MILENE RIOS
O Pajero Dakar, que foi nacionalizado, chegou às autorizadas Mitsubishi neste mês com motor flexível. O utilitário e a picape L200 Triton, da mesma marca, são os únicos V6 bicombustíveis do País. Os dois modelos, no entanto, também têm versões a diesel. E diante do alto consumo dos veículos capazes de rodar com álcool ou gasolina em qualquer proporção, fica a questão: os V6 flexíveis valem a pena?
A fabricante não divulga dados oficiais de consumo, mas o engenheiro da Mitsubishi Reinlado Muratori informa que, na média, o da L200 Triton e do Pajero Dakar na estrada é de 5,5 quilômetros com um litro de etanol – e de 7 km/l com gasolina. O propulsor 3.5 V6 gera 205 cv.
Já o utilitário e a picape equipados com o motor quatro-cilindros 3.2 a diesel percorrem 10 km/l em rodovias, também de acordo com o engenheiro.
“Mesmo consumindo mais, a versão flexível é vantajosa. O diesel, apesar de ser mais econômico, é um investimento maior”, afirma Muratori.
No caso da L200 Triton, a tabela é de R$ 104.690 para a versão flexível com cabine estendida e câmbio automático e R$ 123.990 para a opção a diesel. No utilitário, os preços são de R$ 134.990 e R$ 147.990, respectivamente.
Levando em conta a tabela de preços dos modelos, o valor médio dos combustíveis e o consumo dos motores V6, o consultor financeiro Alexandre Lignos, da IGF, fez uma simulação de gastos (veja tabela abaixo). “Por causa da diferença na tabela, quem compra um modelo a diesel tem de rodar 62 mil quilômetros a mais do que aquele que tem o flexível”, diz o especialista. “Os R$ 19.300 a mais pagos pela versão a óleo equivalem a 126 tanques de etanol.”
Segundo Lignos, a opção a diesel é vantajosa ante a flexível (com etanol) por volta dos 200 mil km. “Aí, o veículo já se pagou e, por ter um consumo menor, pesa menos no bolso.”
Para tentar equilibrar a autonomia das duas versões, a fabricante aumentou a capacidade do tanque das configurações flexíveis do Pajero Dakar e da L200 Triton de 70 e 75 litros, respectivamente, para 90 litros.
“Se os números forem reais, mostram um bom trabalho de calibração”, diz o professor da FEI Silvio Sumioshi. “E para o meio ambiente é melhor evitar combustíveis fósseis. Só por isso o flexível já se justificaria.”