
Carro elétrico e faróis que se movem nas curvas são tecnologias normalmente associadas a automóveis modernos, mas pouca gente sabe que alguns dos sistemas tidos como “avançados” existiam há décadas – e alguns há mais de um século.
É o caso de motor elétrico. Em 1897, vários táxis elétricos já circulavam em Nova York. Consta que, em 1900, 28% dos automóveis registrados nos Estados Unidos eram movidos por eletricidade, proporção muito maior que a atual.
Automóveis híbridos também são muito antigos. O primeiro veículo com motores elétricos e a combustão de que se tem notícia é o Lohner-Porsche, lançado em 1899. Lohner era uma empresa baseada em Viena, na Áustria, que produziu veículos elétricos de 1898 a 1906. Ferdinand Porsche na época trabalhava para a empresa e idealizou um veículo com motores elétricos na dianteira (um para cada roda) e outro a gasolina na traseira. Por conta da distribuição de motorização, o Lohner-Porsche também foi possivelmente o primeiro automóvel 4×4 da história.
Confira outras tecnologias que parecem novas, mas não são:
Faróis que acompanham as curvas: hoje, vários automóveis (especialmente os mais luxuosos) têm fachos de luz que seguem o movimento do volante, mas nos anos 40 isso era uma revolução. O sistema apareceu no Tucker Torpedo, um projeto inovador desenvolvido pelo empresário Preston Tucker e lançado em 1948, após a Segunda Guerra Mundial. Entre outras tecnologias avançadas, o modelo tinha um farol central, ligado mecanicamente à direção e às rodas. Assim, a cada esterçamento, o facho central também se movia, enquanto os dois faróis nas extremidades permaneciam fixos.
Farol alto automático: já ouviu falar em carro que muda sozinho o facho de alto para baixo, quando cruza com outro veículo? Pois saiba que se trata de um dispositivo tão raro – mesmo hoje em dia – quanto antigo. A Cadillac lançou, no final dos anos 50, um modelo equipado com a tecnologia, batizada de Eyetronic. O “olho eletrônico” era um sensor fotoelétrico que, sob incidência de luz em sentido contrário, baixava o facho alto, para não ofuscar os olhos.
Controlador de velocidade: o engenheiro norte-americano Ralph Teetor desenvolveu em 1948 um dispositivo que era capaz de manter a velocidade do automóvel automaticamente. A ideia veio quando ele andava de carona no veículo dirigido por seu advogado, que ia acelerando e diminuindo a velocidade conforme falava, sem se dar conta. Era um profissional do Direito, mas que não dirigia direito. O primeiro veículo a vir com o sistema foi o Imperial, em 1958.
Motor com desativação de cilindros: algumas marcas, como Chrysler, Honda e Audi, têm motores com desligamento automático de cilindros. Parte deles é desativada quando há pouca demanda de força. É o caso, por exemplo, de velocidade de cruzeiro, situação em que um motor V6 ou V8 não precisa de todos os pistões trabalhando. Mas a pioneira na ideia foi a Cadillac. No final dos anos 70 a empresa lançou um carro V8 capaz de operar com oito, seis ou quatro cilindros, dependendo da situação.
Grade ativa: o Fusion tem grade frontal móvel, que se fecha um pouco em função do aumento de velocidade, para melhorar a aerodinâmica (e reduzir o consumo). A grade ativa é rara, mas não é pioneira no carro da Ford. Nos anos 20, os modelos da Rolls-Royce já utilizavam o princípio. A diferença é que a preocupação não era com aerodinâmica e consumo, como no Fusion, mas sim com o aquecimento do motor: ao ligar o carro pela manhã, a grade permanecia fechada, para que o motor esquentasse mais rapidamente. Depois da fase “fria”, ela se abria.
Mais do mesmo
Além do farol móvel, o Tucker tinha também outras características avançadas. Era o caso, por exemplo, da carroceria, que foi desenvolvida pela indústria aeronáutica. Isso dava ideia da preocupação com aerodinâmica, numa época em que pouco se falava nesse assunto. A segurança também foi levada muito a sério.
As maçanetas internas eram embutidas, para não machucar os ocupantes em caso de acidente. Pelo mesmo motivo, o interior era acolchoado, o retrovisor interno era de plástico e o para-brisa foi projetado para cair para fora do veículo na eventualidade de colisão.