As amizades verdadeiras atravessam os anos e até mesmo décadas. E o Chevrolet Opala de 1974 desta reportagem é um belo exemplo disso. O cupê foi comprado novo pelo pai do engenheiro do Metrô de São Paulo Walter Costa Teixeira e nunca abandonou a família.
“De vez em quando, meu pai até ia a alguma concessionária ver o preço de um modelo novo. Mas acabava preferindo não se endividar, desistia da compra e assim foi ficando com o Opala”, conta Teixeira. “Com o tempo, o carro deixou de ser aceito como parte do pagamento de outro novo. E, no fundo, meu pai já tinha se apegado a ele e não tinha coragem de vendê-lo.”
Nascido em 1976, o engenheiro se acostumou a ter o Chevrolet por perto desde cedo. O cupê inclusive o acompanhou em uma gincana escolar, na qual foi usado como carro alegórico. Nas férias, era sempre com ele que a família ia visitar os parentes em Florianópolis e Angra dos Reis, no sul fluminense.
Mais tarde, o Chevrolet deu ao metroviário suas primeiras lições de direção e o levou às aulas na faculdade. Mas conquistar a namorada (hoje esposa) dele não foi tão fácil. “No dia em que finalmente consegui convencê-la a dar uma volta no Opala, tomamos um enquadro da polícia e fomos até revistados. Ela ficou com trauma do carro”, ele lembra.
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Apesar disso, Teixeira bem que tentou usar o cupê para levar os dois à igreja no dia de seu casamento, em 2009. Mas o carro teve problemas mecânicos e não foi devolvido a tempo pela oficina – o engenheiro está brigando com a empresa na Justiça até hoje por causa disso.
Depois do casamento, o Opala tornou-se definitivamente um carro de garagem, com passeios esporádicos. Atualmente com 310 mil km rodados, o cupê nunca foi restaurado. No histórico constam uma retífica de motor e a repintura da carroceria. Íntegro, o Chevrolet chama atenção por onde passa.
“O carro já fazia muito sucesso na época em que eu estava na faculdade, quando meus amigos o chamavam de ‘Trovão Azul’, por causa da cor. Hoje, o pessoal me aborda no semáforo, me dá os parabéns por ele”, comenta Teixeira, orgulhoso.
Como o cupê passa mais tempo na garagem que em uso, o metroviário reconhece que vendê-lo faria sentido. Isso considerando apenas o ponto de vista racional. “Mas aí eu dou uma volta nele e a emoção fala mais alto. Ao volante, volto a outro tempo e esqueço meus problemas. Para mim é como uma sessão de terapia.”