Thiago Lasco
No ano em que completa seus 50 anos, o Willys Interlagos, primeiro carro esportivo fabricado no País, recebeu homenagem da Renault do Brasil em evento na terça-feira no Sambódromo, zona norte da capital.
O Interlagos era a versão brasileira do Alpine A110, célebre modelo da divisão de corrida da Renault que foi lançado na Europa em 1961. No Brasil, foi fabricado pela Willys Overland com algumas adaptações locais – a começar pelo nome, que fazia alusão ao principal autódromo do País. Aliás, a história do esportivo se confunde com o próprio nascimento do automobilismo nacional. A versão de corrida do carro foi dirigida por pilotos como Bird Clemente e os então novatos José Carlos Pace e Emerson Fittipaldi.
Foi a bordo do Interlagos que Clemente se consagrou como piloto, defendendo a equipe Willys em competições como o GP da Guanabara, 200 Milhas de Montevidéu e 500 Quilômetros de Interlagos. O motor da versão de corrida, com 1.093 cm³, “sobrava” para os 600 quilos da carroceria, feita de plástico reforçado com fibra de vidro.
“Com pneus estreitos, o carro andava muito de lado, e as derrapagens controladas acabaram se tornando o meu estilo”, lembra o piloto, hoje com 74 anos. “Os adversários tinham motores mais potentes, então a gente andava sempre embalado.”
Versão de rua
O Interlagos foi apresentado no Brasil na segunda edição do Salão do Automóvel de São Paulo, em 1961.As vendas começaram no ano seguinte. Teve 822 unidades feitas até 1966, nas configurações cupê e conversível. O motor quatro-cilindros era instalado na traseira, com opções de 845, 904 e 998 cm³. A versão mais potente rendia 71 cv e atingia 160 km/h.
A esportividade do modelo ficava evidente nas linhas aerodinâmicas e em detalhes do interior, como volante de três raios, conta-giros e posição de dirigir bem baixa. “Era um carro avançado para a época e se tornou um símbolo de status. Seduzia os aficionados”, diz Clemente.
A versão de corrida ajudou a projetar a imagem da Willys Overland, que também produzia aqui os Renault Gordini e Dauphine. “O Gordini era um carro mais delicado, feito para a Europa. Para enfrentar a Volkswagen, a marca tinha de provar que seus modelos aguentavam o tranco, e o Interlagos se mostrou resistente”, conta Clemente.
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