O engenheiro Evandro Fraga é um dos inúmeros fãs que o Monza deixou. E tem na garagem um trunfo de poucos admiradores do Chevrolet: um exemplar de 1989 da versão esportiva S/R que era feita no Brasil e exportada para a Venezuela.
Boa parte das peças era produzida aqui, inclusive o motor 2.0 a gasolina. Durante a montagem no país vizinho, iam sendo acrescentados itens de acabamento fabricados lá, como carpetes, bancos, rodas e vidros.
Entre as peculiaridades, o Monza venezuelano tem câmbio automático. Por outro lado, o modelo vinha sem relógio, espelhos elétricos e desembaçador do vidro traseiro – presentes na versão vendida no Brasil.
Fraga relembra do impacto que sentiu, quando ainda era um garoto de doze anos, ao saber do lançamento do Chevrolet. “Era um carro muito diferente, uma mistura de social com esportivo. Fiquei vidrado no desenho dele, por causa da frente em cunha e os faróis trapezoidais. Fiz meu pai comprar um, e depois ele teve outro exemplar.”
O engenheiro só foi ter um Monza para chamar de seu em 2010, depois de concluir o ensino superior, adquirir a casa própria e ter filhos. Era um hatch S/R 1988, da versão “brasileira”, que ficou pouco tempo com ele. “Depois que o carro saiu em uma revista, recebi uma oferta e o vendi. Mas me arrependi.”
No ano seguinte, um amigo o ajudou a encontrar o exemplar das fotos desta reportagem. “Quase não comprei o carro, por pura ignorância”, diz Fraga. “Fui vê-lo esperando encontrar bancos Recaro, como no S/R daqui. Ao constatar que eram de couro, pensei que haviam sido trocados. Após pesquisar e confirmar que eram originais do venezuelano, fechei negócio.”
CAPRICHO
Com 112 mil km rodados, o Monza de Fraga conserva saias, frisos, para-choques, aerofólio e tampão traseiro originais. O engenheiro mandou repintar a carroceria e trocar o couro dos assentos. “Eu mesmo o desmontei, separei e cataloguei cada peça e as guardei em caixinhas. Pus a mão na massa, e isso reforçou minha conexão com o carro.”
Apelidado de Hugo, em alusão ao falecido ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, o Chevrolet só circula aos sábados e domingos. O óleo e os filtros do motor são trocados a cada seis meses e a água do radiador, uma vez por ano.
“É um carro excepcional. Gosto da solidez e da suavidade dele, sem ruídos e vibrações. Mas é beberrão: faz apenas 6 km/l de gasolina na cidade e 10 na estrada”, diz o dono, que planeja fazer uma viagem especial.
“Meu sonho é descer com ele para o litoral e fazer uma reedição dos anos 80, quando eu andava a pé por Ubatuba e via aquela ‘playboyzada’ toda de Monza. Agora vou à forra.”