Teste das antigas: Alfa Romeo 147 e Audi A3

Em 2002, marca de luxo da Fiat ainda encarava os alemães da Audi no segmento de hatch médio de luxo no País

Por 04 de fev, 2016 · 13m de leitura.
Hatches eram o que havia de mais avançado no mercado da épocaUma marca que deixou uma legião de saudosistas e amantes no Brasil, em 2002 a Alfa Romeo ainda estava por aqui e fazia frente aos alemães, que chegavam com tudo ao mercado de luxo. No segmento de hatch médio de luxo, que hoje conta com BMW Série 1, Mercedes-Benz Classe A, tinha na época o visualmente chamativo Alfa Romeo 147 e o sisudo, mas tecnicamente superior com seu motor turbo, Audi A3. Confira o comparativo da época, nas palavras do repórter Igor Thomaz.

Como manda a tradição, a eficiência alemã contra o estilo italiano só poderiam protagonizar um grande duelo. O confronto entre os esportivos Audi A3 com câmbio Tiptronic (importado da Alemanha e montado no modelo fabricado no Paraná) e Alfa Romeo 147 (importado da Itália) com transmissão Selespeed não se limita ao desempenho. É, antes de mais nada, uma questão de estilo.

Além das teclas no volante para mudanças de marcha, ambos contam com carroceria hatch de cinco portas com linha de cintura alta, mas o visual de cada um é explorado de maneira bem diferente. A distinção se estende também ao preço, quesito que dá a vantagem para o A3, vendido por R$ 69.324,00 ante os US$ 35.433 da 147, valor que chega a R$ 127.558,80 (com o dólar cotado a R$ 3,60).


O modelo italiano dá um banho no A3 quanto ao visual interno e externo, mas, no final das contas, preço e desempenho mais agressivo acabaram determinando vitória do Audi. Mais sóbrio, o A3 não mudou muito desde que começou a ser vendido por aqui, mas nem por isso deixa de ser atual e interessante. Para quem gosta de ser notado enquanto dirige, ainda que devagar, a melhor opção é o Alfa.

Seu estilo lembra o dos sedãs 156 e 166, mas é ainda mais chamativo. Na frente, o que mais atrai olhares é a grade frontal triangular e as grandes entradas de ar no pára-choque, itens bem menos explorados no A3. Outro destaque do carro italiano é a combinação de estilos moderno e retrô usada para distinguir as maçanetas das portas. As frontais são metálicas e contam com alça, enquanto as traseiras possuem puxadores escondidos no acabamento entre o vidro e a coluna traseira.

Por fim, as lanternas em forma de amêndoa completam o visual moderno do carro italiano. Os mais discretos, porém, certamente preferirão a sobriedade do modelo alemão, que conta com maçanetas das portas com o mesmo desenho e lanternas de estilo menos agressivo.


Turbo x aspirado. Quando o assunto é desempenho, o que é primordial quando se fala em esportivos, os modelos revelam mais uma importante diferença. Agora é o Audi que se mostra mais agressivo, já que o modelo conta com motor 1.8 turbo 20V de 180 cv de potência a 5.500 rpm e 23,9 mkgf de torque entre 1.950 e 5.000 rpm.

Esses números são suficientes para fazer o A3 ser mais rápido e veloz que seu oponente: 0 a 100 km/h em 7,2 segundos e velocidade final de 228 km/h; segundo a montadora. Medido por Autos, o consumo urbano de combustível ficou em 7,3 km/l; o ar-condicionado foi usado freqüentemente nas medições de consumo.

Se não estiver com pressa, o condutor perceberá que o modelo é dócil em baixas rotações, comportamento adequado para a cidade. Quando o acelerador é pressionado um pouco mais, o carro arranca rápido, principalmente quando o ponteiro do conta-giros está passando das 2.000 rpm.


