Mesmo com índices de congestionamento estáveis nos últimos cinco anos em grandes cidades, como São Paulo, o trânsito continua sendo um grande gerador de estresse. Segundo especialistas, um dos principais fatores para esse fenômeno é a proliferação dos smartphones. Basta olhar ao redor: é comum ver motoristas checando quanto tempo levarão para ir do “ponto A ao B”, mensagens em aplicativos e redes sociais, por exemplo.
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A boa notícia é que, com atitudes simples e a ajuda de soluções criadas pelas montadoras, é possível tornar mais prazeroso o tempo a bordo do carro. Várias marcas já oferecem ou propõem sistemas pensados especialmente para deixar o motorista mais relaxado.
Uma delas é a Jaguar. A britânica está desenvolvendo um sistema de inteligência artificial capaz de detectar o humor do motorista a partir de suas expressões faciais – para isso, utiliza câmeras e sensores. Ao “perceber” que o condutor está ficando irritado, o dispositivo promove mudanças em parâmetros da cabine.
O sistema pode alterar a iluminação do ambiente e reproduzir as músicas preferidas do motorista. Ao detectar bocejos e outros sinais de cansaço, o dispositivo reduz a temperatura da cabine, de modo a deixar o condutor mais alerta. A nova tecnologia será incorporada à próxima geração de modelos da Jaguar, segundo a marca.
A também britânica Bentley criou um sistema semelhante. O protótipo EXP 100 GT, recém-revelado, monitora o humor do motorista por meio de biometria. O dispositivo é capaz até de medir o nível da pressão sanguínea de quem está ao volante. A marca informa que pode transformar essa solução em realidade em 2035.
Já o Concept i, da Toyota, tem painéis nas portas que projetam mensagens simpáticas aos outros motoristas. As telas podem também avisar sobre possíveis perigos na via.
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PRESENTE
Enquanto essas novas tecnologias não chegam, o motorista já pode usufruir de soluções interessantes nos carros atuais. Um dos destaques é o sistema semiautônomo de condução. O recurso está disponível em modelos como Volvo XC40, BMW Série 3, Audi Q5 e Mercedes-Benz Classe E.
Reunindo tecnologias como sensores, câmeras e radares, assistente de permanência na faixa de rolamento e controlador de velocidade adaptativo, o sistema semiautônomo permite ao motorista “baixar a guarda” em rodovias ou vias urbanas rápidas. Basta manter a mão no volante que o carro faz tudo (ou quase) sozinho, como frear, acelerar e permanecer na faixa.
Já os assistentes com inteligência artificial podem, além de facilitar a vida de quem está a bordo, ser um bom passatempo. Esses sistemas “conversam” com o motorista, atendem comandos de voz e gestos para alterar parâmetros do carro, como a música que está sendo reproduzida ou a temperatura do ar-condicionado, e fornecem informações como a previsão do tempo, o resultado da última rodada do campeonato, as últimas notícias ou o resumo do capítulo da novela, por exemplo. No Brasil, esses recursos estão disponíveis em modelos como o Mercedes-Benz Classe A e o BMW Série 3.
Cada vez mais comum, inclusive nos chamados carros de entrada, o câmbio automático é um ótimo aliado em congestionamentos. Não precisar ficar trocando de marcha aumenta o conforto no trânsito pesado.
Sistemas que mudam a iluminação da cabine e massageadores nos bancos ajudam o motorista a relaxar. Ouvir música e cantar junto ou ter uma companhia também contribuem para manter o bom humor.
Smartphone é vilão
Nos últimos cinco anos, os índices de congestionamento na cidade de São Paulo não tiveram grandes alterações, segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). No pico da tarde, os números recuaram 36,2% – de 141 km em 2014 para 90 km em 2018.
Durante a manhã, houve alta. De 96 km em 2014, passaram a 98 km em 2018. No período de cinco anos, a melhor média registrada foi a das manhãs em 2017: 66 km.
