
Gustavo Henrique Ruffo
Quem compra um seminovo procura por bom negócio, independentemente de o carro custar R$ 30 mil ou R$ 300 mil. Ainda que o interessado em modelos de alto luxo esteja disposto a pagar mais para ter exclusividade, levar um carrão com poucos quilômetros no hodômetro representa uma economia de, no mínimo, 20% ante a tabela do novo. No exemplo acima, estamos falando de R$ 60 mil.
“Há clientes que querem estar sempre com o carro último tipo e não se preocupam com dinheiro. Eles rodam pouco e, quando vão trocar por outro modelo zero-km, entregam o usado como parte do pagamento. Em 95% dos casos, o seminovo está bem conservado”, diz André Martins, gerente geral da Caltabiano para as marcas Mercedes-Benz e Chrysler. Em geral esses veículos rodaram menos de 10 mil quilômetros.
Ele afirma que quem procura o usado está em busca de oportunidades. “Já tive cliente interessado em Classe C novo que se apaixonou por um Classe E usado e o levou para casa.”
Aldo Biasetton, responsável pela área de usados da Eurobike, grupo com concessionárias de marcas como Audi, BMW, Porsche, Jaguar, Land Rover, Mini e Volvo, confirma a avaliação do colega. “O cliente que leva um automóvel pouco rodado, já com IPVA pago e depreciado em relação ao novo faz um baita negócio.”
Sem risco. Não é só a chance de fazer um bom negócio que atrai compradores para o mercado de seminovos de luxo. Há consumidores que levam o carro de segunda mão para fazer um tipo de test drive antes de partir para o novo. “São clientes que não querem se arriscar. São apaixonados pela marca e querem entrar nela, mas, para se sentirem mais seguros, começam com um seminovo “, afirma a diretora de operações do grupo SHC para as marcas Jaguar e Aston Martin, Elena Farah. “Carro de luxo é um desejo, um sonho, especialmente no caso de modelos com preço acima de meio milhão de reais.”
Outro perfil de comprador são clientes tradicionais da marca, que procuram modelos pouco rodados para presentear os filhos, por exemplo.
“Os fatores para comprar um seminovo variam conforme o comprador”, diz o sócio-gerente da British Car, representante da inglesa Bentley no Brasil, Joseph Tutundjan. Ele cita os que querem um segundo modelo da marca. “Outros levam o carro porque gostaram da combinação das cores (externa e interna) e alguns se interessam pelo preço, embora os Bentley não desvalorizem na mesma velocidade dos outros carros.”
Manutenção ‘salgada.’ Mas, como qualquer produto de segunda mão, o veículo usado também oferece mais riscos ao comprador do que um novo. “Carros muito caros costumam ter manutenção à altura. Chamamos esses veículos de ‘pesados’. Um módulo eletrônico de um BMW Série 7, por exemplo, pode custar R$ 15 mil”, afirma Biasetton.
Por causa da manutenção “salgada”, o ideal é que esses modelos tenham proteção adicional para o caso de panes. “Como eles tendem a se desvalorizar mais, trata-se de uma solução para evitar complicações na hora da revenda.”
O executivo se refere a programas como o Premium Selection, da BMW, o Approved Plus, da Audi, e o Star Selection, da Mercedes-Benz.
“Eles certificam os usados e incluem garantia estendida que vale a pena. Num Série 7, o preço é de cerca de R$ 3.500 por ano, o que não representa quase nada em um carro desses.”
Em comum, para fazer parte desse seleto grupo os veículos têm de ter baixa quilometragem e passam por uma rigorosa revisão. O programa da Audi, por exemplo, prevê a verificação de 120 itens.
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