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Dupla de Miura reforça laços de pai e filho
Carro do leitor

Dupla de Miura reforça laços de pai e filho

Carlos Eduardo e Rodrigo Amaral conservam duas unidades de 1989 do fora de série

22 de jun, 2014 · 8 minutos de leitura.

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 Dupla de Miura reforça laços de pai e filho
Miura X8 foi feito de 1987 a 1990 e usava mecânica VW - no de 1989, motor era o 2.0 do Santana

Crianças são como pequenos reis e influenciam quase todas as escolhas da família, inclusive a do carro. Aos 12 anos, Rodrigo Amaral se apaixonou pelo Miura e só sossegou quando seu pai, o auditor Carlos Eduardo Amaral, comprou o esportivo. Após quase três décadas, o administrador tem seu próprio X8, versão igual à do pai.

“Vi o carro no primeiro capítulo de ‘Rainha da Sucata’ e fiquei fascinado”, lembra Rodrigo. No folhetim, de 1990, Maria do Carmo, personagem de Regina Duarte, guiava um X8. “O Miura era muito caro. Celebridades como (o jogador) Renato Gaúcho desfilavam com ele.”

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De 1989, o X8 de Carlos Eduardo chegou à garagem dos Amaral em 1991, com 13 mil km. O investimento, de US$ 13 mil, foi recompensado pela euforia do pequeno Rodrigo. “Foi fantástico. Vi os faróis acesos pela janela e fiquei louco. Queria até dormir na garagem.”


Alguns anos depois, o patriarca passou a usar o carro para trabalhar. Mas o Miura, que é feito de fibra de vidro, não aguentou o tranco do dia a dia. Por isso, Carlos Eduardo resolveu comprar outro veículo e passar o fora de série adiante.

Ao circular por feiras de usados, pai e filho encontraram outros donos do modelo e acabaram mudando de ideia. “Vimos que todos tinham a mesma paixão e enfrentavam dificuldades para encontrar peças de reposição. Desistimos de vender o Miura e fundamos um clube dedicado ao carro”, diz Rodrigo.


Carlos Eduardo mandou reformar a pintura e o couro dos bancos. E passou a usar seu Miura apenas em eventos. Rodrigo, então com 24 anos, adquiriu um exemplar impecável do mesmo ano e cor do carro do pai.

“Eu o usei de 2002 até 2008, quando decidi fazer uma reforma nele”, diz o filho, que, além de restaurar a parte mecânica do Miura, resolveu repintá-lo de laranja. “Sempre quis ter um carro dessa cor e achei que o tom combinava com o X8. Aproveitei para trocar o revestimento de couro branco por outro, de tom caramelo”, conta.


LUXO
O X8 tem interior para lá de caprichado. Bancos, painel e teto, por exemplo, são revestidos de couro. “E o carpete é semelhante ao usado em residências, com 5 mm de espessura”, conta Rodrigo.

Além de ar-condicionado e direção hidráulica, há mimos como sistemas automáticos de acendimento dos faróis quando escurece e do fechamento dos vidros, além de computador de bordo. Este tem uma voz “robótica” que pede ao motorista para afivelar o cinto e completar o óleo do motor, entre outras instruções.

Assim como outros modelos fora de série, como MP Lafer e Santa Matilde, o Miura usa mecânica consagrada. O motor 2.0 (dianteiro) a álcool do X8 vem do Volkswagen Santana.


As peças de acabamento são difíceis de encontrar. “Só há réplicas”, diz Rodrigo. E reparos na carroceria têm de ser feitos por um especialista em fibra de vidro. “Há que viaje para outro Estado para consertar o carro.”

Por isso, os Amaral rodam pouco com seus Miura. O passeio preferido é o Curtindo a Estrada - vários carros saem da Capital nas manhãs de domingo e voltam às 12h. “Quando a estrada começa a encher, já estamos em casa”, diz Rodrigo. “Esse foi o carro que mais me marcou.”


Os dois carros serão herdados por Rafael, filho de Rodrigo. A história dos Amaral com o Miura está garantida.

FORA DE SÉRIE É INSPIRADO NO LAMBORGHINI URRACO


O Miura foi criado em 1975 por uma dupla de empresários do Rio Grande do Sul. O primeiro modelo foi mostrado no Salão do Automóvel de 1976 e chegou ao mercado no ano seguinte.

A carroceria é feita de fibra de vidro e as linhas são inspiradas nas do Urraco - o nome Miura também batizava um modelo da Lamborghini. Já a base mecânica, com motor VW 1.6 boxer, é igual à usada na Brasília.

Como os brasileiros não podiam comprar importados, o Miura fazia sucesso. Nos anos 80, a empresa chegou a exportá-lo e a vender 600 unidades por ano.


Mas, em 1990, a reabertura dos portos prenunciava o futuro do esportivo. Era o começo do fim do Miura.

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