Alguns carros são tão marcantes que se tornam uma espécie de cartão de visitas de seus donos. Esse é o caso do Chevrolet Camaro Type LT 1974 do representante comercial Marcos Rabinovich. “Quando aparece um Camaro verde, o pessoal do antigomobilismo já deduz que se trata do meu carro. Se você mostrar uma foto do cupê a qualquer colecionador, ele saberá dizer quem é o dono.”
O Chevrolet sempre esteve dentro do círculo social de Rabinovich. Importado novo dos Estados Unidos, o Camaro pertenceu a três amigos do colecionador. Foi por insistência de um deles que o representante comercial comprou o cupê.
“Eu estava em um evento de antigos em (Águas de) Lindoia, no interior paulista, em meados de 2003. Um amigo chegou com o Camaro, me convidou a entrar no carro e disse ‘Você ficou muito bem nele. Ele pode ser seu!’. Mas não quis comprá-lo.”
Alguns meses mais tarde, o amigo contou que não havia encontrado nenhum interessado no carro e renovou a oferta.“Fique com ele e me pague quando e como quiser”, apelou. O representante comercial propôs então fazer o pagamento em quatro parcelas e os dois acabaram fechando negócio.
“Sempre preferi os carros feitos entre o fim dos anos 50 e o fim dos anos 70, que já vêm com ar-condicionado, direção hidráulica e vidros elétricos. Os mais antigos não têm essas comodidades”, diz Rabinovich. “Comprei o Camaro porque ele tem tudo o que eu valorizo.”
Se a compra do Chevrolet não foi propriamente um gesto movido pela paixão, o tempo fez com que ele passasse a se interessar mais pelo carro. Outros antigos passaram pelo acervo de Rabinovich sem deixar rastros, mas o Camaro permaneceu.
“A safra dele é rara no Brasil, e isso me conquistou. O apresentador Silvio Santos já teve um exemplar. Com o nível de qualidade do meu, restam poucos, e falo isso sem modéstia”, gaba-se. “Ele já ganhou dois prêmios em Lindoia.”
Com cerca de 55 mil milhas (88 mil km) no hodômetro, o cupê tem motor V8 de 5,7 litros, está original e íntegro e não precisou de restauração. Um banho de tinta na carroceria foi suficiente para deixá-lo totalmente rejuvenescido.
“O resultado ficou tão bom que um dos meus amigos ficou até meio arrependido de ter se desfeito do Camaro depois que viu o carro novinho na minha mão”, diz Rabinovich.
Vaidoso
Receber a admiração das outras pessoas é uma das principais recompensas que o Chevrolet proporciona ao dono. “Quando estou dirigindo e ouço as buzinadas de saudação, vejo que valeu a pena. Todo colecionador tem um lado vaidoso”, reconhece. “Se você quer ganhar a confiança de alguém, basta elogiar o filho ou o carro antigo dele”, brinca.
Nem todos os admiradores do cupê sabem que se trata de um Camaro, porém. “Alguns deduzem que é um Chevrolet pela grade dianteira bipartida, parecida com a do Chevette brasileiro, mas perguntam o nome do modelo. Outros pensam se tratar de um Puma ou Maverick”, diverte-se o colecionador.