Fantasmas existem. São raros, mas existem. Na semana passada, um foi visto em São Paulo – e em plena luz do dia. Branco, como são os fantasmas. Passou voando. Fantasmas voam, e não fazem barulho. Também não são de assustar – contanto que não se queira saber o preço.
Quer ficar de cabelos em pé? O Rolls-Royce Ghost Series II custa R$ 2,9 milhões! Ghost, em inglês, significa fantasma. O “II” designa a recente reestilização do modelo. E lá fomos nós, ao volante desse raro inglês repleto de surpresas – “nosso” fantasma é o único exemplar do Brasil.
A primeira surpresa vem ao fechar a porta. Sabe porta de geladeira? Basta encostar de leve, que automaticamente ela termina a operação e te isola do mundo. Os vidros são duplos e ali dentro não se ouve mais nada.
Como não há conta-giros, foi preciso pisar de leve no acelerador para ter certeza de que o motor estava ligado. Aí o 6.6 V12 biturbo, de 563 cv, se manifesta, com um leve murmúrio. Você leu certo. O carro de R$ 2,9 milhões não tem conta-giros. Por que? “Porque a Rolls-Royce entende que o motorista deseja desempenho, mas não precisa saber qual a rotação do motor”, diz o gerente geral da representante da marca no País, Milton Chameh.
Pela mesma razão, ele explica que o ar-condicionado (com quatro regulagens independentes) é para garantir o conforto dos ocupantes, mas não precisa informar quantos graus está no interior. Por isso, não há indicação numérica da temperatura.
O couro que reveste o volante não tem costuras aparentes e é suave ao toque. Falando em couro, uma das condições para que pudéssemos dirigir era não estar vestindo jeans, para não marcar os bancos.
Em movimento, o carrão continua surpreendendo. A direção é extremamente leve. Não parece que estamos ao volante de um veículo de 2.360 kg e 5,4 metros. O Ghost é bom de manobrar e também de curvas. O motor responde com energia. Segundo a empresa, leva o carro de 0 a 100 km/h em 4,9 segundos e à velocidade máxima de 250 km/h – limitada eletronicamente.
E o que dizer da suspensão? Fantasmas flutuam, e é exatamente essa a impressão que o Ghost passa, com seu sistema a ar regulável. Em asfalto todo remendado e enrugado, e o Rolls nem se mexe. Ignora tudo sem transmitir a menor vibração. Aliás, nem o logotipo no centro das rodas se abala. Os dois “Rs” estão sempre em pé. Há outras excentricidades: o botão do freio de estacionamento fica no painel.
Não dá para falar de Rolls-Royce sem mencionar os bancos de trás. Afinal, é ali que boa parte dos donos vai viajar. Os assentos são poltronas individuais que abraçam os ocupantes. Há mesinhas, espelhos e botão para fechamento automático da porta. As cortinas têm acionamento elétrico. Portas e cortinas que se movem sozinhas! É ou não é coisa de fantasma?
Marca inglesa é fábrica de ‘almas penadas’
Ghost, Phantom, Wraith… Os três modelos da Rolls-Royce têm inspiração em almas penadas. Wraith, o mais novo modelo da marca inglesa, significa aparição. De acordo com o gerente geral da marca no Brasil, Milton Chameh, a razão é que os Rolls se moviam tão silenciosamente que “pareciam fantasmas”. A característica permanece; os nomes, também.