Ainda que estejam em alta, híbridos ainda são desconhecidos de muitos brasileiros. Quando o assunto é híbrido-leve, mais ainda. Com a chegada dos novos Fiat Pulse e Fastback Hybrid, a marca deseja popularizar a tecnologia, uma vez que além de adotar o sistema, colocou os modelos como os primeiros híbridos da marca no Brasil. Mas como esse sistema da Stellantis funciona?
T200 Hybrid é sistema ‘simples’ de 12 volts
Antes de mais nada, é importante definir o quê vai e onde. O sistema híbrido de 12 Volts vai acompanhado do motor 1.0 GSE T3 turboflex de três cilindros, que na gama de SUVs da marca equipa tanto Pulse quanto Fastback. Trata-se de um sistema híbrido-leve, conjunto mais simples e fácil de adaptar ao atual conjunto motriz produzido, por exemplo.
Assim, a simplicidade reside em se tratar de um sistema de 12 Volts, de baixa tensão, que não requer grandes mudanças na linha de montagem. Outra razão seria a não-necessidade de adaptação do motor T200 ao ciclo Miller, de tempo de expansão estendido, mantendo o já amplamente usado ciclo Otto. Além disso, não há necessidade de uma transmissão específica: o sistema usa o mesmo câmbio CVT das demais versões.
Entretanto, a presença da transmissão continuamente variável (CVT) impossibilita funções como o “coasting” ou “modo velejar” existentes em unidade de dupla embreagem ou embreagem de acoplamento. Isso se dá pelo fato da necessidade de manter o câmbio acoplado constantemente, mantendo a pressão na caixa e o posicionamento certo de polias e correias, obedecendo ao giro do motor, por exemplo.
Sistema substitui alternador e tem alimentação por duas baterias
O que muda é a chegada do chamado “motor elétrico multifuncional”, que ligado ao virabrequim por correia, substitui o alternador. O sistema passa a funcionar assim que se liga o motor, e coordena a partida e também o start-stop, que nesses modelos é indesligável. Alimentado por duas baterias, sua fonte primária de energia vem da bateria de 11 Ah localizada abaixo do banco do motorista, mas também conecta-se com a bateria principal do carro, agora maior, com 68 Ah. Quem opera essa troca é uma central eletrônica chamada DBSM (Módulo de Transição entre Duas Baterias em inglês).
Essa bateria menor, em baixo do banco, é regenerada por meio de desaceleração ou frenagem, onde o sistema híbrido-leve tem capacidade de até 30% de recuperação de energia cinética, por exemplo. O “superalternador”, com 3 kW de potência e 10 NM de torque (4 cv/1 mkgf) não traciona o carro. Mas ajuda o motor em situações específicas, como saídas de sinal, ladeiras ou mesmo na partida a frio, por exemplo.
Com atuação até os 3.500 rpm, não altera os números de potência e torque do T200. O conjunto tem 125 cv/130 cv com gasolina e etanol, respectivamente, e torque de 20,4 mkgf a 1.750 rpm, independente do combustível no tanque. O que se espera dos modelos é a melhoria de consumo. Conforme o Inmetro, o Fiat Pulse T200 Hybrid faz 9,3 km/l com etanol e 13,4 km/l com gasolina na cidade, com evolução de 10,7% ao antigo T200, sem hibridização. Já o Fastback T200 Hybrid registra 8,9 km/l (etanol) e 12,6 km/l (gasolina), com melhora de 9,9% e 12,5%, respectivamente.
Sistema híbrido da Fiat não é feito para a estrada
Contudo, números de consumo rodoviários próximos aos modelos “normais” mostram que o sistema funciona bem na cidade, e não tem vocação para a estrada. Em suma, voltado para o ciclo urbano, o sistema híbrido-leve da Stellantis chega primeiro aos SUVs da Fiat. Mas, pode chegar à demais modelos da linha, e até mesmo em versões aspiradas, se a demanda exigir. Antes disso, sua chegada é esperada em demais produtos da Stellantis, como os recentes produtos Citroën e Peugeot, por exemplo.
O Jornal do Carro também está no Instagram!