A Porsche, aos poucos foi cedendo ao mundo dos carros turbo. Por necessidade, na maior parte dos casos. Com regras cada vez mais rígidas de poluentes e ruídos, os motores aspirados tinham dificuldade para atender as novas regras. E foi assim que, uma geração atrás, todos seus modelos passaram a ser turbo, deixando a exceção apenas para o GT3.
Não bastasse isso, a marca optou por motores quatro cilindros para alguns de seus modelos, como os 718 Boxster e Cayman, além do Macan. Afinal, com turbo, esses motores conseguiam entregar o mesmo que antigos motores seis cilindros aspirados. Azar dos puristas.
Tudo mudou em junho deste ano quando a marca mostrou novas versões de topo: o 718 Boxster Spyder e o 718 Cayman GT4. A diferença? Ambos equipados com um motor 4 litros de seis cilindros opostos e aspirado. Como a marca conseguiu tal façanha? Bem, agradeça aos motores a diesel e outras soluções.
A base desse motor é o mesmo do 911 Carrera S. Com 420 cv de potência a 7.600 rpm e 42,8 mkgf entre 5.000 rpm e 6.800 rpm, com limite de giros em 8.000 rpm. Vem associado a uma transmissão manual de seis marchas.
Para atender as “regras das ruas”, com esse novo motor, a Porsche adotou desativação de cilindros quando ele não é exigido ao máximo, trabalhando como se fosse um quatro cilindros. Outra solução foi relação de marchas mais longas, mesmo sendo um carro de versões mais esportivas, também para atender as regulações de emissões.
Boxster Spyder e GT4 ganharam ainda sistema Start-Stop automático e um sistema de válvulas de admissão variáveis. Esse sistema, com válvulas ressonantes, permite a melhor troca dos gases nos cilindros.
Soluções de motores a diesel
Mais conhecidos dos motores a diesel vieram duas soluções: filtro de partículas e injetores Piezo. O primeiro vai no sistema de escapamento, o que reduz as partículas nos gases que são emitidos na atmosfera, garantindo uma emissão mais limpa. E os injetores Piezo, que foram utilizados pela primeira vez em um motor de alta rotação, segundo a Porsche, ajudam a queima do combustível a ser melhor.
Os injetores Piezo funcionam com uma carga elétrica. Maiores que os injetores convencionais, tem um cristal dentro do corpo que muda sua composição quando recebe uma carga elétrica. Isso significa que: quando é enviada uma carga elétrica ao cristal, ele se expande, permitindo que o combustível passe e seja injetado nos cilindros. Quando a carga elétrica é interrompida, os cristais voltam ao seu tamanho e forma original, fechando a passagem do combustível.
A grande sacada que esse “abre e fecha” é muito mais rápido que em um bico injetor convencional e trabalha a uma pressão maior. Eles podem dividir cada injeção de combustível em até cinco injeções. Dividindo e com maior pressão, garante uma melhor queima, mistura e menor produção de resíduos, tanto na câmara de combustão, quanto na exaustão.