A Chevrolet acaba de atualizar a Spin. A minivan feita em São Caetano do Sul (SP) teve o visual repaginado e continua sendo o carro mais barato do País com capacidade para sete pessoas. A versão Activ7, de topo da gama, flerta com o mundo dos SUVs e, com ar “descolado”, parece poder encarar uma trilha leve. Por isso, neste comparativo ela encara o fluminense Nissan Kicks na versão SV, intermediária, que se equipara em preço e performance.
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Apesar de ter mais espaço (para passageiros e bagagens) e custar menos, a minivan não recebeu melhorias suficientes para superar as qualidades do SUV. O Nissan venceu por ser mais confortável e bem equipado, além de ter dinâmica de condução superior à da Chevrolet.
A Spin de topo, a R$ 83.490, não traz itens importantes, que são de série no Kicks intermediário. A mais que a minivan, o SUV tem central multimídia com navegador GPS. Também tem abertura das portas e partida do motor sem uso de chave e controle eletrônico de estabilidade (ESP). Ponto para a segurança.
Esse conteúdo compensa os R$ 4 mil de diferença de preço – o Kicks SV parte de R$ 87.490. Por R$ 3 mil, há ainda um pacote com air bags laterais e do tipo cortina e bancos de couro.
O porta-malas da Spin tem 553 litros. Com a terceira fila de assentos em uso, contudo, a capacidade é reduzida para 162 litros, ante os 432 l do Kicks.
O Nissan agrada mais ao volante. A posição de guiar é bem confortável e a ergonomia é superior à da Chevrolet. Como parte da atualização, a Spin ganhou painel igual ao do Tracker, mas os mostradores são pequenos e difíceis de ler.
O senão do Kicks é a central multimídia confusa, que tem mais funções que a da Spin, mas são necessários muitos cliques para operá-la. Além de mais simples de usar, o sistema da Chevrolet é compatível com Android Auto e Apple CarPlay. O da Nissan, não.
Calmaria a bordo dos dois
Embora seja menor que o motor 1.8 da Spin, o 1.6 do Kicks é mais potente. O da minivan tem um pouco mais de torque que o do SUV, mas na prática os dois modelos têm desempenho equivalente. Mas, como são carros voltados às famílias, não dá para esperar aceleração arrebatadora ou corações a mil nos passeios.
O câmbio automático de seis marchas da Chevrolet faz trocas de forma muito suave e tem tendência a “segurar” as marchas, para dar mais agilidade à minivan. Em movimento, a Spin não faz feio, mas está longe de empolgar. O Kicks não é muito diferente. Seu câmbio CVT, que prioriza o conforto, até oferece respostas rápidas, mas o foco é manter o motor em giros baixos. É preciso pisar fundo no pedal do acelerador para a transmissão “acordar” e o SUV ganhar vida.
Pesa a favor do SUV da Nissan o fato de ele ser gostoso de guiar. A suspensão com bom acerto e a direção bastante direta deixam o Kicks surpreendentemente bom de curva.
Opinião
O clássico “em time que está ganhando não se mexe”
A Spin é rainha absoluta em seu segmento. Aliás, a Chevrolet abocanha praticamente sozinha a fatia de mercado de minivans de sete lugares com preços abaixo dos R$ 100 mil. Isso fez do modelo um sucesso de vendas, apesar do visual discutível e da dinâmica não muito apurada. Embora criticada – principalmente por substituir as saudosas Meriva e Zafira, queridinhas do mercado à época –, a Spin achou seu espaço e está pra lá de confortável nele.
Só que o tempo passou e a minivan lançada em 2013 precisava mudar. E mudou, mas pouco. As alterações não foram suficientes para me ganhar – e olha que eu sou fã de carros familiares. A Chevrolet manteve o caráter funcional, é inegável, mas merecia transformações mais profundas.
O visual melhorou. A Spin ficou menos “estranha” de olhar, por mais que já estejamos acostumados à sua presença nas ruas. Mas ainda faltam equipamentos importantes, principalmente por se tratar de um carro para famílias.
Air bags laterais e de cortina e controles de estabilidade e tração deveriam estar na lista de equipamentos. Esses itens renderiam pontos e possivelmente a vitória da Spin neste comparativo.