É comum um modelo que acaba de ser lançado ganhar o primeiro comparativo de que participa. Isso ocorre por um motivo bem simples: quem chega depois tem mais tempo de estudar a concorrência. Mas acontece de o desafiante perder, como neste duelo entre o Yaris e o Polo.
O Toyota feito em Sorocaba (SP) é repleto de qualidades. O problema é que o hatch enfrenta o Volkswagen, que, não por acaso, tornou-se a sensação da temporada – é o quarto carro mais vendido do País, no acumulado de janeiro a maio.
O comparativo foi feito entre as versões de topo dos hatches. O Yaris XLS, com motor 1.5 e câmbio automático CVT, sai a R$ 77.590 com o pacote completo de equipamentos. O Polo Highline 200 TSI (1.0 turbo e caixa automática de seis marchas) parte de R$ 71.760.
No quesito preço, o Volkswagen sai em vantagem. Mesmo com todos os opcionais, incluindo painel virtual e tela multimídia de 8 polegadas, entre outros, a tabela é de R$ 77.500, ainda abaixo da do Yaris XLS.
Mas o Polo venceu por ter mais tecnologias que o rival. A versão Highline tem motor 1.0 de três cilindros, com turbo e injeção direta de gasolina, que gera potência de 128 cv e torque de 20,4 mkgf. É bem mais que os 110 cv e 14,9 mkgf do 1.5 de quatro cilindros do Yaris.
Na prática, esse monte de números resulta em dirigibilidade muito superior do VW, que responde prontamente aos comandos do motorista. O Toyota, por sua vez, tem temperamento comportado, graças, em parte, ao câmbio CVT, que prima pelo conforto. Na cidade o Yaris agrada muito. Já na estrada há uma certa demora nas respostas à pressão no acelerador. Depois que embala, a novidade vai bem.
Só o Polo tem freio a disco nas quatro rodas (o Yaris tem tambores atrás). O Toyota contra-ataca com sete air bags de série (quatro no Polo) e teto solar, que não é oferecido no Volkswagen nem como opcional.
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Polo é ‘europeu’ e Yaris, ‘tailandês’
O Polo que roda no Brasil utiliza a mesma plataforma do europeu (MQB). Já o Yaris é semelhante ao que circula na Tailândia, mais simples e um pouco mais encorpado que o vendido na Europa. Por lá, o Toyota também tem versão híbrida e tecnologias como sistema de manutenção em faixa de rolagem e frenagem automática.
O Yaris tem 4,14 metros de comprimento, 8 cm a mais que o Polo (4,06 m). Já a distância entre os eixos é praticamente a mesma (2,55 m no Toyota e 2,56 m no VW). O espaço no banco traseiro é um pouco melhor no Yaris, que tem também assoalho plano. A ausência do túnel central melhora o conforto do quinto ocupante.
A central multimídia do Toyota tem tela de 7 polegadas. Vem com câmera atrás, mas não tem navegador GPS (apenas espelhamento de smartphone, por ora só Android). No Polo, o kit de série tem tela de 6,5” e não há navegador GPS. A opcional de 8” está em um pacote que inclui o quadro virtual de instrumentos.
Os dois têm controles de tração e estabilidade de série. Pelo porte, o Yaris bem que merecia pneus um pouco mais largos e rodas maiores. O hatch vem de série como rodas de liga de 15 polegadas e pneus 185/60 R15. O Polo sai de fábrica com rodas de 16” e pneus 195/55 R16. Opcionalmente, há o conjunto de 17” com pneus 205/50 R17.
OPINIÃO: Acho o Yaris caro
Pelo que oferece, o Yaris deveria ser mais barato. O acabamento do Polo também é simples, mas a VW disfarça isso com itens como quadro virtual e uma grande central multimídia (opcionais na versão Highline). Com tantos recursos tecnológicos à vista, as pessoas tendem a notar menos a economia no acabamento. Mesmo assim, acredito no sucesso do novo Toyota.
Embora não tenha visual arrebatador, é simpático e tem personalidade. Não se parece com um “mini Corolla”, e principalmente não tem nenhuma semelhança com o Etios. Se por um lado a motorização emprestada do modelo menor (1.3 e 1.5) garante desempenho sem grandes emoções ao volante, por outro também não decepciona.
Enfim, o Yaris é um carro equilibrado, racional, bem ao gosto do público da Toyota. A empresa quer vender 5.800 unidades por mês do modelo, das quais 55% representadas pelo hatch (3.190 unidades). Creio que esses números são bem realistas.