Eles já foram os donos do mercado. Em 2001, eram 70% de todos os carros vendidos no País. Passados 15 anos, os modelos com motor 1.0 perderam a metade da participação – em 2016 foram responsáveis por 34% das vendas -, mas estão ensaiando uma reação, baseada na modernização tecnológica. Quase todos as opções à venda têm motor de três cilindros, um processo de renovação que, entre os nacionais, começou em 2012, com o Hyundai HB20.
Opinião: os hatches compactos 1.0 preferidos da equipe do Jornal do Carro
Neste comparativo, evidenciamos os pontos fortes e fracos de oito representantes do segmento. O trunfo continua sendo a economia de combustível. É ótimo rodar, rodar, rodar e ver o computador de bordo marcando consumo médio acima dos 13 km por litro na cidade (com gasolina em vários modelos do comparativo).
Desse grupo, apenas o Onix mantém o motor de quatro cilindros – e curiosamente ele é não apenas o mais vendido da categoria, como também o automóvel mais emplacado do País, pelo segundo ano seguido. Mesmo assim, é questão de tempo para o Chevrolet aderir à era dos tricilíndricos.
Veja como eles se saíram.
8º – FIAT MOBI
O Mobi chegou no ano passado com motor 1.0 Fire, de quatro cilindros, quando já se sabia que o de três cilindros estava a caminho. Como se não bastasse, o subcompacto da Fiat (25 cm mais curto que o Uno) é apertado no banco traseiro e tem porta-malas minúsculo (215 litros). Tudo isso resultou em uma má largada comercial para o novo “popular”.
Antes que 2016 terminasse, a Fiat passou a oferecer o carro com o motor 1.0 Firefly, bem mais moderno. Tem bloco de alumínio (o do Fire é de ferro) e comando de válvulas variável.
Mas, para não deixar os primeiros compradores descontentes, ao menos por enquanto o novo motor equipa apenas a versão Drive (R$ 40.670). Não é difícil imaginar que aos poucos o Firefly irá para as demais versões, como já ocorre no Uno. O Mobi Drive também antecipa a direção com assistência elétrica, que em breve deverá estar no restante da gama.
Com o acréscimo de potência (75 para 77 cv, com etanol) e torque (9,9 para 10,9 mkgf), desempenho e consumo melhoraram: segundo a Fiat, a média na estrada passou de 14,3 para 16,1 km/l (gasolina). Mas a troca de motores não resolve os problemas de espaço. Os preços sugeridos vão de R$ 33.030 (Easy) a R$ 45.350 (Way On).
7º – NISSAN MARCH
Basta olhar para o March para perceber que o modelo da Nissan precisa de reestilização. A última alteração visual ocorreu em 2014, quando o hatch passou a ser montado no Brasil (antes, vinha do México).
Dos oito carros deste comparativo, o Nissan tem a aparência mais simples. A marca apresentou o carro totalmente renovado no Salão de Paris, em 2016, mas informou que, ao menos por enquanto, não tem planos de produzi-lo aqui.
Em 2015 o hatch ganhou motor 1.0 de três cilindros, 12 válvulas e 77 cv, potência menor que o da maioria dos concorrentes. A deficiência se manifesta na forma de acelerações contidas. A Nissan informa 0 a 100 km/h em 15 segundos, um dos tempos mais altos da categoria. Além disso, o ruído do motor invade facilmente a cabine e o câmbio do modelo avaliado apresentava engates imprecisos.
O March parte de R$ 39.990 (versão Conforto) e traz direção elétrica, ar-condicionado e computador de bordo. A opção S (R$ 42.990), como a das fotos, acrescenta travas e vidros elétricos (nas quatro portas).
A SV, de topo, sai a R$ 45.990 e vem com rodas de liga leve, som com Bluetooth e comandos no volante, retrovisores elétricos e faróis de neblina. O consumo é de 13 km/l na cidade e 15,1 km/l na estrada (gasolina), segundo a fabricante.
