Luís Felipe Figueiredo
Despir um carro de seu teto, transformando um cupê em conversível, é uma tarefa que requer muito estudo e várias alterações na estrutura do veículo. Parte elementar na conta para a formação da rigidez torcional da carroceria, o teto, ao ser retirado, afeta diretamente a dirigibilidade.
Quanto maior for a rigidez, melhor será o desempenho do carro em curvas, por exemplo. É essa resistência que permitirá à suspensão executar com eficiência seu trabalho, mantendo o veículo “nos trilhos”.
“A retirada do teto diminui em cerca de 40% a rigidez torcional da carroceria”, afirma o engenheiro mecânico e professor da Escola de Engenharia da USP de São Carlos, Departamento de Materiais, Álvaro Costa Neto. “Com reforços, essa perda em relação ao modelo ‘normal’ cai para uns 10%. Mas sempre há alguma perda.”
Para compensar a menor rigidez, adotam-se longarinas mais reforçadas, túnel central alto, parede corta-fogo (que separa o motor da cabine) ou parede atrás do banco traseiro mais rígida. Mas esses reforços aumentam o peso do veículo.
De acordo com o professor Costa Neto, esses elementos variam conforme o tipo de capota utilizado. “Por ser articulada, a de tecido requer mais mudanças no carro”, explica. “Os ‘targa’ são intermediários. O arco central ajuda na retenção da carroceria”, diz ele. “A capota rígida é, em geral, a mais resistente. Mas depende de como é fixada à carroceria.”
Com a capota fechada, a carroceria tem de ficar o mais próximo possível de uma “estrutura espacial fechada” (semelhante a uma caixa), conforme o professor. “Os projetos estruturais modernos são extremamente otimizados, tudo está amarrado.”
Costa Neto lembra de conversíveis antigos nos quais a carroceria torcia quando sob determinadas cargas (lombadas, por exemplo). “Era falha de engenharia, cujos projetos foram subdimensionados.”
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