Entretanto, segundo especialistas o estresse ao volante aumentou. Um dos principais vilões dessa alta é o telefone celular. “No trânsito, há a pressão gerada pelo tempo que o motorista precisa para chegar do ponto ‘A’ ao ponto ‘B’”, explica o instrutor de pilotagem e psicólogo Roberto Manzini. “E o smartphone está ali para cobrar isso o tempo todo.”
Com a proliferação dos celulares, houve uma explosão nas formas de comunicação, principalmente com o uso de aplicativos como o WhatsApp. Alberto Sabbag, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), afirma que a utilização de equipamentos eletrônicos pelo motorista reduz a atenção, aumenta o risco de acidentes e o estresse.
Além disso, quem usa o telefone ao volante comete infração gravíssima. Confira no quadro da página à esquerda.
Causas e danos do stress
Para Alberto Sabbag, diretor da Abramet, um fator importante que aumenta o estresse no trânsito é a falta de harmonia entre os motoristas. “O trânsito mal-educado torna as pessoas mais expostas ao estresse. Elas ficam tensas e agressivas”, diz o especialista.
O médico aponta ainda o fato de não haver um padrão de dirigibilidade entre os motoristas. Há os muito lentos e os que andam “costurando” entre os carros (o que pode ser considerado direção perigosa), para citar dois exemplos de atitudes que atrapalham o trânsito.
“Grande parte dos motoristas não domina o equipamento e isso atrapalha bastante”, complementa o instrutor de pilotagem Roberto Manzini.
Dano à saúde
Sabbag diz que o estresse causado pelo trânsito gera sobrecarga no sistema cardiovascular, aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. Há ainda fatores comportamentais, que afetam o lado psicológico. “Isso contribui para reduzir o tempo de reação em caso de risco de acidente”, afirma.
De acordo com o médico, é fácil notar diferenças entre a capacidade de dirigir pela manhã e no fim do dia, quando o motorista está estressado. “À tarde, a propensão a acidentes aumenta. Após o trânsito, há sempre sensação de cansaço.”
Dicas
Para Alberto Sabbag, da Abramet, nas grandes cidades o trânsito é um dos principais fatores desencadeadores do estresse. “Há uma competição do motorista por tempo e espaço”, diz o médico. “O carro é perigoso, causa danos. Isso contribui para o motorista ficar estressado.”
Embora fique à mercê de fatores sobre os quais não tem controle, como o grande número de veículos nas vias, o motorista pode adotar práticas simples que ajudam a reduzir o estresse. Confira as dicas do instrutor de pilotagem Roberto Manzini e do Detran-SP.
CORTESIA
Dar passagem a quem está sinalizando a intenção de mudar de faixa pode evitar competição, briga e até acidente;
SEGURANÇA
Para quem quer mudar de faixa na via, é importante jamais deixar de sinalizar, acionando a luz de seta;
FAROL ALTO
O Detran-SP recomenda que o motorista evite acionar recursos como o farol alto sem necessidade. O uso gratuito pode ser visto como provocação e até prejudicar a visibilidade de quem trafega à frente;
BUZINA
O barulho pode incomodar ou até mesmo assustar os demais motoristas. Em locais próximos a hospitais, é proibido buzinar.
EQUIPAMENTOS
“Alguns equipamentos podem tornar seu dia a dia no trânsito mais suportável”, diz o instrutor Roberto Manzini. Segundo o especialista, ar-condicionado e câmbio automático fazem parte dessa lista;
RECURSOS DO CARRO
O controlador de velocidade é outro bom aliado. Se o sistema for adaptativo (algo comum apenas em carros caros), melhor. Ele vai fazer o trabalho de frear e acelerar automaticamente, o que permite que o motorista relaxe (confira detalhes sobre a tecnologia na página à esquerda);
CONFORTO
“A escolha de uma posição ergonômica é muito importante”, afirma Roberto Manzini. “Isso permitirá que o motorista fique confortável ao volante e enxergue bem à frente”, afirma Sabbag;
PRECAUÇÃO
Antes de sair, é recomendável conferir o trajeto em aplicativos como o Waze, que mostram as condições do trânsito em tempo real. Isso ajuda a evitar surpresas desagradáveis, como engarrafamentos e vias bloqueadas por causa de acide