6º – FIAT UNO
Com o motor de três cilindros, que chegou em setembro do ano passado, o Uno se modernizou sob o capô. Embora o novo 1.0 Firefly não tenha quatro válvulas por cilindro (diferentemente dos concorrentes), traz tecnologias como comando variável e bloco de alumínio. Funciona silenciosamente, tem pouca vibração e é econômico: faz média de 13,1 km/l na cidade e 15,1 km/h na estrada, com gasolina, conforme a marca.
Nas saídas, o Uno mostra boa disposição, o que evidencia uma primeira marcha mais curta. Depois disso, porém, o modelo passa a apresentar desempenho comedido.
Está longe de demonstrar o ânimo de rivais como Up! e Ka, por exemplo. Afinal, o Fiat dispõe de 77 cv, bem menos que os 85 cv do Ford e dos 82 cv do Volkswagen (com etanol).
Na linha 2017 o Uno também ganhou direção com assistência elétrica de série. O sistema traz a função City, que o deixa mais “leve” para manobras de estacionamento.
As outras mudanças estão no visual dianteiro, com grade e para-choques renovados. No mais, o Fiat continua com suspensão bem macia, que privilegia conforto. O motor 1.0 está presente nas versões Attractive (R$ 42.680), como a avaliada, e Way (R$ 43.830).
5º – VOLKSWAGEN GOL
Havia uma desconfiança sobre o comportamento do Gol com o motor de três cilindros. Mas, embora seja maior e mais pesado que o Up!, o hatch veterano mostra boa desenvoltura graças aos 82 cv (com etanol).
O Gol revela vivacidade a partir das 2.000 rpm. O leve ruído característico dos tricilíndricos é perceptível, mas não chega a incomodar. O câmbio continua com os tradicionais engates macios e precisos, e a suspensão mantém a costumeira boa estabilidade. A direção tem assistência hidráulica.
Além do motor, o hatch ganhou painel atualizado, bem mais moderno e elegante, e reestilização na frente e atrás. O conjunto de mudanças mecânicas e estéticas fez com que o Gol voltasse ao páreo.
O VW parte de R$ 36.550 (versão Trendline, duas-portas), e vai a R$ 46.747 (Comfortline, como o avaliado). O consumo médio com gasolina é de 12,9 km por litro na cidade e de 14,5 km/l na estrada.
Pesa contra o Gol o fato de as laterais não esconderem a idade do projeto (a última mudança foi feita em 2008, portanto há quase nove anos). Por dentro, o revestimento das portas mantém a demarcação da posição da manivela, mesmo que o carro tenha janelas com acionamento elétrico. E a regulagem de altura do banco permite mexer mais na inclinação do assento do que na elevação.
4º – CHEVROLET ONIX
Automóvel mais vendido do País, o Onix veio ao mundo em 2012 balançando o segmento dos 1.0. O Chevrolet trouxe um bom sistema multimídia (MyLink), equipamento à época só visto em categorias superiores. Outras virtudes eram o estilo moderno e a boa dirigibilidade.
A reestilização, na metade do ano passado, serviu para atualizar o visual (especialmente da dianteira), e corrigiu uma falha da época do lançamento: o puxador da porta, que era muito baixo, subiu.
O acabamento está acima da média, a construção é sólida e a suspensão filtra bem as irregularidades do solo.
O senão é que o hatch é um dos últimos carros com motor 1.0 de quatro cilindros do mercado – gera 80 cv (etanol) e foi atualizado para melhorar consumo e reduzir peso.
O câmbio (que na unidade avaliada estava com engates um pouco duros) ganhou sexta marcha. O consumo é de 12,9 km/l na cidade e 15,3 km/l na estrada (gasolina).
O Onix 1.0 custa R$ 45.590 (LT) e vem com direção e vidros dianteiros elétricos, som com Bluetooth e OnStar de série. Mas a GM passou a cobrar pelo uso da tecnologia (a partir de R$ 50 por mês) e, durante a avaliação, o pedido de ajuda para rotas falhou duas vezes.
