Fotos: Sérgio Castro/AE
Viviane Biondo
“Ela é fotogênica até em aviso de multa”, brinca o representante comercial Dionísio Cândido Moreira que, mesmo sendo dono de uma Chevrolet Bel Air 210 Handyman 1954 há mais de duas décadas, mantém a paixão como se tivesse acabado de comprar a perua. “Precisa ver na estrada que maravilha é esse carro.”
Moreira conta que o primeiro proprietário do modelo norte-americano foi um convento em Rio Casca, cidade na Zona da Mata Mineira. “Eu soube que o carro pertenceu à madre superiora, que o repintou de bege escuro, mesma cor das roupas usadas pelas freiras.”
VEJA O VÍDEO
https://tv.estadao.com.br/videos,CONHECA-…
A perua foi comprada em uma loja na capital e seu atual proprietário só descobriu que a pintura não era original durante o processo de restauração. “A princípio eu achei o tom feio, mas hoje percebo que é um dos maiores atrativos do carro. Tem gente que pede para fotografar e diz que nunca tinha visto uma cor tão bonita.”
A perua tem motor de seis cilindros em linha de 125 cv. Batizado de 235 Blue Flame, o propulsor foi o primeiro de uma família que equipou carros como Camaro e Impala. A transmissão é manual de três marchas e as trocas, feitas por alavanca na coluna de direção.
Detalhes cromados, revestimentos e tapeçaria foram refeitos por Moreira, mas mantiveram a configuração original. O acabamento inclui a inscrição Country (campo) e no porta-malas e laterais há um revestimento que lembra madeira.
“Depois da Segunda Guerra, a crise do aço fez com que algumas marcas criassem versões chamadas de Wood (madeira)”, diz o diretor da Federação Brasileira de Veículos Antigos, Tiago Songa.
O material chegou a constituir boa parte das laterais desses modelos, mas seu uso como ornamento foi proibido em 1952 por aumentar o risco de o veículo se incendiar.
Moreira só reclama de ter de levar o carro à inspeção ambiental. “Ele é uma parte da história dos automóveis e naquela época as emissões não eram problema. Além disso, só rodo nos fins de semana.”