O motor do Alfa também agrada bastante, mas o fato de ser aspirado o deixou para trás na disputa.Sob o capô está o 2.0 16V Twin Spark (duas velas por cilindro) de 148 cv a 6.300 rpm e 18,3 mkgf de torque a 3.800 rpm. Utilizado anteriormente no modelo 156, esse propulsor deixou o 147 bem arisco. O segredo para tirar o melhor rendimento do carro é manter o motor em alto giro, até porque o 2.0 16V mostra maior vigor quando está perto das 4.000 rpm; abaixo disso não é tão forte. De acordo com a Alfa Romeo, o 147 acelera de 0 a 100 km/h em 9,7 segundos e atinge 205 km/h de máxima. O consumo urbano ficou em 8,2 km/l.

A posição das borboletas de acionamento tornam o câmbio do Alfa mais interessante que o do A3, com teclas no volante. Potência e estilo à parte, o ponto alto dos carros é a transmissão. Com o câmbio Tiptronic, disponível apenas para o A3 com propulsor 1.8 de 180 cavalos, o condutor pode se dar ao luxo de escolher três formas diferentes de condução; o que vale também para o Alfa Romeo 147. No Audi, basta levar a alavanca do câmbio até a posição D (de drive, dirigir), o que o faz funcionar como uma transmissão automática tradicional.

Se quiser comandar as trocas de marchas, basta ao motorista deslocar a alavanca da posição D para a direita. Depois é só empurrá-la para a frente a fim de selecionar as marchas mais altas ou trazê-la para trás, para engrenar as mais baixas; como acontece com as transmissões seqüenciais.


A terceira opção é a que mais privilegia a esportividade. Há duas teclas no volante, bem ao alcance dos polegares, que também comandam as trocas de marchas. Um simples toque com os dedos (na parte de cima ou na de baixo das teclas, que têm os sinais + e – para orientar o condutor) é o suficiente para mudar o ritmo de trabalho do motor 1.8 turbo.

Distinções. Aí está a maior diferença para a transmissão Selespeed do Alfa 147. Enquanto no Audi as duas teclas servem para engatar uma seqüência crescente ou decrescente de marchas, no Alfa Romeo o condutor tem de pressionar a alavanca da direita para selecionar as marchas superiores e a da esquerda para reduzir.

A posição dessas pequenas borboletas de acionamento também é diferente, já que no 147 elas estão ao alcance dos outros quatro dedos das mãos, na parte de trás dos raios superiores do volante. Ponto para o modelo italiano, pois essa diferença torna as trocas bem mais cômodas.


O funcionamento da alavanca também é diferente. Para dirigir o modelo com o câmbio operando automaticamente, é preciso acionar a tecla City, no console central. Se quiser comandar a alavanca, os movimentos para trocas de marcha são os mesmos do rival; marchas superiores para a frente, reduções para trás. O volante do 147 traz também teclas para a seleção de estações de rádio e controle de volume, o que não existe no Audi.

Problemas. Mas nem tudo é tão perfeito assim. Ambos sofrem com as irregularidades do asfalto; o Alfa um pouco mais quando passa por buracos, mas o protetor de cárter do A3, que é mais baixo, vira e mexe bate no piso, o que exige velocidades bem baixas para passar por valetas ou lombadas mais acentuadas.

A estabilidade também é um ponto forte dos dois, mas o Audi também se saiu um pouco melhor nesse quesito. Os dois possuem controle de tração e contam com rodas de liga de aro 16″ e pneus 205/55. Os freios possuem ABS e EBD, mas os do 147 passaram maior confiança.


O estilo arrojado da carroceria do 147 também inspirou seu interior. O maior destaque fica para o painel de instrumentos, dividido em três partes circulares. Ambos receberam itens como ar-condicionado eletrônico, bolsas infláveis e trio elétrico, entre outros equipamentos.

Entre os opcionais, o Alfa Romeo 147 oferece bancos dianteiros com aquecimento, rodas aro 17″ com pneus 215/45 e teto solar. O Audi A3 pode receber retrovisor interno antiofuscante, faróis com lâmpadas de xenônio e controle de velocidade.