Enquanto dirige, o motorista nem precisa desviar os olhos para visualizar o mapa do GPS. As imagens da tela central são reproduzidas no quadro de instrumentos virtual, bem atrás do volante. Pode-se consultar o trajeto (ou selecionar outra informação na tela) ao mesmo tempo que o banco faz uma revigorante massagem nas costas. Também não é preciso se preocupar se o farol alto vai ofuscar o motorista do carro à frente (o facho baixa sozinho), e nem frear se o trânsito parar – há um sistema que faz isso de forma totalmente independente.
O comparativo entre o novo Volkswagen Passat (que acaba de chegar, com massageador e painel virtual) e o Ford Fusion (líder de vendas da categoria desde 2006) prova que há requinte e tecnologia fora de marcas como BMW e Audi.
Topo de linha do VW, a versão Highline sai a R$ 151.390. Com teto solar (R$ 5.510) e pacote com itens de alta tecnologia, como controlador de velocidade e distância (R$ 5 mil), o alemão chega a R$ 161.900.
São R$ 24.300 a mais que os R$ 137.600 do Fusion Titanium Ecoboost AWD, que vem completo e se beneficia do fato de vir do México, o que lhe garante isenção do imposto de importação. Isso se traduz em vantagem no preço final.
Mas só o Fusion tem tração integral, o que o torna mais estável em piso escorregadio. O Ford ganha pontos também pelo visual mais atraente.
Enquanto o Passat é elegante, mas discreto, o Fusion exibe linhas mais agradáveis e chamativas. Continua cativando mesmo às vésperas da chegada do modelo reestilizado, que foi apresentado no Salão de Detroit (EUA), em janeiro, e chegará aqui no segundo semestre.
Passat e Fusion têm muito conforto e espaço. Quem vai no banco traseiro não se aperta em nenhum deles – menos ainda no Ford. Isso graças ao ótimo entre-eixos de 2,85 metros, 6 cm maior que no VW.Na frente, também não há do que se queixar. Nesse caso, a vantagem pende para o alemão. O Passat é um Volkswagen onde os olhos alcançam, um Audi onde não se vê, e um Golf GTI na hora de acelerar.
Os dois carros têm motor 2.0 turbo a gasolina, com 234 cv no Fusion e 220 cv no Passat. Apesar disso, o VW é mais ágil. Mesmo tendo seguro e peças mais caros, o alemão levou a melhor. Já o Fusion continua imbatível no custo-benefício.
Eles são ‘sérios’. Até você acelerar
Não se engane pelo visual classudo: esses dois sedãs têm desempenho digno de esportivo, graças aos motores 2.0 turbo. Além dos 234 cv, o Ecoboost do Ford gera 38,5 mkgf de torque. Até o ano passado ele rendia 240 cv, mas perdeu 6 cv quando se adequou aos novos limites de emissões.
No TSI do Passat são 220 cv e 35,7 mkgf. O Volkswagen compensa o motor um pouco mais fraco com seu peso inferior: são 1.499 quilos, 219 kg a menos que o Ford (1.718 kg).
Por isso, e por causa do câmbio automatizado de dupla embreagem (automático convencional do Ford), o alemão dá o troco no desempenho. Enquanto o VW acelera de 0 a 100 km/h em 6,7 segundos e pode chegar a 246 km/h, o Ford precisa de 7,3 segundos para chegar aos 100 km/h e tem máxima limitada a 195 km/h.
Outro senão é que o Fusion é mais gastão. Além disso, continua raspando a parte inferior dianteira em todas as valetas que encontra pelo caminho, resultado do defletor de ar muito baixo, sintoma que o acompanha desde o nascimento – o mesmo ocorre com o Fiesta.
Além de muito luxo, Passat e Fusion têm altas doses de tecnologia. A diferença é que, por ser mais um produto mais atual, o Volkswagen está mais avançado tecnicamente.Chave de presença e partida por botão, por exemplo, ambos oferecem, mas só o VW tem sistema start&stop que desliga o motor quando percebe que o carro está prestes a parar totalmente. O freio automático é outra exclusividade – em semáforos, por exemplo, o sistema fica acionado mesmo após o motorista liberar o pedal.
Os dois trazem controle automático de velocidade e parada (eles acompanham o ritmo dos carros à frente). Mas apenas o Passat impede que o motorista faça ultrapassagens pela direita se detectar outro veículo na faixa da esquerda.
Essa dupla tem ainda estacionamento autônomo – o motorista só precisa controlar freio, acelerador e câmbio. O Ford só para em vagas paralelas, enquanto o VW também estaciona nas perpendiculares.No Passat a tampa do porta-malas pode ser aberta passando-se o pé sob o para-choque traseiro, recurso útil quando se está com as mãos ocupadas
Opinião: Passat é umaespécie de Audi sem as argolas
O novo Passat traz um nível surpreendente de tecnologia. Ela está visível no painel virtual (de Audi TT, Q7 e A4) e invisível na plataforma modular MQB (Audi A3 e VW Golf). Graças a ela, a experiência ao volante – que sempre foi boa – ficou melhor. Ao volante, a gente nem sente falta de carros alemães de maior prestígio, como Audi. Isso porque, na prática, o Passat é uma espécie de Audi sem as argolas. Por aí, percebe-se o osso duro de roer que o Fusion tem pela frente.
Mas o sedã da Ford, feito no México, nunca sofreu com a concorrência. Além de amplo espaço, porte imponente e desenho sedutor, o Fusion tem preço competitivo, o que lhe garante a condição de líder permanente da categoria – mesmo às vésperas da chegada da versão reestilizada.