VIVIANE BIONDO
Um antigo carro de competição chamou a atenção do funcionário público Sergio Jorge, que passava em frente a uma garagem na capital. Aficionado por automobilismo, ele rapidamente reconheceu o Willys Interlagos 1965 com que o ex-piloto Bird Clemente fazia derrapagens controladas na década de 1960, há mais de 40 anos. O esportivo nacional ainda conservava a pintura amarela e preta e o número 22 em várias partes da carroceria.
“O carro não estava à venda, mas insisti tanto que acabei convencendo o antigo dono”, conta Jorge, que até fundou o Willys Interlagos Clube de São Paulo. “Sempre sonhei ter um. Havia poucos rodando, pois ele era mais caro que modelos convencionais.”
Colecionador devotado, o funcionário público guarda documentos do esportivo ainda em nome de Clemente, além de publicações e fotos, muitas autografadas pelo ex-piloto, que elogia os cuidados. “Além de levar o carro aos eventos, Jorge preserva a imagem da equipe Willys”, diz. Em reconhecimento, ele fez uma dedicatória ao colecionador no capô do carro (foto abaixo).
Longe de querer pisar fundo e acelerar o motor de quatro cilindros 1.0 que gera 70 cv, Jorge costumar guiar o carro sempre a menos de 100 km/h – até em eventos no Autódromo de Interlagos. “Prefiro preservá-lo e evitar trocar as peças, que são originais. É muito difícil encontrar”, diz ele, que consegue descrever até as menores reações do carro. “Notou esse ruído? É do sistema de freios a disco”, afirma.
Vencedor brasileiro
Foi ao volante de um Interlagos amarelo como esse que o piloto Bird Clemente representou a elite do automobilismo nacional na década de 1960. Com o modelo feito no País ele conquistou a primeira vitória brasileira no exterior, nas 200 Milhas de El Pinar, no Uruguai, em 1964.
“Dava para guiar de forma extravagante. Formávamos uma boa dupla”, relembra. Em 1965, Clemente encomendou este exemplar e o manteve guardado por anos. “Foi uma forma de preservar a história”, diz.