A segunda geração do Edge chegou ao País cheia de tecnologia e com visual mais arrojado, mas também bem mais cara. Tabelado a R$ 239.900, o modelo mais sofisticado da Ford no Brasil custa tanto quanto carros de marcas de luxo, como o belga Volvo XC60, cuja versão de topo, Inscription, a R$ 248.990, foi desafiada pelo canadense.
O Edge traz nova plataforma, vários sistemas de segurança ativa e visual mais elaborado. Mas o principal motivo para sua derrota foi manter o motor 3.5 V6. Mesmo tendo 39 cv a mais que o 2.0 turbo de 245 cv do XC60, o seis-cilindros do Ford não entrega desempenho superior ao do rival. Nesse quesito, também pesa a favor do Volvo o bom câmbio automático de oito velocidades.
O 2.0 do XC60 brilha quando o assunto é desempenho, enquanto o V6 sofre para mover as cerca de duas toneladas do Edge (confira detalhes abaixo).
Além disso, o Ford feito no Canadá é “beberrão”. Durante a avaliação, as médias de consumo, aferidas no computador de bordo, foram bem piores que as do concorrente. Em um percurso misto entre cidade e estrada, o sistema do Volvo registrou 9,5 km por litro de gasolina, enquanto o Edge não conseguiu passar dos 6 km por litro.
Outra vantagem do XC60 é ser mais requintado que o Edge. O Volvo traz materiais de melhor qualidade na cabine e acabamento impecável, além de muito elegante.
Apesar disso, o utilitário importado da Bélgica mostra, justamente no interior, que se trata de um projeto antigo. Há botões demais e a tela multimídia é pequena para os padrões atuais. Ao menos, seu quadro de instrumentos é digital, como no Ford, e de leitura simples.
O Volvo também deve tecnologias comuns no segmento, como chave presencial e sistema de auxílio ao estacionamento. Os dois vêm de série no Ford.
Mesmo assim, o XC60 está longe de ser mal equipado. De série há frenagem automática na cidade, controle de cruzeiro adaptativo e faróis de xenônio com fachos direcionais.
Em comum, essa dupla traz bancos com ajustes elétricos e aquecimento, teto solar e tampa do porta-malas elétrica.
Rodando. Se em números o propulsor do Edge é razoavelmente superior ao do XC60, na prática o resultado é bem diferente. Se engana quem pensa que o 2.0 é pequeno para o Volvo.
Rodando sem exigir muito do pedal do acelerador, o jipão é suave e confortável, quase pacífico, mas basta colocar a ótima transmissão de oito marchas em modo esportivo para o conjunto “acordar” e surpreender quem comanda o volante.
O torque de 35,7 mkgf é 1,1 mkgf maior que o do V6 do Ford, chega à plenitude cedo, a 1.800 rpm, e move com decisão o XC60, que devora o asfalto com vitalidade surpreendente. Além disso, o Volvo é estável e firme em alta velocidade.
Canadense, o Edge tem estilo tipicamente “americano”. O motor até “ruge” alto em acelerações fortes, mas as reações são bem mais lentas. A impressão é de que o modo esportivo do câmbio de seis marchas deveria ser o padrão para que o Ford conseguisse ao menos tentar justificar a maior potência.
Opinião. O XC60 é tão comum em centros urbanos – principalmente em áreas nobres – que quase “passa batido”, ainda mais com seu visual elegante e discreto. O Volvo não recebeu muitas alterações externas ao longo dos anos e surpreende ao permanecer atual onde os olhos não veem. Cheio de tecnologias e com um conjunto primoroso, ficou difícil para o rival “ianque” superar o estilo sueco de fazer carros.