Um coração transplantado não fará com que seu novo dono passe a ter a personalidade e o comportamento do doador. Isso vale também para o Fluence Privilege, tabelado a R$ 84.300, e o Sentra SL, a R$ 78.900, que compartilham a mecânica, mas têm particularidades que os tornam únicos. Tanto o Renault quanto o Nissan (as duas marcas pertencem ao mesmo grupo) trazem motor 2.0 flexível e câmbio automático do tipo CVT.
No Sentra, o acerto mecânico é um pouco superior. E este foi um dos fatores que determinaram sua vitória neste comparativo entre as versões de topo dos dois modelos. O outro foi a melhor relação custo-benefício.
Os dois vêm de série com câmera na traseira, sistema de navegação, seis air bags, partida sem chave e fixação Isofix para cadeirinhas infantis. A mais, o Renault traz faróis de xenônio, controle de tração e teto solar.
O Nissan também pode ter o teto de vidro. Mas trata-se de um opcional de R$ 2.500.
Nos detalhes. O motor 2.0 bicombustível gera, tanto com etanol quanto com gasolina, 140 cv e 20 mkgf no Sentra. No Fluence, são, respectivamente, 143 cv e 20,3 mkgf com o uso do combustível vegetal. Apesar da ligeira vantagem do Renault, o ajuste do câmbio do Nissan o deixa mais esperto em arrancadas e na hora de fazer ultrapassagens. Em contrapartida, só o rival tem a opção de trocas manuais na alavanca.
Os dois sedãs têm suspensões moles, ajustadas para filtrar bem as imperfeições do piso, mas nas curvas o Nissan se sai melhor. Sua carroceria balança menos que a do rival.
A direção com assistência elétrica tem respostas mais diretas no Nissan. A posição de guiar é fácil de encontrar em ambos, pois há ajustes de profundidade e altura no volante.
No visual, o Renault, que acaba de ganhar reestilização, é mais bem resolvido que o Sentra, cujo estilo conservador vem sendo mantido desde a geração anterior. Por dentro, os dois modelos se equivalem na qualidade dos materiais, mas o Fluence tem cabine mais moderna e requintada.
Essa dupla acomoda com conforto quatro adultos com mais de 1,80 metro de altura – há bom espaço para as pernas e a cabeça no banco traseiro. O porta-malas do Fluence tem 530 litros de capacidade, ante os 503 litros do bagageiro do Sentra.
PRÓS E CONTRAS
Nissan Sentra
Prós
CUSTO-BENEFÍCIO: Com lista de itens de série extensa, é mais barato que o rival, mas teto solar é vendido como opcional.
Contras
VISUAL: Embora tenha sido atualizado na atual geração, estilo conservador e cara de “tiozão” permanecem.
Renault Fluence
Prós
ACABAMENTO: Requintado, interior é mais agradável que o do rival. Seu porta-malas também é 47 litros maior.
Contras
DESEMPENHO: Mesmo tendo mais potência e torque no motor, desempenho é inferior ao do concorrente.
OPINIÃO
Comprar com os olhos ou com a razão?
Optar por um desses sedãs é escolher entre o culto à beleza do Fluence ou à razão representado pelo Sentra. Mesmo com mais tempo de mercado e tendo recebido atualizações bem leves, o visual do Renault não parece datado e chama mais a atenção. Em contrapartida, o Fluence castiga bem mais o bolso na hora da manutenção, O pacote de peças com preços apurados pela reportagem (veja no quadro abaixo) é R$ 2.400 mais caro que o do Sentra. Culpa dos R$ 2.100 dos faróis de xenônio e dos R$ 1.783 do para-choque. Mesmo abdicando de recursos estéticos como os belos faróis do rival, o Nissan também tem seu lado emocional. Esse aspecto surge na hora de acelerar, já que o sedã feito no México é mais rápido que o Fluence, cuja produção é na Argentina.