Na recente onda de motores 1.0 de três cilindros com turbo, a Hyundai fez uma aposta e tanto ao adotar essa solução na versão intermediária do badalado HB20. Para saber até onde vai o potencial do hatch feito em Piracicaba (SP), decidimos compará-lo com o Volkswagen Fox Run, que tem preço e potência parecidos, embora traga um 1.6 de quatro cilindros.
Com até 105 cv, o HB20 Turbo chegou perto, mas seu conjunto enxuto não foi capaz de garantir a vitória, ainda que por margem bem apertada.
Na nova versão, com potência de até 104 cv e preço sugerido de R$ 53.740, o Fox mostra que o tempo lhe fez bem e justifica com sobras o custo ligeiramente maior. Por R$ 53.005, o HB20 Turbo deve vários equipamentos que não estão nem entre os opcionais e vêm de série no rival, como sensores de obstáculos (dianteiro e traseiro), volante de couro e sistema de som com tela sensível ao toque e espelhamento de celulares.
No HB20, o máximo possível é um som simples com conexão Bluetooth. A central multimídia é restrita às versões 1.6.
Além disso, apesar do discutível emblema Turbo na tampa traseira e dos números próximos aos do 1.6 do Fox, falta brilho ao Hyundai na hora de acelerar. Confira na próxima página.
Nota: o Volkswagen das fotos deste comparativo está repleto de opcionais, como navegador GPS, controlador de velocidade de cruzeiro e acionamento automático dos faróis e dos limpadores de para-brisa.
Rodando. Sob o capô desses dois modelos há receitas bem diferentes. Enquanto o Hyundai tem um valente motor 1.0 de três cilindros com turbo, o Fox traz o manjado quatro-cilindros 1.6 aspirado, que ostenta modestos dados de potência e torque: 104 cv e 15,6 mkgf respectivamente, ante 105 cv e 15 mkgf do hatch da Hyundai (com 100% de etanol no tanque).
Mas, se no papel eles são semelhantes, rodando a impressão é outra. Apesar de o torque máximo do HB20 aparecer a apenas 1.550 rotações, a linearidade quase excessiva faz com que esse tricilíndrico seja surpreendentemente sem graça na hora de acelerar. As rotações até sobem rápido e o hatch deslancha fácil, mas falta a vitalidade comum a outros 1.0 turbo disponíveis no mercado e inerente ao antigo 1.6 do concorrente. O Hyundai não é lento, mas não tem a mesma agilidade do hatch da Volkswagen.
O Fox entrega mais consistência em movimento. Seu 1.6 é forte e até se anima em giros baixos, condição em que também se mostra mais disposto que o 1.0 do HB20.
Na estrada a situação até se inverte ligeiramente. Isso porque o três-cilindros fica sensivelmente mais “acordado” em giros altos, situação na qual o 1.6 começa a chegar ao limite. O problema é que, quando o turbo mostra presença e melhora o desempenho, também faz aumentar a vibração e o ruído, jogando um balde de água fria no momento em que poderia mostrar mais qualidades.
Opinião. A principal impressão ao volante do HB20 é a de que seu 1.0 turbo poderia ser muito mais interessante. Enquanto VW Up! e Ford Fiesta têm motores brilhantes, o conservadorismo da Hyundai na calibração de seu três-cilindros tornou o desempenho aquém das possibilidades e o deixou meio perdido no centro da gama.
Com potencial para ser melhor até mesmo que o 1.6 da própria marca, o 1.0 foi tolhido para ser a opção intermediária, em todos os aspectos.
Embora apresente desempenho ligeiramente superior ao do 1.0 aspirado, o turbinado ainda não disse a que veio. No confronto com um Fox maduro, repleto de mimos e com um conjunto muito bem composto, o HB20 turbo parece ser um tímido iniciante na carreira: cheio de potencial, mas precisando crescer para aparecer.