Há 30 anos, o primeiro veículo com injeção eletrônica estreava no Brasil, e era mostrado no Salão do Automóvel. O Gol GTi foi a surpresa e a maior atração no estande da Volkswagen, na exposição de 1988. Além de abandonar o carburador, o modelo exibia uma pintura exclusiva, azul Mônaco, perolizada, e tinha largas faixas prateadas nas laterais.
VÍDEO: CARROS DO FUTURO NO SALÃO DO AUTOMÓVEL
Três décadas depois, uma unidade foi levada ao Salão. Ele está exposto ao lado do Polo GTS, conceito preparado especialmente para o evento.
INSCREVA-SE NO CANAL DO JORNAL DO CARRO NO YOUTUBE
A publicidade enaltecia a inovação, como sendo “a injeção de tecnologia que leva ao futuro”. Pela primeira vez, no Brasil, o motor começava a “pensar”. Com injeção e ignição eletrônica, o sistema se adaptava às variações de temperatura, altitude e pressão atmosférica. Era um grande avanço, já que os motores alimentados por carburador funcionavam sob parâmetros fixos, estivesse o veículo circulando no inverno de Campos do Jordão ou no litoral, no verão.
O modelo chegou inicialmente como edição limitada. O lançamento comercial viria em janeiro do ano seguinte.
Na Europa, o sistema de injeção LE-Jetronic já não era novidade, e havia dispositivos mais avançados, com mais eletrônica. Mas, no Brasil, era um salto importante.
Embora a principal vantagem da injeção fosse a economia de combustível, o GTi rapidamente foi identificado como um modelo esportivo, já que tinha uma certa semelhança com o Gol GTS.
Motor 2.0 de 120 cv
O motor 2.0 de oito válvulas desenvolvia 120 cv de potência a 5.600 rpm, e o torque chegava a 18,4 mkgf a 3.200 rpm. Associado ao bom câmbio manual de cinco marchas e alavanca curta, o modelo fazia 0 a 100 km/h em 8,8 segundos e alcançava 185 km/h, segundo a montadora. Com o mercado ainda sem concorrentes importados (o que viria a ocorrer no início da década seguinte, com a abertura das importações), os números impressionavam.
Além da pintura, o esportivo tinha detalhes em preto fosco e aerofólio na cor da carroceria. Os para-choques seguiam a coloração prateada das faixas laterais. As lanternas eram escurecidas e na dianteira havia faróis auxiliares e de neblina.
Por dentro, o modelo tinha bancos revestidos de tecido exclusivo, apoios de cabeça vazados e bom apoio lateral. Volante e coifa da alavanca de câmbio eram recobertos de napa. O painel tinha iluminação vermelha e os retrovisores eram dotados de ajuste elétrico.
Injeção multiponto
O sistema LE-Jetronic do Gol GTi era do tipo multiponto, com uma válvula injetora para cada cilindro. Havia duas bombas elétricas de combustível, que era enviado sob pressão para uma galeria de distribuição. Dali, a gasolina era borrifada pelos injetores nos dutos de admissão de cada um dos quatro cilindros.
O sistema de ignição mapeado controlado por computador EZ-K era dotado de sensores eletrônicos que mapeavam o motor para determinar o momento exato de disparar as centelhas para a ignição. Controlava ainda o avanço da ignição e era o responsável por evitar que o motor ultrapassasse o regime máximo de giro, 6.300 rpm.
Além das inovações computadorizadas, o motor do Gol GTi tinha outras mudanças. Entre elas, tuchos hidráulicos (para reduzir ruídos e dispensar regulagens), novos pistões, filtro de ar de maior capacidade, coletor de admissão, bomba de óleo de maior vazão, injetores de óleo no bloco do motor para refrigerar os pistões e novo comando de válvulas (as de admissão passaram de 38 mm para 40 mm de diâmetro).
A taxa de compressão subiu de 8,9:1 para 10:1 e o escapamento foi redesenhado. A caixa de câmbio também recebeu alterações.
Para sanar eventuais falhas o mais rapidamente possível, na época a Volkswagen adotou um esquema especial de assistência técnica, com plantão permanente (24 horas), via telefone exclusivo.