Coupé Opera 1941 impecável há 54 anos

Por 14 de jul, 2013 · 6m de leitura.

Belisa Frangione

Ter em casa o veículo utilizado na prova prática para obter a carteira de habilitação é um privilégio para poucos. Mantê-lo impecável há 54 anos é algo ainda mais raro. O médico José Ambrósio pode comemorar esses dois feitos. Proprietário de um Chevrolet Coupé Opera 1941, ele se orgulha da trajetória que traçou ao lado do automóvel. “Meu pai era apaixonado por este Chevrolet quando ele ainda pertencia a um vizinho. Então conseguimos comprá-lo e foi uma alegria.”

Como era o carro do dia a dia do vizinho, o Chevrolet estava em boas condições. Tanto que, até hoje, Ambrósio mantém todos os documentos e comprovantes guardados cuidadosamente em uma pasta, como as notas de serviços mecânicos efetuados ao longo dos anos e a autorização da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos para utilizar o rádio na época da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).


Assim que completou 18 anos, Ambrósio conseguiu, com a ajuda de seu pai, uma licença de aprendizagem, que era uma autorização do departamento de trânsito do Estado para conduzir um veículo antes de obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) definitiva – não concedido atualmente. No dia do exame prático, ele conseguiu com que a prova fosse feita no próprio Coupé Opera e não no Ford Prefect utilizado para esse fim. “Eu já estava acostumado a dirigir esse veículo. Ter conseguido a CNH com ele só fez com que o valor sentimental aumentasse.”

O automóvel foi utilizado por Ambrósio até 1972, quando ele passou a usar um Chevrolet Opala. O Coupé Opera ficou parado na garagem do médico por 15 anos. Então, voltou a circular por iniciativa de seus filhos. Um deles, o empresário José Paulo, providenciou reformas e revisões mecânicas.

Atualmente, o Coupé Opera tem outro papel além do nostálgico: ser o carro de casamentos. “Ele leva todas as noivas da família para a igreja”, ri. Ambrósio afirma que a manutenção do veículo não é difícil. Ou ele recorre à importação ou ao “arsenal” que possui em sua residência, composto por peças mecânicas e acessórios que compra em encontros de antigos. Há ainda itens adquiridos na década de 1960. “Tenho carburador e cárter guardados na caixa até hoje”, conta.


Entre os cuidados para garantir o bom funcionamento do carro estão carregar a bateria regularmente e dar uma volta com ele uma vez por semana. O motor 216 seis-cilindros rende aproximadamente 92 cv. O câmbio manual de três marchas fica na coluna de direção. O velocímetro marca a máxima de 150 km/h. “Mas nunca atingi essa velocidade, não. É preciso respeitar a mecânica dele.”

Entre os acessórios de época adquiridos ao longo do tempo por Ambrósio estão um ventilador à vácuo, um porta-cigarros e um protetor de estepe feito de carpete e veludo. Propostas para venda são frequentes, mas Ambrósio nem cogita a hipótese. Um dos motivos é poder contar com a ajuda de José Paulo para cuidar do automóvel.