Florianópolis foi o ponto de partida da última etapa da expedição Redescobrindo o Brasil, que explorou os três Estados da região Sul do País em 25 dias de viagem. Da capital catarinense, percorremos 250 quilômetros de carro até São Bento do Sul, em um trajeto cujo ponto alto foi a Estrada Dona Francisca.
A rota, também chamada de Estrada da Serra ou SC-301, liga o litoral do Paraná a São Bento do Sul – são 80 quilômetros –, no planalto serrano do Estado. O trecho da subida da serra, nos arredores de Joinville, é repleto de curvas bastante sinuosas e preserva parte de seu traçado original, de 1858.
As condições da estrada são boas, assim como a sinalização, o que a torna convidativa para carros de todos os tipos e também para motos.
Durante a viagem, o visitante contempla a exuberante Mata Atlântica nativa e pode fazer breves paradas em dois mirantes. Também é possível apreciar casas antigas, que mantêm a arquitetura trazida pelos colonizadores alemães.
Algumas são tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), como a Casa Eichendorf e a Neumann.
Depois de São Bento do Sul, pegamos a estrada rumo a Paranaguá, principal cidade litorânea do Paraná. Foram três horas de viagem – 190 quilômetros –, percorridas em vias com boas condições, mas quase totalmente em pista simples.
Após a parada em Paranaguá, seguimos viagem rumo a Curitiba, último destino da expedição Redescobrindo o Brasil. O trajeto, de 100 quilômetros, ficou mais interessante quando alcançamos a cidade de Morretes.
A partir dali, percorremos a Estrada da Graciosa (ou rodovia PR-410), que tem 30 quilômetros de extensão em plena Serra do Mar e chega até o município de Quatro Barras, na região metropolitana da capital.
A parte de serra da estrada utiliza a antiga rota dos tropeiros e é cheia de curvas sinuosas. A via atravessa o trecho mais bem preservado de Mata Atlântica do Brasil. Isso permitiu que a Unesco a declarasse como Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, em 1993.
A rodovia está em ótimo estado de conservação e é bem sinalizada. Por ser uma rota turística – Morretes e Paranaguá estão entre as cidades paranaenses mais procuradas pelos turistas –, há grande concentração de veículos nos finais de semana, além de motos e bicicletas. Os ciclistas, aliás, surgem de forma mais constante no sentido inverso, descendo a Graciosa, mas também há alguns grupos de aventureiros pedalando na subida.
Terra e mar. Com formato alongado e 172 quilômetros de costa, Florianópolis tem gastronomia inspirada no oceano: pescados e frutos do mar são o ponto forte da culinária local, e dominam os restaurantes e bares da ilha.
Uma experiência gastronômica completa na capital catarinense, com direito a mesa “pé na areia”, pode ser experimentada no bairro Ribeirão da Ilha, um dos redutos gastronômicos da cidade.
Ali, os estabelecimentos oferecem ostras – o Estado é o maior produtor da iguaria no Brasil – e mariscos. Já os camarões e peixes são servidos acompanhados de pirão, arroz e salada. Tudo sempre fresquinho.
Uma peculiaridade da ilha é a Sequência de Camarão. Encontrado principalmente em restaurantes da Lagoa da Conceição e do Canto da Lagoa, trata-se de uma espécie de rodízio oferecido como opção para duas pessoas (preço médio de R$ 120). Mas a fartura é tanta que três comem bem.
A sequência começa com casquinha de siri, segue com porções de camarão à milanesa, ao bafo e ao alho e óleo e termina com peixe à milanesa ao molho de camarão, arroz, pirão, salada e batatas fritas.
Tradição. No litoral do Paraná, a atração é o barreado. Legado gastronômico dos açorianos, o prato tem como base carne bovina cozida por cerca de 12 horas em panela de barro, com bacon, toucinho, louro, cebola, tomate e alho. Essa iguaria é servida com farinha de mandioca – a dica é misturar bem com a carne no prato –, além de banana e arroz.
Restaurantes de Paranaguá, a principal cidade costeira do Estado, e de Morretes, município no interior do Paraná, ganharam fama por oferecerem uma combinação de terra e mar. O chamado barreado completo (cerca de R$ 62, para comer à vontade) é precedido por croquete de camarão, marisco ao vinagrete, camarão ao alho e óleo e ao bafo, tilápia à milanesa e salmão grelhado.
De Santa Catarina ao Paraná. Praias belas, natureza exuberante e boas opções de entretenimento fazem de Florianópolis uma das cidades mais legais de se visitar de todo o Brasil. A orla da Lagoa da Conceição, no sul da ilha, concentra agradáveis bares, restaurantes e cafés. Na Barra da Lagoa, de frente ao mar, mirantes permitem uma vista privilegiada da cidade.
Também no sul ficam as praias da Joaquina, Campeche e Armação, além da simpática Matadeiro. Todas são boas opções para um refrescante banho de mar – embora um pouco gelado nessa época do ano.
O mesmo ocorre na vizinha Bombinhas, distante cerca de 80 km de Florianópolis. A cidade permite deixar de lado o agito e se mostra bastante pacata nos meses de baixa temporada, como agora. O contraste é gritante em relação ao verão, quando as praias lotam.
De Bombinhas, partimos para a pequena São Bento do Sul. O município mantêm vários vestígios da Colônia Dona Francisca, formada por imigrantes alemães e austríacos no fim do século 19. Uma delas, a Casa Eichendorf, é tombada pelo patrimônio histórico nacional.
Reconhecida por ter um dos portos mais movimentados do País, Paranaguá, com cerca de 150 mil habitantes, guarda um pedaço da história do Brasil. É a cidade mais antiga do Paraná (foi fundada em 1648) e se destaca pelo belo casario antigo do centro histórico, às margens do rio Itiberê.
Entre eles está a primeira edificação do Paraná ainda de pé. Trata-se da igreja de Nossa Senhora do Rosário, cuja construção começou em 1571, antes mesmo da fundação da cidade. Apesar das muitas obras de ampliação e das reformas pelas quais passou, o prédio conserva o ar de simplicidade.
Também vale uma visita ao Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal do Paraná, no edifício que abrigou o antigo Colégio dos Jesuítas, fundado no século 18. Aberto de terça a domingo, das 8h às 20h, guarda um acervo de mais de 70 mil peças que contam a história do Estado e do País.
Curitiba. Além dos famosos e tradicionais pontos turísticos da capital, como o Jardim Botânico e a Ópera de Arame, vale visitar a feira do Largo da Ordem, que ocorre todo domingo no centro antigo e leva às ruas uma parte importante da cultura do Estado. Com música ao ar livre e muitas barracas que vendem artigos locais, temperos e até bebidas como cachaças e vinhos do Paraná, a feirinha é uma ótima opção para aproveitar os dias frios, mas com sol. É recomendável chegar cedo, pois as barracas ficam montadas até às 14 horas.
Na mesma rua onde ocorre a feira há espaços culturais como o Memorial de Curitiba, aberto de terça a domingo, e o Solar do Rosário, que funciona todos os dias. O primeiro, palco de exposições e apresentações de teatro e dança, tem entrada gratuita. Já o Solar do Rosário é uma galeria de arte, que reúne quadros de artistas locais e abriga uma agradável cafeteira com mesinhas dispostas ao ar livre.