A Audi mostrou há poucas semanas a versão nacional do A3 sedã, cuja produção já começou na fábrica do Grupo VW em São José dos Pinhais, no Paraná. As mesmas instalações que produziram entre 1999 e 2006 a primeira geração do modelo, ainda quando apenas o hatch existia. Aqui temos a primeira avaliação do A3 com motor turbo, versão que deu fama ao hatch por aqui, ainda importado da Alemanha, publicada em 30/10/1997. Nas palavras do repórter André Gomide.

Com turbo, Audi A3 parece outro carro

Compressor tornou o carro ágil, o que pode ser sentido por qualquer motorista

O conjunto mecânico do Audi A3 Turbo é bem afinado, e a excelente estabilidadefoi confirmada no teste. Internamente, não houve mudança no carro, comrequintes como estojo de primeiros socorros e a desagradável falta de ancoragem
para a fivela do cinto de segurança dianteiro. O preço de US$ 46 mil é altopara um carro do porte do Audi A3.

André Gomide

Quando foi testado, em fevereiro, o A3 1.8 de aspiração natural arrancouelogios. De projeto moderno, o primeiro compacto da Audi agradou em conforto,freios e em segurança. Mas seu motor 1.8 de 125 cv negou fogo e não foi capazde oferecer desempenho à altura do modelo. Com a chegada do A3 Turbo essadeficiência desapareceu. O compressor tornou o carro ligeiro nas acelerações ena velocidade máxima. E neste novo teste o carro confirmou sua excelenteestabilidade. Mas o preço inicial de US$ 46 mil é alto para um carro desse porte.

Quem estiver decidido a pagar o que a Senna Import pede pelo A3 Turbo vai levarpara a garagem um carro de conjunto mecânico bem afinado. Às suas qualidadessomam-se alto padrão de acabamento, comum nos modelos da marca, e alto nível desegurança. Os únicos opcionais possíveis são o toca-discos a laser e as bolsas infláveis laterais, que acrescentam, cada um, mais US$ 1,5 mil ao preço doveículo. O controlador automático de velocidade, não disponível no carrotestado, será incorporado nas versões futuras.

Por dentro o A3 Turbo é exatamente igual ao modelo com motor aspirado. O quadrode instrumentos vem com velocímetro e conta-giros com numeração branca que ficavermelha à noite, computador de bordo com cinco funções e verificador que permite saber instantaneamente como estão freios, nível e temperatura dolíquido do radiador, pressão do óleo do motor e falha na luz de freio, entreoutras informações, como baixo nível de combustível e carga da bateria.

O Audi compacto tem regulagem interna do foco do farol, que permite ajuste ematé quatro posições, um dispositivo útil sempre que o porta-malas, comcapacidade para 350 litros, recebe carga. Outro equipamento que desperta aatenção no A3 Turbo (e também no A3 aspirado) é o estojo de primeiros socorrosque fica sob o assento do passageiro da frente. Uma crítica vai para a falta de ancoragem para a fivela do cinto de segurança dianteiro, que se esconde entre a
porta e o banco, obrigando a pessoa, seja motorista ou passageiro, a umaginástica no momento de colocar o equipamento.

Algumas soluções, embora pareçam pequenas, contribuem muito para aumentar oconforto. A chave tem controle remoto a distância por radiofreqüência (o comumé raio infravermelho), o que possibilita travar ou destravar a porta sem ter dese apontar a chave para determinada direção. Além disso, quando o botão dedestrave da porta é mantido apertado por um período de tempo maior, ele abreautomaticamnetre os vidros. Já o que trava a porta, se mantido apertado, fechaos vidros e o teto solar de acionamento elétrico.

Entre os equipamentos de série que completam a satisfação com o A3 Turbo estãoo ar-condicionado com controle eletrônico de meio em meio grau. Além disso, umclimatizador eletrônico leva em conta a posição do sol para corrigir a
temperatura, de forma a mantê-la sempre uniforme no interior do veículo. Ovolante possui regulagem de altura e profundidade e a direção tem assistênciahidráulica. Nesse modelo, o que é pouco comum em carros da Audi, a direção semantém firme quando se trafega em alta velocidade.

Todo esse grupo de acessórios ganha ainda mais valor quando se analisa ocomportamento dinâmico do carro. Com o motor turbo de 150 cv, o A3 agora tem aagilidade que merecia. Aquele vacilo do motor 1.8 aspirado em baixas rotaçõesnão existe nessa versão de propulsor. O momento de maior força (21 mkgf) édistribuído em uma extensa faixa de rotação que vai de 1.750 a 4.800 rpm. Acimade 2.000 rpm, qualquer motorista, por menos experiente que seja, vai sentir oimpulso do motor.

O resultado começa a aparecer logo nas retomadas. Foi mantido o câmbio daversão aspirada, ou seja, continuam as relações longas, mas com os engatesprecisos e rápidos. O A3 Turbo faz em 18s36 a retomada de 40 a 100 km/h, em
quinta, superando o A3 aspirado em 5s74. De 60 a 120 o tempo cai para 16s67 e volta a subir na retomada em 80 a 140 km/h (17s24). Esses tempos confirmam aelasticidade do motor, gerando torque mesmo em baixas rotações.