Volvo mostra tecnologia Drive Me no Brasil

Sistema de condução autônoma tem primeira demonstração no País após aparição no Salão do Automóvel

Por 10 de dez, 2014 · 10m de leitura.

Carros que dirigem sozinhos, sem interferência do motorista, estão mais próximos do que nunca da realidade. Depois de mostrar na Suécia o projeto Drive Me e destacá-lo no Salão de São Paulo, a Volvo protagonizou a primeira experiência com um carro autônomo no País pelas mãos de uma montadora. A tecnologia, capaz de levar o carro sozinho para onde o motorista determinar, é parte do plano da marca de zerar mortes e feridos graves em acidentes envolvendo carros da Volvo até o ano de 2020. A linha Volvo começará a receber o equipamento, como opcional na Europa, a partir de 2019.

O S60 T6 mostrado é equipado com vários sensores, muitos já presentes em carros da marca há quase uma década, como os do controlador de velocidade de cruzeiro adaptativo e do sistema que detecta e impede colisões iminentes em tráfego urbano, o City Safety. Para tornar a condução autônoma, a Volvo integrou as funções de todos esses sensores, que estão mais potentes e precisos, a um sistema que se comunica com o controle de tráfego urbano para uma imagem virtual da estrada à frente.


Quando lançado, o carro saberá, sozinho, sobre adversidades na rota, como engarrafamentos ou até mau tempo, além de detectar limites de velocidade e sinais de trânsito. Junto a isso, os radares e sensores já instalados no carro serão os “olhos”, vendo carros e pedestres à frente e monitorando seus movimentos, para decidir que ações o carro irá tomar.

A comunicação entre carros e entre a infraestrutura de vias é feita por conexão 4G, mas quando for lançado, o “hardware” já será compatível com a próxima geração de telefonia móvel, com transferência de dados ainda mais rápida. Isso será necessário para que o carro consiga tomar decisões rápidas baseadas em informações obtidas em tempo real, como a iminência de uma colisão.


CONCEITO

Ainda um protótipo, o S60 por enquanto é capaz apenas de seguir o carro da frente, mas esterça o volante de acordo com as curvas da via e ajusta a velocidade de tráfego e distância em relação aos outros carros. Mas a ideia é que o carro lançado em 2019 possa se guiar sozinho até um endereço colocado no GPS do modelo sem que o motorista faça mais nada.

Apesar de parecer um mero item de conforto, a condução autônoma está inserida num grande contexto de segurança e mobilidade urbana, onde a retirada do fator humano do volante do carro tende a diminuir drasticamente os acidentes, já que cerca de 90% de todas as ocorrências são ligadas à falha do motorista. O restante se divide entre problemas mecânicos ou da própria via onde o carro transitava.


Com isso, a Volvo espera que o conceito de mobilidade autônoma possa ajudar a modificar alguns paradigmas na relação entre o automóvel e os centros urbanos. Um dos principais é o espaço ocupado por cada carro. A tecnologia deve permitir também que os veículos trafeguem mais próximos uns dos outros, já que também estão conectados entre si (tornando instantâneas reações conjuntas, como frenagens), além de permitir uma readequação de várias vias, que poderão contar com faixas mais estreitas e até túneis e viadutos “econômicos”, que não poderiam ser usados por carros com motoristas de fato no comando dos carros.

NAS RUAS


A Volvo trabalha para que em 2017 as primeiras 100 unidades dos carros equipados com o Drive Me cheguem às mãos de consumidores selecionados pela marca na Suécia. Eles servirão de cobaias para a utilização da tecnologia fora de um ambiente controlado, com engenheiros e rotas pré-definidas.

Oferecido inicialmente como um opcional para vários modelos da gama sueca, o sistema deverá custar cerca de 2 mil euros no mercado europeu. Aqui, a Volvo projeta um custo de cerca de R$ 10 mil a mais na etiqueta. Considerando que o controlador de cruzeiro adaptativo de um Volkswagen Passat é agregado a um pacote de opcionais que custa mais de R$ 30 mil, o valor parece ainda atraente pela evolução tecnológica.

Parte do conceito aplicado no Drive Me já está na nova geração do utilitário XC90, que chega ao Brasil em 2015. O jipão tem um sistema que controla o carro em congestionamentos, atuando em freios, acelerador e até na direção, para que o carro se movimento no trânsito pesado sem interferência do motorista.


A BORDO

Surpreendentemente, andar num carro que dirige por si é uma experiência agradável. Ativo até cerca de 50 km/h, o sistema mantém o carro no centro da faixa de rolagem e é possível relaxar e conversar sem se preocupar. A distância do carro da frente é definida pelo motorista, sempre respeitada pelos sensores.


Além disso, é difícil perceber que se trata de um carro autônomo. Dentro, apenas o botão no volante que liga o sistema indica a diferença. Quando acionado, o painel digital assume uma configuração própria, mostrando apenas velocidade, nível de combustível e a direção para a qual o “nariz” do carro está apontando. Conta-giros e indicador de marcha ficam apagados.

Mas basta pisar no freio ou segurar no volante com mais firmeza para a condução voltar para as mãos do motorista. A mudança é avisada com dizeres bem visíveis no painel e um sinal sonoro, alertando caso a troca tenha sido feita acidentalmente ou por uma situação de emergência.