
Thiago Lasco
O empresário Antonio Ginja cresceu em uma família que adora carros e aprendeu cedo a colocar a mão na massa. Ainda menino, fez modificações em seu buggy Fapinha e, aos 15 anos de idade, já estava reformando uma picape Ford F158 norte-americana. Seu mais recente brinquedo é de deixar adulto babando: um Ford Maverick 1974, que também recebeu um trato todo especial.
O modelo de Ginja é um quatro-portas, configuração menos frequente no Brasil que a cupê, já que não foi tão bem aceita pelo consumidor na época.
Não foi fácil encontrá-lo. O empresário chegou a “namorar” alguns exemplares antes, mas as negociações não vingaram. Quis o destino que o Maverick ideal aparecesse em uma oferta pela internet.
“Fiz a compra sem vê-lo ao vivo, por R$ 20 mil. O vendedor disse que pagaria o guincho do interior até a capital se eu fechasse negócio. Gostei do carro de imediato, mas ele era amarelo e chamava demais a atenção”, conta Ginja.
Não que isso fosse um problema: o novo dono colocou suas habilidades em ação e logo tratou de desmontar e refazer o brinquedo à sua maneira. A reforma levou quase cinco anos. “Não ficou um só parafuso no lugar”, garante.
Repaginado. O motor seis-cilindros deu lugar a um V8 e a cabine ganhou luxos como teto revestido de alcântara, bancos de couro, ar-condicionado e direção hidráulica. Uma bateria extra, de 160 ampères, foi instalada no porta-malas, para evitar problemas na hora da partida quando o motor passasse muito tempo sem uso.
Mão-aberta, Ginja não fez economia. “Só de freio e rodas foram R$ 23 mil. Por baixo, gastei uns R$ 120 mil nele, sem a mão de obra. Quem não é do ramo acha isso uma loucura.”
O tempero norte-americano ficou por conta das lanternas traseiras, as mesmas do Mercury Comet, primo do Maverick nos EUA. A cor amarela foi trocada por outra bem mais sofisticada. “Era para ter sido preta, mas os meus funcionários sugeriram o tom azul-marinho do BMW Série 7. Gostei da ideia e fui providenciar a tinta original, feita pela PPG.”
Ginja usa o carro em trechos curtos, até a padaria ou a escola onde a filha estuda. Já é o suficiente para roubar a cena. “Eu rodo com modelos Porsche e Aston Martin, mas meu Mavecão é mais chamativo que todos eles. Você chama atenção de motoqueiro a dono de Cayenne. Onde ele encosta, vem alguém olhar, brincar, perguntar.”
Se o visual do carro é poderoso, foi pela audição que o Maverick conquistou o dono. “O ronco do escapamento é o máximo. Sou apaixonado por esse barulho do motor”, derrete-se.
Apesar disso, o empresário já pensa em se desfazer do Mavecão. “O gostoso mesmo é fazer o carro. Depois que está pronto, perde a graça”, justifica.
Isso não quer dizer que Ginja tenha deixado de ser um fã incorrigível do modelo. “Quero restaurar outro Maverick, desta vez um duas-portas, e dar uma boa customizada nele”.