3º – FORD KA
Não por acaso, o Ka ocupa a terceira posição no ranking de vendas (perde para Onix e HB20, nessa ordem). O Ford é o mais potente dessa turma e está entre os melhores ao volante.
Seu motor de três cilindros rende 85 cv e garante bom desempenho tanto na cidade como na estrada – e com muita economia. A média de consumo é de 13,5 km/l e 15,7 km/l, respectivamente (gasolina).
Tem comando duplo variável e 12 válvulas. O ponto dissonante é que seu bloco é feito de ferro (os três-cilindros dos rivais são de alumínio e, portanto, mais leves). O nível de ruído é baixo, mas há uma leve vibração em marcha lenta.
Direção e suspensão têm bom acerto, o que resulta em dirigibilidade agradável.
O estilo é atraente e suas linhas, lançadas em 2014, ainda são atuais. O Ka é uma espécie de mini-Fiesta e se caracteriza pela ampla grade dianteira.
Os preços vão de R$ 43.290 (SE) a R$ 49.790 (SEL). De série, a versão SE tem sistema de som com entrada USB e Bluetooth, sistema Isofix para fixação de cadeira infantil, direção com assistência elétrica, ar-condicionado, abertura elétrica do porta-malas, tapetes, etc.
A opção mais cara acrescenta controle de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, computador de bordo e rodas de liga leve de 15 polegadas, entre outros itens.
2º – VOLKSWAGEN UP!
Quando chegou às lojas, no começo de 2014, o Up! surpreendeu por aliar bom desempenho e baixo consumo como poucos de sua categoria. O motor 1.0 de três cilindros e 82 cv (etanol) garantia desempenho muito bom ao hatch pequeno (3,60 m) e muita economia. A média declarada pela Volkswagen é de 14,2 km/l na cidade e 15,3 km/l na estrada (gasolina), mas não é difícil superar esses números.
Além disso, o Up! é bem agradável ao volante. Em parte, isso é resultado da rigidez de sua carroceria, feita com aços de alta resistência. Além de tornar o veículo mais seguro para ocupantes, essa solução melhora a dirigibilidade.
Contribuem também a suspensão firme (típica dos carros da marca) e os eixos posicionados bem nas extremidades da carroceria. Isso reduz os balanços dianteiro e traseiro (distância entre o centro da roda e a ponta do para-choque).
O problema é o preço. O Up! é considerado caro para um hatch com essas dimensões (embora o aproveitamento interno seja bom). A versão mais barata (Take) custa R$ 35.560, mas tem duas portas e não traz ar-condicionado, vidros e direção elétricos. Para ter esses itens, o preço vai a R$ 42.890 e alcança R$ 54.734 na opção High com câmbio automatizado.
1º – HYUNDAI HB20
Logo após sair com o HB20 pela primeira vez, foi preciso dar uma olhada sob o capô para checar se era mesmo a versão 1.0. O Hyundai responde tão bem aos comandos do acelerador que parece ter motor maior que o três-cilindros de 80 cv.
O câmbio tem engates precisos e alavanca curta, que facilita a condução. A direção hidráulica tem boas reações e a suspensão silenciosa absorve bem os impactos com o piso.
A evolução é notória. As primeiras fornadas do carro produzido em Piracicaba (SP) não estavam tão bem adaptadas às vias do País e a suspensão fazia mais barulhos ao trabalhar.
Um dos poucos aspectos que incomodam é o ajuste de altura do assento, feito por comando rotativo. Alavancas são bem mais práticas. Outra pequena falha é a fivela do cinto de segurança, um pouco alta.
Em relação ao estilo, o hatch permanece atual. É comum a ideia de que estilo muito agressivo “cansa”, mas a tese não vale para o Hyundai, segundo carro mais vendido do País.
O HB20 1.0 tem tabela a partir de R$ 42.500 (versão Comfort), e pode chegar a R$ 48.530 (Comfort Plus, de topo). Em todas há computador de bordo, ar-condicionado, direção com assistência hidráulica, som com Bluetooth e comandos no volante, sistema Isofix para fixação de cadeira infantil, etc. E a garantia é de cinco anos.
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