Quando a Chevrolet lançou no País a versão mais simples, LT, do Tracker, a primeira impressão era de que o utilitário-esportivo importado do México ganharia força no segmento que vem se mostrando imune à crise nas vendas. Afinal, a nova opção, que tem motor 1.8 de até 144 cv, parte de R$ 76.990, ou seja: é uma das mais baratas com câmbio automático, item muito valorizado pelos consumidores desse tipo de veículo. Mas o fato é que o jipinho de entrada traz apenas o básico e, principalmente por isso, foi derrotado neste comparativo pelo bem recheado 2008.
Produzido em Porto Real (RJ), o Peugeot é, entre os modelos nacionais, um dos com melhor custo-benefício. Por menos que os R$ 72.990 da versão Allure há apenas o EcoSport, a R$ 72.900. Com motor 1.6, de até 122 cv, o 2008 não nega fôlego no dia a dia, mas o problemático câmbio automático de quatro marchas – ante as seis da caixa do Tracker – limita o desempenho do jipinho. Ainda assim, o Peugeot supera o rival em quesitos objetivos, como dirigibilidade, e subjetivos, como o desenho da carroceria e os itens da cabine.
Conteúdo. O 2008 já sai de fábrica com ar-condicionado com duas zonas de temperatura, sistema multimídia que inclui navegador GPS, entrada USB e Bluetooth, tudo projetado em uma tela de sete polegadas, além de quatro air bags, sensor de obstáculos na traseira e controlador de velocidade de cruzeiro. Isso sem contar itens básicos, como a direção assistida e os conjunto elétricos.
No Tracker, chama a atenção a ausência de vários equipamentos. O sistema de som, por exemplo, tem apenas rádio e tocador de CDs. Não há nenhuma conexão que permita reprodução de arquivos digitais. Além disso, fazem falta comandos de volume e troca de estação no volante – no Peugeot esse recurso está na coluna de direção.
Para ter os itens que vêm de série no 2008, o cliente do Tracker tem de recorrer à versão LTZ, cujo preço sugerido é de R$ 83.890. Por menos que isso – R$ 77.090 -, a versão Griffe do Peugeot já vem com bancos de couro e teto solar.
Por dentro. O volante do Chevrolet tem ajuste apenas de altura. No 2008, há também de profundidade, o que facilita encontrar a posição ideal de dirigir. O Peugeot também tem cabine mais moderna que a do rival.
Em ambos o acabamento interno é bem feito, mas os materiais utilizados no 2008 aparentam ser mais modernos. No Tracker LT, tudo parece ser extremamente simples.
Longe da preferência.Tracker e 2008 são muito bons, mas estão longe de ter a preferência do consumidor. O Chevrolet é quinto colocado em vendas no segmento e o Peugeot está em sétimo lugar. A briga pela liderança ficou polarizada entre dois novatos: Honda HR-V e Jeep Renegade. No caso do Tracker, o problema sempre foi a limitação da linha. E a chegada da versão LT, que se juntou à LTZ, não deve resolver isso, pois quem paga quase R$ 77 mil por um veículo espera muito mais conteúdo que o oferecido. Pode parecer que a Peugeot cometeu um erro estratégico ao definir as versões do 2008 para o País. O motor 1.6 turbo de até 173 cv, que em outros carros da marca vem acompanhado pelo bom câmbio automático de seis marchas, no utilitário vem apenas com a caixa manual. Assim, quem quiser um 2008 automático – a maioria dos clientes do segmento -, tem de se contentar com o 1.6 “mais fraco” e com o antiquado câmbio de quatro marchas. A explicação é que o 2008 não pode receber a combinação do 1.6 turbo com o sistema que muda as respostas do câmbio automático conforme o piso.