
BELISA FRANGIONE
FOTOS: SERGIO CASTRO/AE
O Chevrolet Master 1935 desta reportagem é um sonho “quase” realizado do advogado Arlindo Rachid Miragaia. Ele procurava por exemplar 1933 do mesmo modelo quando soube que um colecionador estava vendendo um veículo parecido, só que dois anos mais novo.
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“Como não encontrei o carro do ano que eu procurava, resolvi ficar com este que, embora conservado, estava um tanto quanto cansado, com pequenos desgastes na pintura”, conta.
Com o auxílio de um mecânico, Miragaia queria deixar o carro como novo. Mas, durante o processo, uma surpresa desagradável: o interior estava repleto de cupins. “Foi aí que descobri que parte da estrutura dele é feita de madeira e resolvi desmontar parafuso por parafuso.”
Todo o interior do carro foi restaurado com madeira de lei. Os pneus com faixa branca foram importados dos Estados Unidos. O câmbio, o diferencial e o motor também receberam atenção especial.
Segundo Miragaia, o Master só não é 100% original por questões de segurança. “Optei por instalação de hidrovácuo para o freio, já que o antigo era do tipo varão, que exigia um tempo maior para a frenagem e pregava uns bons sustos no motorista”, explica.
O visual externo, impecável, tem três detalhes interessantes e até raros de se ver por aí. As quatro portas são do tipo “suicida” (que se abrem em posição contrária à das convencionais). Os dois estepes ficam localizados no para-lama. E como não há porta-malas, um suporte de metal fixado à tampa traseira tem a função de transportar bagagens.
o acionar o pedal do acelerador, o ronco é nervoso e a sensação é de que o carro realmente vai decolar. Mera impressão.
Miragaia vai logo lembrando que o modelo foi produzido há quase 80 anos. “Na estrada, o ideal dele é andar, no máximo, a 90 km/h (o velocímetro indica até 150 km/h). Ele faz mais do que isso, mas é preciso respeitar os limites da idade”, brinca.
O advogado, que costuma viajar para o litoral e para o interior com o carro, diz que o Master é bastante assediado por onde passa. Já recebeu propostas de venda e até para utilizá-lo em cerimônias de casamento.
Mas atenção, noivos e interessados em comprá-lo: ambas são sempre recusadas. “Vender eu não vendo. Para levar noivas, precisaria de um motorista. E somente eu dirijo esse carro”, avisa Miragaia.