Um novo escândalo envolvendo a Volkswagen explodiu nesta semana. De acordo com a imprensa alemã, a VW vendeu a clientes que pré-série, que deveriam ter sido destruídos.
Segundo o site alemão Handelsblatt, a montadora vendeu 6.700 carros pré-série na Europa e nos Estados Unidos. Do total, 4 mil exemplares foram entregues na Alemanha.
Ainda de acordo com o site, um porta-voz da Volkswagen confirmou a informação. “Foi um grande erro”, teria dito ao Handelsblatt.
Já a revista alemã Der Spiegel aponta que o número de carros pré-série colocados à venda é ainda maior. Seria de 17 mil exemplares.
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Carros pré-série são feitos para testes antes do lançamento do veículo de produção. Como estão sujeitos a diversas falhas, têm de ser destruídos após os testes. Não podem ser vendidos ao consumidor.
Nenhum dos dois veículos de comunicação informa em que período foram feitas as vendas de modelos experimentais pela VW.
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A Volkswagen e o 'dieselgate'
Um dispositivo que fraudava os testes de emissões nos motores a diesel da Volkswagen causou prejuízos enormes à montadora alemã, e derrubou a alta cúpula da empresa. Envolveu recall de 11 milhões de automóveis em todo o mundo, dos quais 17 mil no Brasil (picapes Amarok produzidas em 2011 e 2012). Nos EUA, a empresa está recomprando os automóveis.
A Toyota e os tapetes do Corolla
Em 2012, o Ministério Público de Minas Gerais multou a Toyota e duas concessionárias da marca no estado. A razão foram acidentes causados pelo deslocamento do tapete do motorista, que estariam travando o pedal do acelerador, e resultando em acidentes.
A Volkswagen e os subornos
Em 2005, veio à tona um caso de suborno promovido pelo alto comando da Volkswagen, na Alemanha. O conselho de administração da empresa foi acusado de contratar prostitutas brasileiras para os membros do comitê. O objetivo era obter aprovação para as decisões de seu interesse, principalmente no que se referia ao enfraquecimento do sindicato alemão.
A Ford, a Firestone e os acidentes com a Explorer
Nos anos 90, modelos Ford Explorer envolveram-se em uma série de acidentes, nos quais cerca de 100 pessoas morreram. A Ford alegou que o problema estava nos pneus Firestone. A fabricante de pneus acusou a montadora. O episódio culminou com o fim da relação centenária entre as duas empresas.
A explosão dos air bags da Takata
O maior recall da história envolveu cerca de 7 milhões de veículos no mundo inteiro. A falha foi motivada porque, em caso de acidente, os ocupantes poderiam ser atingidos por partículas metálicas, desprendidas juntamente com as bolsas infláveis. Os primeiros relatos ocorreram em 2013. Depois, se alastraram pelos anos seguintes e atingiram diversas montadoras.
A Fiat e a fraude de emissões
Em 1995, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) descobriu fraudes nos níveis de emissões em mais de 400 mil unidades do Mille Electronic, produzidas entre 1992 e 1995. O sistema detectava quando o veículo estava sendo submetido a teste de emissões (por causa da sequência de operações) e entrava no modo econômico, o que não ocorria no dia a dia.
A General Motors e a chave de ignição
Uma falha na ignição fazia com que automóveis produzidos pelas empresas do grupo General Motors se desligassem involuntariamente, o que potencialmente poderia causar acidentes. Estima-se que mais de 120 pessoas morreram em acidentes motivados pelo problema. A empresa convocou para reparo 15 milhões de veículos na América do Norte, produzidos entre 1997 e 2014. No Brasil, apenas o Omega produzido entre 2007 e 2011 foi afetado.
A Hyundai e a propina na Coreia do Sul
Em 2006, um tribunal de Seul ordenou a detenção de Chung Mong-Koo, então presidente da Hyundai, acusado de desvio ilegal de fundos e suborno de funcionários públicos. A Promotoria de Seul suspeitou que Chung utilizou cerca de 130 bilhões de wons (cerca de R$ 353 milhões, na conversão direta) para criar um fundo ilegal para subornar funcionários públicos.
O Fox e os bancos perigosos
Em 2008, a VW fez um recall de 511.116 unidades do Fox, para corrigir o mecanismo de rebatimento do banco traseiro, após oito pessoas terem parte do dedo decepada. Inicialmente, a empresa relutou em reconhecer o erro, alegando que as instruções corretas de operação não estavam sendo seguidas. O Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) obrigou a fabricante a promover mudanças no sistema.
Presidente da VW sabia
Porém, de acordo com a Der Spiegel, o atual presidente do Grupo Volkswagen, Herbert Diess, sabia do caso pelo menos desde 2016. Na época, ele ainda não presidia o conglomerado. Estava à frente da apenas da marca VW.
Ainda conforme a revista, não há carros de outras marcas do grupo envolvidos, apenas os da VW.
A montadora convocou os 6.700 carros pré-série que admite terem sido vendidos para eventuais reparos.
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Dieselgate
O novo escândalo explode pouco mais de três anos após a fraude que ficou conhecida como Dieselgate. Descoberta nos Estados Unidos, mais praticada também na Europa, consistia em “mascarar” os resultados de testes de emissões de poluentes por carros a diesel.
Para dar a impressão, nos testes, de que seus carros a diesel poluíam menos que a realidade, a VW utilizava um chip. No Brasil, a Amarok, único modelo a diesel da marca até a explosão do escândalo, tinha esse dispositivo. Por isso, a subsidiária brasileira foi multada pelo Ibama.
O Dieselgate envolveu todas as marcas do grupo que vendem carros a diesel (Audi, Porsche, Skoda e Seat) e culminou em demissões, mudanças de comando e prisão de alguns executivos. Entre os presos, há o ex-presidente da Audi, Rupert Stadler.
Nesta quarta-feira (12), a Audi anunciou o nome de seu novo presidente, sucessor de Stadler. Trata-se de Bram Schot, que já estava ocupando interinamente a posição.