
Karina Craveiro
Sarah Adão nem precisou ver as opções de cores. Quando foi à autorizada Fiat, já estava decidida a levar um Uno Way verde, tom que chegou a estar em 13% dos compactos emplacados. “Minhas amigas diziam que eu era corajosa, mas não me arrependo. Meu próximo carro vai ser laranja. A vida cinza é chata”, diz a fisioterapeuta, que faz parte de um grupo de consumidores que busca fugir da monotonia “cinza e preta” da cidade.
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“O prata já cansou, parece velho. As pessoas querem cores diferentes, mas também estão de olho na desvalorização que o carro vai sofrer”, afirma a gerente de design da GM do Brasil, Cristina Belatto. Ela está certa. No mercado de usados, a cor pode interferir no tempo necessário para a concretização do negócio. O vendedor da Yoshida Multimarcas, em São Bernardo do Campo, ABC, Marcelo Ribeiro, diz que tem um sedã Fiesta verde parado no estoque há três semanas na loja. “É um carro que demora mais para sair, mas tem o seu público específico. Eu pediria os mesmos R$ 36.500 se ele se fosse preto”, diz.
O Ford EcoSport 2012 laranja do comerciante Marcelo Isidoro está à venda desde junho. Ele garante que a cor chamativa não é um empecilho. Isidoro pegou o carro como parte de pagamento de um imóvel e, como tem outro veículo, resolveu colocar o Ford à venda. “Compraria facilmente um carro dessa cor. Recebo ligações de interessados justamente por causa da cor. As pessoas desistem ao saber que o modelo tem câmbio manual.”
Espera.As montadoras ousam mais nas chamadas “cores de lançamentos”, que servem para destacar o novo carro e têm conquistado mais clientes do que as empresas esperam . “O amarelo do CrossFox fez tanto sucesso que se estendeu para Gol e Polo”, conta a supervisora de Color&Trim da Volkswagen, Marilia Biill.
Recentemente, a Chevrolet estreou o “Azul Sky” no Onix. Mas é preciso esperar no mínimo 30 dias pela entrega. Nas lojas só há versões prata, branca e vermelha disponíveis. Na Capital, o prazo de entrega para o modelo azul é de 60 dias. A desculpa é que se trata de um lançamento recente. Da Ford, o gerente de uma autorizada na zona oeste diz que o Fusion “Vermelho Vermont” demora até 90 dias para chegar. “Não é uma cor comum. Acho que o público desse carro é mais conservador. Só vendi brancos até agora”, conta. Da Fiat, o Uno Sporting nas cores “Amarelo Interlagos” e “Laranja Nemo” demora até dez dias para ser faturado.
Do branco emergente ao esportivo amarelo
O brasileiro demorou a aderir ao branco como a cor “queridinha” – é provável que esse tom permaneça na moda por pelo menos dois anos. O branco perolizado, por exemplo, está em um de cada três Fiat 500 vendidos no Brasil. Branca é a cor de 48% dos Palio Sporting, de 53% dos Punto T-Jet e de 57% dos Bravo T-Jet emplacados. O amarelo do Camaro inspirou outros Chevrolet, principalmente os pseudo esportivos. “Desenvolvida nos EUA, ela fez muito sucesso. Mas a aposta para o segmento nos próximos anos é o azul”, afirma Cristina Belatto, da GM.