexíveis e lista magra de equipamentos, nenhum dos dois pode ser considerado como exemplo de conforto ou sofisticação. Mas o Gol se mostra ligeiramente superior em aspectos como comportamento dinâmico e qualidade de construção, que acabam compensando os cerca de R$ 2 mil a mais de sua tabela ante a do concorrente.
De série, os dois trazem o estritamente essencial. Vidros e retrovisores externos têm comando manual e há apenas ventilação forçada.
Ar-condicionado, direção hidráulica, além de vidros e travas elétricos são cobrados à parte e elevam o preço do Palio para a casa dos R$ 32 mil. Com os mesmos itens, o Gol diminui a diferença em relação ao concorrente e sai por cerca de R$ 33 mil – a configuração Trendline parte de R$ 35 mil.
Ao menos o Fiat pode ter um simplório rádio com entrada USB e rodas de liga leve. Esses equipamentos só estão disponíveis para o VW como acessórios, nas concessionárias.
Superior. Em movimento, o Gol é sensivelmente melhor ao volante, graças ao torque maior de seu motor 1.0. A diferença, de 0,7 mkgf, pode parecer pouca, mas como fica disponível em um regime mais baixo de rotações, o deixa mais eficiente e gostoso de guiar que o Palio.
O Fiat, aliás, tem de se esforçar para acompanhar o tráfego também por causa do câmbio de relações longas. Isso faz com que o motorista tenha de “esgoelar” o motor para obter respostas melhores.
A suspensão do Gol oferece bom equilíbrio entre conforto e estabilidade. O Palio é ligeiramente mais confortável em pisos ruins, mas balança nas curvas e gera alguma desconfiança em velocidades altas.
Com engates curtos e certeiros, o câmbio do VW é bem melhor que o do Palio.
Eficiência. A superioridade técnica do Volkswagen não invalida o Palio como uma boa e eficiente opção de modelo de entrada. O hatch é competente e tem inegável valentia, combinada à boa dose de robustez do conjunto mecânico aprovado pela crítica e pelo público.
Por outro lado, não há como negar o peso da idade de um projeto lançado há quase duas décadas. Por ora, o Palio cumpre bem o papel de carro de entrada da Fiat, enquanto o novo compacto nacional da marca não chega ao mercado.
O caso Gol e a dança das cadeiras
A Volkswagen oferece um ótimo produto no Brasil: o Up!. Mas o hatch não caiu nas graças do público e sobrou para o bom e velho Gol segurar a “barra” das vendas em queda durante o ano passado. Só que o cenário se complicou e o Palio terminou 2014 como o carro mais emplacado do País. O VW é bom e substancialmente melhor que o Fiat, mas sua atual geração carece de atualizações e leva um banho de tecnologia de modelos como o próprio Up!. A Fiat, por sua vez, faz o dever de casa e consegue oferecer o que o comprador quer por um preço ainda menor.]