A alemã ZF vai apresentar mundialmente neste mês de setembro uma nova tecnologia para as próximas gerações de carros inteligentes. O supercomputador ZF ProAI, previsto para ganhar produção em larga escala a partir de 2024, promete tornar os carros capazes de antever situações de risco. Ou mesmo de assumir a direção, acionando freios e todos os dispositivos disponíveis para evitar ou mitigar colisões. Ele será um dos destaques da sistemista no IAA Mobility, um dos maiores salões do mundo, que acontecerá entre 7 e 12 de setembro em Munique, na Alemanha.
Segundo a ZF, a super ECU (unidade de controle eletrônico, em inglês) promete um aumento de 66% no poder de computação dos veículos. Bem como um consumo de até 70% menos energia pelo sistema central. O computador fornece percepção de 360 graus orientada por GPU (Unidade de Processamento Gráfico) de todos os dados disponíveis no carro, como medição de câmeras, radares, LiDARs e padrões de áudio.
Ao mesmo tempo, o módulo da ZF é compacto. Assim, segundo a sistemista, poderá ser instalado em ampla variedade de modelos. Ou seja, o componente é “universal”. E servirá também aos veículos comerciais. Entretanto, para ter a tecnologia, os carros precisarão avançar uma casa, pois o ZF ProAI exige arquiteturas bem mais modernas.
Elétricos e autônomos
O super cérebro da ZF foi feito para as novas gerações de carros que tenham arquiteturas mais modernas. Ou seja, com motores puramente elétricos e que descartem grande parte dos componentes dos modelos atuais a combustão. São arquiteturas mais simples, sem quilos de cabos e tubos, e totalmente conectadas (chassi, rodas e motor).
É mais ou menos o que anunciou a Volvo na apresentação do protótipo Concept Recharge. O modelo revelou justamente a próxima geração dos carros da marca sueca de luxo. Um dos pilares é a redução de componentes. Segundo a montadora, os próximos carros terão expressiva redução de peças. Isso porque não contarão com motores, caixa de câmbio, tanque de combustível, cabos e dezenas de outras partes.
Não haverá nem mesmo caixa de direção, que será substituída pelo sistema “drive by wire” dos aviões. Dessa forma, o Volvo Concept Recharge revela uma arquitetura eletrônica superdotada de chips. É tão avançada quanto um supercomputador – exatamente como prevê a ZF. Segundo disseram os executivos da Volvo, o software vai definir os carros no futuro.
Assim, as próximas gerações de carros terão tantos chips, que toda a sua arquitetura estará completamente conectada. E a ZF pretende fornecer às montadoras o processador de todas essas informações. Por ora, a empresa não divulga detalhes do negócio. Ao Jornal do Carro, a ZF disse que “já recebeu vários pedidos importantes de montadoras de carros de passeio e veículos comerciais, porém não podemos divulgar suas marcas”.
Sem colisões
Com o supercomputador e as novas arquiteturas, os veículos entenderão (por meio de sensores e câmeras) o que está acontecendo em cada parte da carroceria. E, então, farão a leitura dessas informações em milésimos de segundo. E serão capazes de se antecipar a situações de risco, por exemplo. Isso conduzirá os carros a um cenário (hoje utópico) de zero colisões.
Recentemente, a Amazon, por meio da sua divisão de carros autônomos Zoox, afirmou que há mais de uma centena de novos dispositivos de segurança em desenvolvimento. E que o carro autônomo será tão inteligente, que poderá se antecipar às situações de risco. É como se o veículo tivesse superpoderes para antever uma batida.
Nesse sentido, para a Volvo, o “ponto de virada” da condução autônoma é a presenta do sensor LiDAR. Ele fica em posição ideal, no alto do para-brisas e rente ao teto, e permite coletar dados do ambiente ao redor. Este componente é, portanto, a peça-chave para o próximo passo no sistema de condução autônoma, que assumirá completamente o volante.
Super chip não servirá aos carros atuais
Segundo a ZF, a tecnologia ProAI foi feita para veículos definidos por software. E para suas novas arquiteturas elétricas e eletrônicas. Ou seja, o computador de alto desempenho com capacidade de inteligência artificial (AI) servirá como controlador central. Assim, pode equipar qualquer tipo de veículo. E serve a todos os níveis de direção autônoma: do Nível 2 ao Nível 5. Contudo, a super ECU não foi projetada como solução de “retrofit” para veículos já existentes.