Thiago Lasco
Os utilitários-esportivos estão entre os modelos mais desejados pelos brasileiros. As vendas do segmento vêm crescendo e a oferta de produtos está mais democrática, principalmente com a chegada de opções menores e acessíveis, como Ford EcoSport e Renault Duster, líderes de vendas da categoria no País.
A versatilidade é um dos apelos desse tipo de veículo. Embora tenham visual “parrudo”, eles fazem sucesso principalmente nas cidades, onde desbancaram as peruas na preferência das famílias, inclusive as com filhos pequenos. Como em geral têm acabamento sofisticado e ampla lista de itens de série, também atraem consumidores de sedãs.
“As mulheres gostam de carros mais altos, pois acreditam que isso traz mais segurança. E existe também a questão do status que esse tipo de veículo supostamente proporciona”, diz o consultor Paulo Roberto Garbossa, da ADK Automotive.
Aliás, para muitos brasileiros, aspectos como beleza pesam mais que o tipo de uso que será feito do carro. “Na França, o Duster não é um urbano. Ele é comprado por um público específico, que precisa de um carro para uso na terra”, diz Maristela Castanho, diretora de produto da Renault.
Para os próximos meses, a chegada de novos produtos, como Peugeot 2008 (foto) e Chevrolet Trax, promete esquentar a disputa pelo gosto do consumidor. Os dois estreantes concorrerão justamente com modelos como EcoSport e Duster, cujas tabelas começam um pouco acima dos R$ 50 mil. Na faixa que vai dos R$ 80 mil aos R$ 150 mil está a maioria das opções, boa parte importada.
APELO EMOCIONAL
Para saber o que leva alguém a optar por utilitários, ouvimos donos de picapes e jipes. Alguns dizem que ponderam suas necessidades do dia a dia. Outros citam fatores emocionais, como o visual e até o desejo de impressionar clientes, para justificar a escolha.
(Confira a fan page do Jornal do Carro no Facebook: https://www.facebook.com/JornaldoCarro)
“Estou construindo uma casa e queria um carro que pudesse carregar material para a obra e servisse para outras coisas. A Ranger é também o carro da família. Tenho dois filhos, então levo carrinho de bebê, triciclo… cabe tudo na caçamba. Costumo trafegar por muita rua esburacada e a picape não tem nenhum barulho. Ela oferece o mesmo conforto de um carro de passeio, como um Corolla, e o consumo está dentro do que eu esperava. Só o câmbio é mais duro, de utilitário mesmo. Estacionar é mais difícil, mas o sensor de obstáculos facilita a tarefa.”
Luiz Villares, advogado e dono de uma picape Ford Ranger
“Comprei o jipinho há um mês e meio para levar minha filha e as tralhas dela. Para mães com bebês, isso é fundamental e o carro é bem prático. Pensei que não saberia como dirigir, mas o ASX é um dos menorzinhos, não é tão complicado. Chama menos a atenção que um BMW X1, que eu teria de blindar. Você enxerga tudo de cima, tem uma visão boa
da rua. Eu era muito desligada com carro, achava que bastava ele andar e não quebrar. Agora, mudei de opinião e passei a reparar nos utilitários. Eu pensava que utilitário não era para mim, mas hoje vejo que é.”
Helena Najjar Abdo, advogada, que acaba de adquirir um Mitsubishi ASX
“Uso minha Montana essencialmente para o trabalho. Tenho outro carro para uso pessoal. Sou gerente de um restaurante, então compro mercadorias e transporto equipamentos o tempo todo. Resolvi comprar a picape por causa da caçamba. Testei outros modelos e escolhi a Chevrolet por causa do preço, das condições de pagamento e da oferta de opcionais. É um carro bom, gosto da posição alta de dirigir. Minha única queixa é em relação ao motor, um pouco fraco para a picape. Se ligo o ar-condicionado, ela não anda.”
Caio Sessa Lo Sardo, gerente de restaurante, tem uma Chevrolet Montana
“O Duster é meu primeiro utilitário-esportivo. Eu queria um carro com porta-malas grande, não muito caro, econômico na estrada e cujo visual me agradasse. Meu trabalho exige muitas viagens, então pego bastante a estrada e rodo de 500 a 800 quilômetros por semana. Não faço trilhas, mas uso rodovias secundárias, com muitos buracos, e algumas vias de terra batida. O Duster é pau pra toda obra. Tem visual ‘bruto’, robusto, não pretende ser sofisticado, mas tem boa apresentação. Já o EcoSport é frágil, um carro de boneca disfarçado.”
Fernando Spíndola, representante comercial, dono de um Renault Duster
“Sempre quis um utilitário, achava bonito. Meu marido me deu uma L200. Levo as crianças para a escola com ela, vou ao mercado… É um carro confortável para viajar e as crianças não reclamam. Temos uma propriedade rural e a tração 4×4 facilita em estradas de terra. Frequento uma hípica e saio de lá tranquila, pois a picape não atola. Sinto-me segura, pois trata-se de um carro mais respeitado. As pessoas não têm educação no trânsito, não dão passagem, e com um carro maior você entra. Só fico insegura na hora de estacionar. Agora, quero um Pajero.”
Núbia Amaral, administradora, dona de uma picape Mitsubishi L200
“Não tenho o perfil típico de dono de utilitário: não tenho três filhos, não uso malas grandes, nem pego estrada com buracos. Mas gosto. Na estrada, ele é muito mais carro. O CR-V proporciona uma sensação maior de segurança e os outros motoristas parecem arriscar menos. Agora, quando ando em carros menores, parece que um ônibus vai me matar. E tem também a questão do status. Meu carro é minha ferramenta de trabalho. Quando vou encontrar um cliente com grana e chego num utilitário, isso claramente impressiona, gera uma empatia maior.”
Rodrigo Pires Barbosa, corretor de imóveis e dono de um Honda CR-V