Volta rápida: Peugeot 2008 Griffe 1.6 turbo envelheceu, mas continua forte

Logo no início de 2020, a Peugeot registrou no Brasil os desenhos industriais da nova geração do 2008, revelada em 2019. Entretanto, o SUV compacto até hoje não mudou por aqui. Ou seja, enquanto a Europa já tem o modelo novo, o Brasil continua com o mesmo crossover à venda desde 2015. Mas essa demora para ter a atualização abriu uma janela de oportunidade. Ela veio no fim de junho, com o lançamento da linha 2023 feita em Porto Real (RJ).

Em termos prático, a marca mudou bem pouco. O SUV compacto ganhou retoques leves, como os faróis com máscaras negras e as lanternas com lentes fumê. Agora, elas ficam conectadas por uma barra pintada de preto brilhante. Essa peça tenta aproximar o veterano 2008 da nova geração do hatch compacto 208, que estreou no País em 2020. Outra novidade é a pintura em dois tons, com o teto pintado de preto em todas as versões.

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Preços competitivos

Um dos trunfos do Peugeot 2008 linha 2023 são os preços. O crossover compacto parte de R$ 99.990 na versão de entrada Allure com motor 1.6 flex aspirado de até 120 cv de potência e câmbio automático de seis marchas. E alcança R$ 124.990 na configuração topo de linha Griffe com o motor 1.6 turbo flex e a mesma transmissão de seis velocidades. Foi justamente a opção mais cara que recebemos por um dia para avaliação no Jornal do Carro.

Embora não seja exatamente barato, para os padrões atuais do mercado o Peugeot 2008 é competitivo. Basta citar os rivais diretos dos últimos anos. O Honda HR-V, por exemplo, acaba de ganhar nova geração no Brasil com preço inicial de R$ 142.500. Detalhe: o SUV da marca japonesa vem na versão básica com o motor 1.5 flex aspirado de até 126 cv da linha City. Outro rival é o Jeep Renegade, que parte de R$ 128.971 na versão Sport 1.3 turbo flex.

Outro concorrente é o novo Hyundai Creta. O SUV da marca sul-coreana trocou de geração no fim de 2021 e, atualmente, parte de R$ 121.790 com o motor 1.0 turbo flex da linha HB20. Ele gera 120 cv e 17,5 mkgf de torque conectado a um câmbio automático. Ou seja, é bem menos potente que o 1.6 THP turbo flex do Peugeot 2008, que entrega até 173 cv com etanol e torque de 24,5 mkgf desde 1.400 rpm. Ele só perde para o 1.3 turbo de 185 cv do Renegade.

Na onda do Cactus

O que a Peugeot busca com a linha 2023 do 2008 é exatamente o que fez a Citroën com o Cactus. Os dois SUVs, inclusive, dividem plataforma e motores, e são feitos juntos na fábrica de Porto Real (RJ). Desde 2021, o utilitário é o único carro da marca do duplo chevron à venda no País. Ele já saiu de linha na Europa, mas, por aqui, está em alta e vende como nunca. O motivo são os preços, que tornam o Cactus um dos SUVs automáticos mais acessíveis.

Pois o Peugeot 2008 vem na esteira do Cactus, com a versão de R$ 99.990. Da mesma forma, no topo, esbanja desempenho com 173 cv e preço de SUV compacto com motor 1.0 turbo. É o caso, por exemplo, do “primo” Fiat Pulse Impetus, que, após reajustes, já custa R$ 127.390. O SUV da marca italiana tem motor 1.0 turbo de 130 cv e 20,4 mkgf, e câmbio CVT. Ou seja, na ponta do lápis, o 2008 1.6 turbo surge com ótima relação custo-benefício.

Prós e contras

Na comparação com rivais mais modernos, o Peugeot 2008 Griffe se sobressai em desempenho, mas fica devendo tecnologias. É o caso da central multimídia com tela de 7 polegadas. Ela ganhou espelhamento com Android Auto e Apple Carplay, mas a conexão é feita por cabo. Além disso, não há chip de internet ou serviços conectados, como em alguns concorrentes. A cabine também permanece com a primeira geração do chamado i-Cockpit.

Nesse ponto, o 2008 quase parou no tempo e fica distante do novo 208, que tem tela de 10 polegadas com efeito 3D no quadro de instrumentos. Bem como uma nova multimídia de 10 polegadas com espelhamento sem fio com celulares Android e Apple. Outro ponto crítico são os recursos semiautônomos. O SUV da marca do leão não tem frenagem automática de emergência, alerta de ponto cego ou assistente de manutenção de faixa.

Na segurança, o 2008 tem pacote mais simples mesmo na versão de topo, com seis airbags, ABS, ancoragem Isofix e controle eletrônico de estabilidade. Entretanto, compensa com outros equipamentos interessantes, como ar-condicionado de duas zonas, rodas de liga leve de 16 polegadas diamantadas, controle de cruzeiro e teto solar panorâmico. Assim, a cereja do bolo é o desempenho, com aceleração de zero a 100 km/h em 8,1 segundos.

Peugeot em ótima fase

Sob gestão do grupo Stellantis desde janeiro de 2021, a Peugeot vive sua melhor fase no Brasil em muitos anos. Em 2022, a marca do leão já emplacou 10 mil carros a mais que no primeiro semestre do ano passado. Assim, no acumulado, a francesa soma 25.180 veículos. E esse número pode aumentar com as vendas da linha 2023 do crossover compacto, que tem 4.156 unidades no acumulado até julho, enquanto o Cactus já soma 11.416 emplacamentos.