A faixa de preços de R$ 50 mil a R$ 60 mil é ingrata. Enquanto o intervalo imediatamente inferior, de R$ 40 mil a R$ 50 mil, reúne uma boa variedade de modelos com motores 1.5 e 1.6 – primeiras opções fora das motorizações de 1 litro -, esta faixa de preço não chega a representar um grande salto de qualidade. Traz, em geral, os mesmos compactos que ocupam a faixa anterior, mas em configurações um pouco mais equipadas. Geralmente, a sensação que deixa para o consumidor é a de que ele fez um desembolso maior por um carro que poderia ter custado mais barato.

E não há como ser diferente. Esse intervalo de preço é uma espécie de vale deserto entre os compactos na faixa dos R$ 40 mil e os modelos de categorias imediatamente superiores, que começam a pipocar a partir dos R$ 70 mil – é nesse ponto que surgem os hatches e sedãs médios, além das opções de utilitários-esportivos que ocupam a “segunda divisão” do segmento.

O hiato é tão claro que há marcas, como a Nissan, que não possuem nenhuma opção de compra nessa faixa. O Versa mais caro não chega a R$ 50 mil, enquanto o Sentra de entrada passa de R$ 70 mil.

Os casos da Toyota e Hyundai são parecidos: para esta lista, tivemos que forçar a barra e escolher as opções mais caras dos modelos de entrada Etios e HB20, já que o Corolla pé-de-boi, com motor 1.8, câmbio manual e calotas, começa em R$ 69.690, e os próximos Hyundai da gama beiram os R$ 80 mil.

Confira as dez opções selecionadas pelo Jornal do Carro. Os preços informados se referem às opções com pintura sólida – tonalidades metálicas ou perolizadas geram acréscimo entre R$ 1.000 e R$ 1.500 às tabelas – e os dados de potência valem para o abastecimento com etanol.

RENAULT SANDERO STEPWAY (106 cv): R$ 51.350.
Renovado recentemente, o Sandero Stepway rejuvenesceu – e a versão de apelo aventureiro Stepway foi a que mais se destacou após a intervenção do bisturi. Conforto e espaço interno são as maiores virtudes do modelo. Os 106 cv do motor 1.6 8V cumprem o necessário, mas não proporcionam arrancadas lá muito empolgantes. A capacidade do porta-malas é de 320 litros.

TOYOTA ETIOS CROSS (96 cv): R$ 51.610.
A Toyota é um bom exemplo de como esta faixa de preço pode ser insossa. Como o Corolla mais pé-de-boi parte de R$ 70 mil, o jeito é se conformar com o Etios. Lançado na Índia em 2010 e no Brasil dois anos mais tarde, ele não entorta pescoços por onde passa, e a cabine, com acabamento espartano e painel centralizado, não causa melhor impressão. A versão estradeira, Cross, é a que melhor disfarça o estigma de patinho feio do modelo, que é ótimo de dirigir. O porta-malas leva 270 litros de bagagem.

CHEVROLET ONIX EFFECT (103 cv): R$ 53.390.
O modelo líder de vendas da Chevrolet aparece em sua versão de topo, com visual incrementado por adesivos, faróis e lanternas escurecidos e rodas exclusivas. O motor 1.4 até dá conta do recado, mas sem sobras. A central multimídia, sensível ao toque, tem operação fácil. O bagageiro leva 280 litros.

HONDA CITY DX MANUAL (116 cv): R$ 53.900.
Nesta faixa de preço, quem quiser colocar na garagem um sedã da Honda terá de se contentar com a versão de entrada do City, despida de rodas de liga leve e faróis de neblina. Nada de câmbio automático: na versão mais barata com CVT, o preço salta para R$ 63.400, sem pintura metálica. No porta-malas (que não tem luz interna nessa versão), cabem 536 litros.

FORD FIESTA SEDAN SE 1.6 MANUAL (130 cv): R$ 55.790.
Desde que a Ford optou por não oferecer mais carros “pelados”, mesmo as versões mais básicas de seus modelos não economizam no conforto. No caso do sedã global Fiesta, o catálogo SE já traz ar-condicionado digital, assistente para partida em rampas, central multimídia com comandos de voz para o celular e controles de estabilidade e tração. No compartimento de bagagem, vão 440 litros.

FIAT STRADA ADVENTURE 1.8 CABINE ESTENDIDA (132 cv): R$ 58.450.
A Strada é a picape mais vendida do País. A versatilidade e a robustez estão presentes em todas as versões, mas, enquanto as mais baratas têm clara vocação para o trabalho, a Adventure convida para o lazer, com pneus mais parrudos e um bom motor 1.8. Há espaço para 910 litros na caçamba.

VOLKSWAGEN SPACEFOX COMFORTLINE 1.6 (104 cv): R$ 58.590.
Remanescente de um filão posto de lado, o das peruas, a Spacefox entrou em 2015 com leves atualizações visuais, como o irmão Fox, além de um novo câmbio manual de seis velocidades. A versão de entrada traz o essencial para essa faixa de preço: ar-condicionado, direção assistida, trio elétrico, faróis de neblina e computador de bordo. Acomoda 430 litros de bagagem.

CITROËN AIRCROSS 1.6 TENDANCE MANUAL (122 cv): R$ 58.990.
O Aircross, versão de apelo esportivo do monovolume fabricado em Porto Real (RJ), quase não entra nesta lista. Na configuração mais acessível, Tendance, ficam de fora ar-condicionado digital, bancos de couro e controle de velocidade de cruzeiro. No porta-malas, há espaço para 403 litros.

PEUGEOT 208 GRIFFE 1.6 MANUAL (122 cv): R$ 59.150.
Quem busca um hatch compacto bonito, bem acabado e completo pode levar para casa a versão de topo do 208, Griffe, que entrega ar-condicionado digital de dupla zona e teto solar panorâmico. O câmbio automático engordaria a fatura além do limite desta lista, mas não há de ser nada: aquela caixa de apenas quatro marchas tira boa parte da diversão que o motor 1.6 proporciona. Atrás, vão 285 litros.

HYUNDAI HB20X 1.6 AUTOMÁTICO (128 cv): R$ 59.955.
Na Hyundai, há um grande hiato de preços entre a família HB20 e os modelos seguintes na gama. As configurações mais caras de HB20 hatch e sedã passam pouco dos R$ 60 mil, enquanto os primeiros i30 e Tucson se aproximam dos R$ 80 mil. Por R$ 59.955, dá para levar um HB20X, versão aventureira do hatch, equipado com bancos de couro e câmbio automático de quatro marchas. Cabem 300 litros no porta-malas.