TEXTO: TIÃO OLIVEIRA
FOTOS: MARLOS NEY VIDAL/AE
Manhã de 5 de agosto. Uma moradora de Mannheim, na Alemanha, pega o carro e segue para a casa da mãe, em Pforzheim, a mais de 100 km de distância, levando os filhos adolescentes. Seria uma viagem comum se a aventura não tivesse ocorrido em 1888 e Bertha Benz pedisse autorização ao marido, Karl, para sair com o Patent Motor-Wagen, que ficou conhecido como o primeiro automóvel da história.
Após 125 anos da criação desse carro, guiamos um exemplar que pertence ao colecionador Leo Gouvêa. De 2002, não se trata de uma réplica, mas de um modelo feito pela Mercedes seguindo à risca o projeto original. Houve duas edições limitadas destinadas a concessionárias e museus – a outra é de 1980.
Este é o único Patent no Brasil. De número 77, ficará exposto até o dia 22 de agosto no Boulevard Shopping, em Belo Horizonte, onde ocorre a mostra Clássicos sobre Rodas.
Avançado para a época, o Patent teve o motor (de um cilindro, 954 cm³ e 0,9 cv), chassi e transmissão desenvolvidos para trabalhar de forma integrada.
EM MOVIMENTO
Guiar o Patent é uma experiência ímpar. Como o carro é alto, há um estribo do lado direito, como o de carroças, para subir nele. No único banco cabem dois adultos.
Não há instrumentos. Uma pequena manivela faz as vezes de volante. Ligada à única roda dianteira, tem respostas diretas. Os pneus são de borracha maciça.
No primeiro momento causa estranheza a falta de pedais, mas colocar o Patent em movimento é fácil. Freá-lo, idem. Tudo se resume a uma alavanca. Para andar, basta empurrá-la para frente. Se quiser parar, é só puxá-la para trás.
Uma correia de couro ligada à parte de cima do motor transmite a tração, girando um eixo no meio do chassi. Essa engrenagem, por sua vez, é ligada à duas correntes acopladas às rodas.