Há quase 15 anos de diferença entre elas. Chevrolet S10 (à esquerda na foto) e Volkswagen Amarok são paradoxos no segmento de picapes médias no Brasil. Mais do que defasado, o modelo da GM é líder de vendas da categoria desde 1995, ou seja, “desde sempre”, pois estreou no País em fevereiro daquele ano. Ao longo dessa trajetória, a S10 só recebeu leves mudanças estéticas e atualizações de motor. Mesmo assim, acumula mais de 400 mil unidades emplacadas.
Já a primeira picape Volkswagen, que acaba de ganhar versão mais acessível – com motor 2.0 a diesel de uma turbina (122 cv), tração 4×2 e tabela de R$ 88.990 -, chegou em abril de 2010, cheia de inovações, mas só vendeu 6.300 unidades até o mês passado. Da S10 a principal inovação foi ser a primeira bicombustível do segmento.
O modelo Chevrolet tem preço sugerido a partir de R$ 50.456 na versão cabine-simples com o motor 2.4 flexível, e chega a R$ 102.202 na de topo, Exclusive cabine-dupla, com o 2.8 turbodiesel e tração 4×4. Ao todo, são 12 configurações diferentes.
Ao contrário da Amarok, que só oferece quatro opções, sendo que em qualquer das motorizações (são duas 2.0 a diesel), há apenas carroceria cabine dupla e câmbio manual de seis marchas. Nos próximos meses, a Volkswagen deve receber configuração de cabine simples, além de transmissão automática. Atualmente, a mais sofisticada do utilitário feito na Argentina é tabelada a R$ 119.490.
Comparando as versões de topo, a diferença entre as duas picapes vai muito além dos 16% do preço. A Amarok é maior em quase tudo e seu 2.0 biturbo, apesar de ser menor que o 2.8 que está no modelo GM, é significativamente mais eficiente: são 163 cv na VW, ante os 140 cv da S10. Isso sem falar no torque: 40,8 mkgf ante 34,7 mkgf. Mas foi a S10 que fechou 2010 com um terço de participação nas vendas.
Entrar numa S10 após sair de uma Amarok é como voltar no tempo. Do estilo do painel, passando pelo espaço da cabine, chegando à posição de dirigir, o modelo da Volkswagen é superior em tudo. Já a picape Chevrolet “entrega” sua idade em detalhes como a regulagem do altura do volante, que abaixa tanto que passa da linha do painel.Mas a S10 tem virtudes que a Amarok (ainda) não oferece: ótima relação custo-benefício e histórico de vendas.
Deixando de lado as propostas e motores, a Chevrolet de entrada tem tabela quase R$ 39 mil mais em conta que a VW “básica”. A cabine-dupla a diesel 4×2 da veterana também é mais em conta: são R$ 80.544, ante os R$ 88.990 da rival.
A verdade é que, apesar de ser um produto superior, o que a VW entrega não paga a diferença no bolso do cliente que precisa de um veículo para o trabalho, principalmente quando esse consumidor é frotista. De olho no sucesso da GM, outras marcas vêm investindo nas vendas diretas. Exemplos recentes são a Nissan Frontier na Polícia Federal e a Toyota Hilux na PM paulista. Ainda vai demorar para ver uma Amarok “oficial”.