O Escort XR3 desta reportagem foi produzido em 1988 e é o xodó atual do dentista Gilberto Martines, mas está longe de ser o primeiro. Antes dele, vieram outros seis exemplares do conversível da Ford, além de dois da versão com capota fixa, que compõem uma história de amor iniciada em 1991.
“Eu comprava, usava um pouco e acabava tendo de vender. Primeiro foi o nascimento de meu filho, depois a reforma da minha casa. Um deles ficou comigo por apenas três dias”, conta Martines. “Vendi todos eles por necessidade – e sempre me arrependi depois.”
O XR3 atual surgiu na vida do dentista em agosto de 2016 em um anúncio na internet – na qual Martines está sempre de olho, mas sem afobação, pois sabe que não é fácil fazer um bom negócio. “Se o carro está bom, o vendedor ‘chuta’ o preço bem alto, e se está ruim é difícil encontrar peças para recuperar.”
Colocado à venda pelo segundo dono, o Ford estava íntegro, com motor, pintura e bancos originais. E o mais importante, segundo o dentista: não havia vestígio de colisão que tivesse afetado suas longarinas.
“Ele precisava apenas de um dono bom, não de uma restauração. Aliás, eu não gosto de nada restaurado. Para mim, um carro refeito não tem valor.”
E Martines soube ser esse dono bom: em menos de dois meses, trocou pneus, velas e bateria, pintou as rodas e regulou o motor do conversível. O toca-fitas, original de fábrica, foi substituído por um leitor de CDs e guardado com cuidado.
“Caso eu vá vender o XR3 algum dia, vou reinstalar o aparelho, pois isso valoriza o carro”, conta o dentista. “Se bem que, se eu tiver uma necessidade financeira, vou preferir vender meu carro de uso, um Volkswagen Santana 1996.”
Desde 2016, o dentista rodou somente 600 km com o Ford – mais por falta de tempo que por excesso de zelo, garante. Como gosta de manter a capota abaixada, ele prefere os fins de tarde ou as manhãs de domingo, para fugir do sol forte.
O charme do XR3
Para Martines, o XR3 não perdeu o charme. “Sou fã do painel, muito legal para a época, gosto da pegada do volante e acho o motor CHT 1.6 a álcool bem agradável”, enumera.
“Mas o que mais me prende ao carro é o visual. Quando chego em casa e vejo a traseira dele na garagem, me dá uma alegria! Adoro aquela traseira!”
Martines considera a safra de 1992 como a melhor do modelo. “Foi o último ano com a carroceria da primeira geração e o primeiro com direção hidráulica e capota elétrica. Se eu encontrar um 1992 na cor branca perolizada, compro na hora!”