Clarissa Mangueira
A produção da Toyota, Nissan e Honda recuou mais de 50% em março em razão dos distúrbios na cadeia japonesa de abastecimento de peças, provocados pelo forte terremoto e o tsunami que atingiram o país no início de março. Os prolongados problemas com o fornecimento de peças no Japão também ameaçam o status da Toyota como maior fabricante de automóveis do mundo. A empresa pode perder seu título para General Motors e até ficar atrás da Volkswagen, ocupando o terceiro lugar no ranking, de acordo com Mamoru Kato, analista da Tokai Tokyo Research Center.
Embora o mês de março seja geralmente o maior em produção, visto que o fechamento contábil leva as concessionárias a fazerem um último esforço para vender o máximo de veículos possível, isso não impediu uma queda acentuada na produção.
Segundo dados divulgados nesta segunda-feira 25, a produção nacional da Toyota recuou 63% em março, para 129.491 veículos, ante o mesmo período do ano anterior. As exportações da montadora recuaram 33%, para 107.751 unidades. A Nissan, segunda maior fabricante japonesa em volume, afirmou que sua produção caiu 52%, para 47.590 veículos, e suas exportações recuaram 13%, para 41.746 unidades. A produção da Honda declinou 63%, para 34.754 veículos, enquanto as exportações cederam 26%, para 20.699.
Diante do corte da produção, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s reduziu sua previsão para seis montadoras japonesas, incluindo a Toyota e a Honda, para negativa. A agência prevê que a redução da produção pode afetar o desempenho operacional e financeiro das empresas do setor no atual ano fiscal e corroer sua participação de mercado e posição competitiva no longo prazo.
O movimento da S&P indica um aumento da probabilidade de um rebaixamento para as ações das montadoras e de seus fornecedores.
Os problemas com a aquisição de peças também provocaram uma redução das exportações do Japão. Isso, combinado com a incapacidade de fábricas no exterior para manter a produção, devido à escassez de peças, elevou as preocupações sobre se as montadoras serão capazes de sustentar o abastecimento de veículos para as concessionárias no mercado externo.
Apesar de as montadoras terem retomado as operações de todas as suas fábricas no Japão em meados de abril, no rescaldo do desastre, a expectativa é de que a produção não será restaurada para o nível normal tão breve, visto que as empresas de abastecimento ainda estão lutando para restaurar sua produção. Além disso, o governo japonês alertou sobre um provável corte de energia neste verão na região leste do país onde algumas fábricas de automóveis estão localizadas e mais de 500 fabricantes de peças operam fábricas.
As três principais montadoras japonesas estão operando atualmente suas fábricas a uma taxa 50% inferior ao nível normal ou planejado de produção. As contínuas dificuldades com o abastecimento de peças significam que é difícil para essas empresas fazerem qualquer previsão de longo prazo sobre quando a situação vai melhorar.
A redução da produção de veículo no Japão afetou as vendas da indústria em março, que recuaram 37% em relação ao mesmo período do ano anterior. O declínio foi o maior registrado desde maio de 1974, afirmou a Associação de Concessionárias de Automóveis do Japão no início deste mês.
O Credit Suisse prevê que a produção mundial das montadoras japonesas poderá cair 37% no primeiro semestre até setembro, em relação ao mesmo período do ano passado, e 19% no ano cheio. As informações são da Dow Jones.